Capitulo 15

231 46 21
                                    


Os dois lobos acenaram com as cabeças e afastaram-se do seu líder. Este voltou novamente o seu olhar para a meia raposa à sua frente, que continuava com a cabeça baixa.

- Algum problema? - perguntou o lobo branco com patas pretas com a voz num tom um pouco ríspido.

- Não... - respondeu Sora levantando lentamente a cabeça para fitar o lobo branco com os seus olhos azuis céu - Por quanto tempo vou ter que ficar aqui?

- O tempo que for necessário! - rosnou Kioushiro num tom rude.

- Não me podes manter aqui presa! - rosnou Sora no mesmo tom mostrando-lhe os caninos.

- Estás a sofrer as consequências por teres entrado no meu território! - exclamou o líder elevando a cauda, mostrando levemente os dentes.

- Eu fui arrastada até aqui! Não me podes castigar por uma coisa que eu não fiz! - rosnou a meia raposa virando-lhe as costas, indo para a pedra onde costumava dormir. Kioushiro suspirou frustrado e arranhou o solo com as suas garras, deixando algumas marcas.

- Não vale a pena magoares quem não tem culpa - falou uma voz rouca, aproximando-se do lobo branco com patas pretas - Isso não vai fazer com que te sintas melhor.

- Ao que se refere?! - rosnou Kioushiro ainda com as garras para fora.

- Olha para as marcas que deixaste com as tuas garras - disse Smith apontando com o seu focinho para o solo - Se continuares vais acabar por fazer uma cicatriz que não tem cura.

Ao dizer isto, o lobo mais velho continuou o caminho para a sua gruta, sem dar tempo a Kioushiro para responder. Este, por sua vez, entrou para a caverna, preparando-se para dormir.

" Estava tudo escuro, Kioushiro sentia-se sozinho naquela imensa escuridão e, para piorar começou a soprar um vento gélido que fez com que os seus pêlos ficassem arrepiados. Começou a ouvir várias vozes mas não as conseguia destingir, algumas delas pareciam más, porém não dava para perceber o que diziam. O lobo branco com patas pretas começou a ficar desesperado e olhou à sua volta, numa tentativa de procurar um caminho de fuga. As vozes começaram a ficar mais altas, mas ainda não dava para perceber o que diziam, até que o vulto de um lobo quase transparente apareceu e fez com que as vozes desaparecessem. Kioushiro voltou o seu olhar para aquele tipo de lobo espírito e não acreditou no que viu.

- Raika? - murmurou o lobo branco com patas pretas - És mesmo tu?

- Sim, Kioushiro - começou o espírito a falar, a sua voz agora parecia diferente, estava mais calma e angelical do que já era em vida - Sou mesmo eu... Agora já não posso dizer o mesmo de ti.

- O que queres dizer com isso, Maninha? - perguntou Kioushiro confuso, dando um passo para frente na tentativa de se aproximar da irmã.

- Mudaste muito... - falou Raika baixando as suas orelhas, que antes eram pretas e que agora são quase transparentes.

- Tenho razões para isso - disse o lobo branco continuando a olhar para a irmã.

- Estás muito enganado - começou a loba - Não tens razões para estares assim. Só vais afastar quem gosta de ti e magoares quem não merece.

- Achas que isso importa? - rosnou Kioushiro com lágrimas nos olhos - Quem realmente me importava morreu à minha frente para me salvar. Ainda achas que não tenho razões para estar assim?

- Eu sei que é difícil...

- Aquele lobo sarnento vais pagá-las! - exclamou Kioushiro num rosnado - Eu mesmo vou fazer justiça com os meus caninos!

- Kioushiro... Matares quem me fez mal não vai fazer com que eu volte - disse Raika calmamente - Não faças nada disso, não sabes o que eu sei... Por favor, Mano - implorou a loba vendo o irmão baixar a cabeça.

- Sinto a tua falta, Raika - disse o lobo branco baixando as orelhas e a cauda, o que não era muito normal de se ver.

- Também sinto a tua... Não estás sozinho, eu posso não estar contigo mas há quem esteja - falou Raika desaparecendo - Confia em mim, há sempre uma Luz na Escuridão...

- Raika! - exclamou Kioushiro vendo que a irmã se estava a afastar - Raika! Não me abandones! Raika! Por favor..."

O lobo branco com patas pretas abriu os olhos um pouco confuso e com a respiração acelerada, olhou para os lados na esperança de encontrar a irmã e que aquilo não fosse apenas um sonho. Infelizmente não passava de uma ilusão da sua cabeça, mesmo que parecesse real, não era.

- Raika... - murmuro ele olhando para o sol que já estava a nascer - Sinto muito a tua falta.

Espírito Branco 2 - Ventos UivantesOnde histórias criam vida. Descubra agora