Sem fôlego

313 10 0
                                    



Acordei com o despertador meia atordoada, meu pensamento estava a mil à hora, estava atrasada, tinha muito trabalho, no caminho para o trabalho vi que tinha mensagem da Ema que dava o local onde no final da tarde nos imos encontrar. Um motel a meio caminho.

Não tinha assimilado tudo ainda, não respondi, senti o coração a bater mais depressa, engoli em seco, fui para o trabalho.

Durante o dia desejei que o tempo passasse depressa para estar duma vez com ela, desejei que o tempo passasse devagar com medo de estar com ela, dei comigo a sorrir ao imagina-la frente a mim, dei comigo a arrepiar-me ao imaginar ela a beijar-me o pescoço, dei por mim a achar que estava maluca e que o melhor era ir para casa, tomar um banho de água fria e esperar que este desejo todo passasse.

Quanto menos tempo faltava para as 18h mais ansiosa eu ficava, estava uma pilha de nervos. Não estava bem, não conseguia respirar direito sequer. Mandei mensagem ao Renato a dizer que tinha de ficar a trabalhar até mais tarde, que estava a ficar sem bateria para não estranhar caso não respondesse. Ele disse ok, que me deixava o comer antes de sair para o treino.

Quando chegaram as 18h fiquei estática. Ia mesmo encontrar-me com ela? Não. Não podia, não conseguia, era demasiada pressão, parecia que o meu peito ia explodir. Nesse momento com a decisão de que não me ia encontrar com ela fiquei mais calma, comecei a respirar melhor, estava decidida. Sai a caminho do carro a pensar na desculpa que lhe vou dar. Assim que entro no carro e pego no telemóvel percebi que não conseguia dar-lhe desculpa nenhuma... não por ela, mas porque eu não queria. Sigo em direção ao Porto, com a certeza de que o vontade de a ver era maior que o medo de vê-la.

O dia tinha passado sem eu ter falado com ela. Muito trabalho e um misto de sentimentos em mim não me deixaram falar com ela. Na viagem comecei a pensar que ia mesmo fazer aquilo. Eu sabia perfeitamente que não era para falarmos que nos imos encontrar, sabia perfeitamente que era para sexo que imos nos encontrar... eu ia trair o Renato... não sem querer como domingo, mas programado. Verdade é que tinha pouco sentimento de culpa ou nenhum por isso. Eu queria demais estar com ela e só isso gastava todas as minhas energias, não me deixava eu ter qualquer outro foco em ações corretas ou não.

Chego ao motel, sigo os números, vejo a porta 52, já esta a escurecer por causas das nuvens e chove. Vejo que o carro dela não esta ainda, mas não consegui estar no carro, precisava de ar, saio e encosto-me ao carro. Entretanto, Ema chega, estaciona no lado oposto ao meu, sai do carro, diz:

E: Estás-te a molhar, anda para este coberto.

Sobe as escadas, abre a porta do quarto, percebe que eu não me mexi do sitio. Fica a entrada da porta sem entrar, mas não me chama. Não diz nada. Naquele momento eu soube que ela tinha tanto medo como eu, e que se eu não fosse ela ia perceber porque de certeza ela pensou o mesmo. Corro em direção as escadas, a chegada a porta, fixo os meus olhos nos dela e esqueci tudo o resto. Já não sabia quais os motivos que tinha para não estar ali porque estar ali era tudo o que eu queria.

Ao entrar a porta beijo-a, ela abraça-me como se já não me visse a anos, entre beijos e carinhos o meu corpo e espírito começam a ser tomados por uma paz anestesiante, sabia tão bem estar nos braços dela. Ela diz-me ao ouvido:

E: Tenho de me ir passar por aguá, estou com um cheiro a tribunal que odeio. Ok?

Afasta-se sem eu lhe responder, vai em direção a casa de banho, eu dou uma vista de olhos geral pelo quarto, acolhedor, confortável. Ela pergunta de lá se quero beber algo, volto a não responder. Ela vem a porta da casa de banho e pergunta:

Infinitos  (História Lésbica) -completa-Onde histórias criam vida. Descubra agora