Mudanças

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Joana liga o carro e segue em direção ao aeroporto. Eu não a travei, levava um misto de sentimentos, já nem sabia mais o que sentia, naquele momento só queria chegar para ver se a via.

J: Liga-lhe.

Diz Joana enquanto conduz a alta velocidade.

Liguei-lhe, chamava mas não atendeu. Enviei mensagem com um "Liga-me por favor, preciso falar contigo!" Nada de resposta dela até chegarmos ao aeroporto. Vimos os voos para Genebra, a gate era a 32 as 23h estava atrasado. Ainda não tinham começado a embarcar. Compro um bilhete para Lisboa (como nos filmes), entro para a zona de embarque e corro até perto da 32. Naquele momento vejo-a e abrando o passo. Ela vê-me, já estava de pé na fila para o embarque e para. Chego ao pé dela.

E: Mara, que estás aqui a fazer?

M: Não te posso deixar ir, não sem te dizer que estou apaixonada por ti. Eu estou apaixonada por ti. Não vás, fica comigo.

E: Mara, não estás a ser consciente nisso. Isso muda daqui a nada com o tempo e não posso perder esta oportunidade.

M: Não muda, eu nunca senti nada assim por ninguém, eu nunca quis ninguém como te quero a ti. Acredita em mim.

E: Queria tanto acreditar, mas não consigo. E neste momento, neste instante. Mas depois tu vais ver que não é nada disto que queres e vais deixar-me.

M: Eu não sei o que vai acontecer, assim como tu também não sabes, mas neste momento eu sei que nunca te vou deixar.

Pego-lhe nas mãos, aproximo-a de mim e beijo-a. As lágrimas corriam-lhe pela cara, as mãos termiam, ela olha para mim.

E: Eu estou apaixonada por ti. Não me sais da cabeça. Mas não consigo ter essa confiança. Não consigo alterar a minha vida e entrar de cabeça nisto. Não consigo perder esta oportunidade que tenho hoje por alguém que daqui a 1h se vai deitar com o namorado. Desculpa Mara.

Ouve-se nos altifalantes "ultima chamada para o voo de Genebra"

Olha-me nos olhos e diz:

E: Tenho de ir.

M: Não, não tens. Não vás.

Ela puxa a mão de mim, ajeita o saco. Olha-me fundo nos olhos.

E: Vou. E tu vais ver que é o melhor. Eu vou realizar um sonho, tu vais seguir com a tua vida e daqui a uns tempos vais-me dar razão. 

Eu não estava a acreditar naquilo, ela mesmo assim continuava a querer ir embora.

M: Não vás, não me partas o coração, por favor não me partas o coração.

Ela continua em direção a porta de embarque como se não me tivesse ouvido, sinto as minhas pernas a ficarem sem força e sento-me no banco, vejo-a entrar na porta de embarque e deslizo pelo banco até me sentar. Ela foi embora. Não sei quanto tempo estive ali, incrédula, completamente descompensada, arrasada, um pouco com esperança que ela voltasse para trás. Mas não voltou. Não voltou. Só me lembro de chegar a Joana que entretanto me deve ter visto lá de cima e foi comprar um bilhete para entrar ali. Estica-me a mão e diz:

J: Anda.

M: Não quero. Deixa-me.

J: Isto foi só uma batalha que perdeste. Tens de ir lutar doutra maneira.

M: Não, acabou tudo aqui. Não sei como vim atrás dela. Como atropelei o meu orgulho desta maneira. Ela já me tinha deixado e eu vim atrás dela iludida. Eu nunca corri atrás de ninguém e vim atrás dela para isto. Não quero lutar, não quero nada. Nunca mais a quero ver. Não quero saber mais dela. Não quero ouvir mais falar dela. Acabou.

Infinitos  (História Lésbica) -completa-Onde histórias criam vida. Descubra agora