Espírito Branco 2 - Ventos Uivantes

Capítulo 23

Lia ainda tentou fugir, voando, mas um dos lobos que ali estavam apanhou-a em pleno voo, prendendo-a entre os dentes. Os dois restantes agarram na raposa, um no pescoço e outro na parte da barriga.

- Parece que não vais durar durante muito mais tempo - falou o lobo do inicio, começando a andar com os restantes, apertando o pescoço de Isis entre os seus dentes.

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Os ramos das árvores começavam a ficar vazios, as suas folhas já secas e de diferentes cores, acumulavam-se no solo numa extensão de vários kilometros. Era cada vez mais difícil achar o que caçar, as várias manadas de animais começaram a sua migração para um lugar mais quente, mas ainda havia, espalhados por ai, alguns veados solitários, a maioria eram jovens que tinham sido expulsos por tentarem desafiar o seu líder.

O facto de o solo estar coberto por folhas secas, também dificultava a vida dos predadores. Quanto mais próximos estavam a presa mais cuidado tinham que ter para não acabar por pisar uma folha seca ou algum ramo e estragar a caçada toda.

Cinco lobos jovens procuravam algo que pudesse servir de alimento nas redondezas. Cada passo que davam, fazia com que as folhas que jaziam no chão estalassem, produzindo um ruído que era suficiente para que qualquer animal ficassem em alerta.

- Façam pouco barulho ou vamos espantar as presas todas, e não comemos nada nos próximos meses - falou uma loba avermelhada desviando com cuidado as folhas do seu caminho.

- É impossível fazer pouco barulho com o chão coberto de folhas e ramos secos - disse uma loba cinzenta.

- Onde vamos encontrar presas? - perguntou um lobo cinzento escuro - Acho que espantamos todas para fora do território da nossa alcateia.

- Isso não é verdade, Alex... - sussurrou um lobo castanho com manchas brancas - Olha ali.

O jovem lobo cinzento escuro virou a cabeça na direção em que o irmão estava a apontar e viu que, ali perto, estava um pequeno grupo de coelhos.

- Finalmente! - exclamou um lobo com a pelagem clara - Agora tentem fazer pouco barulho.

- Mas como vamos apanhar os coelhos? - questionou a loba cinzenta - Já se percebeu que não somos muito bons caçadores.

- Judy! Faz pouco barulho, os coelhos têm muito boa audição - disse uma loba avermelhada colocando-se em posição de caça, baixando-se.

- Devíamos ter pedido a um adulto para vir... - falou um lobo castanho com manchas brancas.

- Temos que começar a caçar sozinhos, Toby - disse Alex aproximando-se do irmão - Não podemos estar sempre dependentes dos mais velhos.

- Vamos ao mais importante... Como vamos caçar estes peludos? - questionou Judy olhando para os coelhos, que continuavam distraídos à procura de alguma coisa para comer entre as folhas secas.

- Não podemos ir todos ao mesmo tempo - sugeriu um lobo com a pelagem clara.

- O Aron tem razão... - começou a loba cinzenta - É melhor separarmos-nos em grupos.

- O que podemos fazer, é que uns caçam agora e outros caçam mais tarde... Porque grupos destes não há por todo o lado - explicou a loba avermelhada continuando em posição de caça.

- Nesse caso eu caço agora! - exclamou Judy saltitando até ao lado de Amora.

As duas lobas jovens prepararam-se, cada uma escolheu a sua presa e foram aproximando-se o mais possível tentando não fazer qualquer ruído que assustasse os coelhos e estragasse a caçada. A primeira a atacar a sua presa foi Judy, que com uma mordida no pescoço, matou o coelho assim que o apanhou. A loba avermelhada não teve tanta sorte, quando saltou com mira na presa que tinha escolhido, a mesma conseguiu escapar. Mas logo, Amora apanhou outro coelho que se tinha assustado assim como os outros, e estava a correr para se salvar.

Judy e Amora voltaram para ao pé dos amigos com os coelhos pendurados na boca. Assim que chegaram pousaram-nos no chão e olharam à sua volta.

- Bom trabalho - disse Alex - Mas no máximo só vai alimentar dois lobos.

- É melhor encontrarmos outro grupo e caçar mais alguma coisa - sugeriu Aron, olhando para além das árvores.

- Dissemos que não voltávamos muito tarde - lembrou Amora pegando no seu coelho.

- É verdade, mas é por uma boa causa - disse Judy também pegando no seu coelho e seguindo os irmãos e Aron, com a loba avermelhada ao seu lado.

Os jovens atravessaram a floresta à procura de algum sinal de um animal que pudesse alimentar melhor a sua alcateia, mas a única coisa que viam eram árvores sem folhas.

- Vamos voltar - disse Judy ofegante - Estamos muito perto da fronteira e sei de alguém que não vai ficar nada contente se souber disto.

- O Kioushiro não tem como saber... Ele não está em todo o lado - disse o lobo cinzento escuro.

- Mesmo assim, não acho que seja boa ideia... - falou uma voz, vinda de trás dos jovens.