| Emmanuelle
Respiro fundo encarando meu reflexo no espelho. Consigo ouvir as batidas ensurdecedoras do meu coração bombeando meu sangue em minhas veias.
Em um impulso, acabo dando um soco no espelho, fazendo o mesmo quebrar em vários pedaços, deixando minha mão com leves cortes, mas eu não me importo.
Tudo o que eu quero no momento é bater em algo, sinto como se pudesse matar alguém. A raiva está me consumindo. E eu nem se quer tenho motivos para estar dessa forma, apenas estou... E eu não gosto disso. Tenho medo.
Tenho medo de um dia perder o controle por completo. As pessoas sabem que sou mais irritada que o normal, mas elas não sabem o que eu sinto quando tenho esses 'ataques'. Ninguém sabe. E eu prefiro que continue assim.
| Anna
Eu - Você está exagerando Callie. - reviro os olhos.
Callie - Não estou não, você está estranha desde que trombou com o garoto misterioso na escola. E você sabe que eu estou certa. Então me conta, o que aconteceu?
Eu - Tudo bem. - olhei para os lados pra ter certeza de que ninguém estava ouvindo. - Você tem razão, alguma coisa aconteceu, mas eu não sei o que é.
Callie - Orgasmo instantâneo?
Eu - O que? - perguntei confusa.
Callie - Ele era muito bonito. - encolheu os ombros.
Eu - Não tem nada haver com isso. Quando eu toquei na mão dele eu vi alguma coisa. - sussurrei e Callie começou a rir. - Que foi?
Callie - Você fumou alguma coisa?
Eu - É sério. Eu vi pessoas ensanguentadas e senti alguma coisa sombria.
Callie - Sombria?
Eu - Morte. Eu senti a morte. E ainda estou com um pressentimento de que coisas ruins estão vindo. Dor, sofrimento, desespero...
Callie - Certo. Sem mais bebidas pra você. - pegou o copo com cerveja da minha mão.
Eu - Viu? É por isso que eu nunca te conto nada. Você nunca me leva a sério. Onde está a Manu em? - perguntei olhando pra todos que estavam na festa.
Callie - Anna me desculpa, mas é difícil pra mim acreditar em uma coisa assim.
Eu - Que seja, eu vou procurar a Manu. - começo a andar para longe dela.
Fui passando por entre as pessoas bêbadas a procura de Manu, quando ouvi um barulho estranho vindo de dentro da casa de campo. Como se fosse vidro quebrando.
Olho para os lados tentando ver se mais alguém ouviu, mas parece que apenas eu ouvi. Respiro fundo antes de entrar na casa. Tem algumas pessoas aqui dentro, mas a maioria delas só estão aqui para se beijarem, entre outras coisas. Talvez tenha sido isso. Jovens desesperados por sexo que não perceberam e acabaram quebrando alguma coisa.
Reviro os olhos, me virando para sair de dentro da casa, quando vejo alguém inesperado. O garoto misterioso descendo a escada. Arregalo meus olhos, começando a andar pro lado contrário do dele. Eu não posso tocar nele. Não posso sentir aquilo novamente. É horrível e eu tenho certeza que terei pesadelos por dias por culpa dessas imagens na minha cabeça.
| Emmanuelle
Callie - O que aconteceu com sua mão? - pergunta assustada.
Eu - Eu escorreguei e caí em cima de uma garrafa. - tento mentir e ela me olha desconfiada.
Callie - Você bateu em alguém, não foi?