| Anna
Manu - Bruxa? - ela pergunta rindo.
Eu - Sim, agora ela não para mais com isso. Minha mãe parece ter muita certeza do que está falando.
Manu - Então você é uma bruxa agora?
Eu - Ela disse que eu sempre fui, mas preferiu esperar para contar. Por algum motivo ela tinha medo de que eu soubesse antes. - paro em frente ao meu armário.
Manu - Eu queria ser bruxa, assim poderia usar os meus poderes pra te convencer a ir na festa na fogueira.
Eu - Manu eu já disse que não posso.
Manu - Você tem que ir! É a tradição.
Eu - Parece que... - paro de falar quando um rapaz loiro aparece no corredor.
Ele não parecia um aluno, muito menos um professor. Sua maneira rápida de andar e seu maxilar endurecido só mostram que ele parece estar tendo um péssimo dia. Seus olhos estão fixados no chão, provavelmente ele está pensando em algo. Algo que está o deixando enraivecido.
De repente seus olhos viram para os meus e rapidamente eu desvio o olhar, olhando para meu armário. Assim que ele passa por mim, me certifico que ele não está olhando para olhar novamente, vendo ele sumir no meio dos alunos. Eu não sei o que aconteceu, mas de repente ficou muito curiosa em relação a ele.
Manu - Mundo chamando Anna! - diz batendo palmas em frente ao meu rosto. - Desde quando você encara garotos desse jeito?
Eu - O que? Eu não encarei!
Manu - Só faltou você sair andando atrás dele, como uma idiota hipnotizada.
Eu - Pare de mentir, eu só estava... Você sabe, vendo se poderia ser um aluno novo.
Manu - As vezes você é tão boba. - fala rindo. - Mas voltando ao assunto principal, você tem que ir na festa.
Eu - Você não vai desistir não é mesmo?
Manu - Não. Como sua melhor amiga, minha missão é te fazer esquecer o babaca do seu ex namorado.
Eu - Por favor, não vamos falar do Ben agora.
Manu - Prometo não falar mais nele se você disser que vai na festa.
Eu - Você é tão chata, sabia disso?
Manu - Mais tarde você vai me agradecer.
Callie - As aulas mal começaram e eu já quero dar na cara da Lyndsey Jackmon. - para ao meu lado, bufando.
Manu - Você tem que respirar fundo e se acalmar! - diz, me fazendo rir. - Qual é a graça?
Eu - Todas sabemos que você não está muito a altura para falar sobre controle de raiva. - digo e Callie concorda.
Manu - O que? Eu sou totalmente controlada.
Callie - Você deu um soco na cara da Audrey Parker porque ela falou mal do seu cabelo. - fala rindo, me fazendo rir também.
Manu - A voz dela é irritante. Eu não sou a única que acha isso.
Eu - Não vamos esquecer do dia em que você quase quebrou o braço do Ben... Com uma cadeira.
Manu - Tá bom! Eu admito que as vezes eu tenho pequenos ataques de raiva.
Callie - Pequenos? Você surta completamente! Fica fora de si. É sério você já pensou em procurar um terapeuta?
Manu - Cala a boca! - empurra Callie levemente, enquanto a mesma está rindo. - Eu sou a mais normal daqui.
Eu - É? - pergunto rindo.
Manu - É sim, bruxa da família!
Callie - Sua mãe ainda está insistindo nessa coisa de bruxa?
Eu - Está. Disse até que em breve iríamos começar com as aulas de feitiços.
Callie - Peça pra ela te ensinar um feitiço de salto no tempo, adoraria não ter que fazer aula de educação física. - diz choramingando, nos fazendo rir.
Eu - Um pouco de exercícios físicos não vão te matar.
Callie - Ter que correr como uma condenada, ficar suada e depois usar aqueles chuveiros da escola? Acredite, um dia isso vai me matar.
Eu - Não que eu não esteja gostando de ouvir os exageros de Calliope Fell, mas eu preciso ir. Minha primeira aula é nas novas salas que ficam literalmente do outro lado da escola, não preciso chegar atrasada no primeiro dia. - digo me afastando delas.
Callie - Tudo bem. Te encontro na aula de biologia.
Me viro para começar a andar, mas acabo trombando com alguém. Me afasto já me preparando para pedir desculpas, mas perco as palavras quando vejo o garoto de agora pouco me encarando. Seus olhos cor de mel estavam nos meus azuis.
Ele parecia confuso e curioso. O que só me deixou confusa e curiosa também. Por que ele está me encarando tanto? Será que estou com o batom borrado?
Ele desvia o olhar indo diretamente para o chão. Sigo com os olhos e vejo que derrubei um dos meus livros. Como eu não percebi?
Eu - Me desculpe, sou muito desastrada. - digo quando o vejo abaixando e pegando meu livro.
X - Tudo bem. A culpa foi minha. - estende a mão para me entregar o livro.
Eu - Eu tenho certeza que a culpa foi... - paro de falar assim que toco por acidente em sua mão.
Sinto uma tontura forte e de repente várias imagens vem em minha visão. Pessoas cheias de sangue, desesperadas. Uma sensação ruim invadiu todo meu corpo, me fazendo afastar rapidamente de sua mão. Isso não é possível.
Essa sensação, era como de fosse... morte? Não, não pode ser, ele não morreu. Está vivo, bem na minha frente. Me olhando confuso, ainda segurando meu livro.
O que é que acabou de acontecer?
Eu - Me desculpe. - balanço minha cabeça, pegando meu livro de sua mão, andando rapidamente para bem longe.