Capítulo 38

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- Obrigada, Kioushiro... - falou Sora esfregando a sua cabeça no pêlo branco do lobo à sua frente. Em forma de carinho, Kioushiro deu uma lambidela na testa da meia raposa e voltou a colocar a sua cabeça onde estava inicialmente.

De uma coisa tinha a certeza, depois daquela conversa, sabia que Sora era mais frágil do que parecia e que havia muita coisa por trás disso para fazer com que ela tentasse mostrar o contrário.

Quatro dias se passaram e ainda não havia sinal da pequena lobo avermelhada, a sua progenitora estava cada vez mais preocupada por não saber o que tinha acontecido. Ao inicio pensavam que Amora só precisava de um tempo sozinha e que depois acabaria por voltar, mas os dias foram passando e nada dela aparecer.

Micaya permanecia da companhia de Kira, que de alguma forma tentava fazer com que ela ficasse mais calma. Não é fácil para nenhuma mãe passar por uma coisa daquelas, a verdade era essa.

- Lamento, Kioushiro... - falou um lobo cinzento escuro acompanhado por mais três, que o tinham ajudado a procurar - Não encontramos sinal dela em lado nenhum.

- Certo, Jerome - o lobo branco soltou um longo suspiro fazendo com que uma pequena nuvem se formasse à sua frente devido à sua respiração - Tentamos procurá-la amanhã, talvez ela não queira ser encontrada. Podem ir.

Rapidamente os lobos que ali estavam se afastaram, indo para as suas respectivas cavernas. Aquele inverno não estava a ser nada fácil, era um dos mais rigorosos que os lobos daquela alcateia estavam a passar.

- Achas que devemos desistir? - perguntou um lobo cinzento aproximando-se, ele também estava entre os que tinham ido à procura de Amora - Já se passou algum tempo, e com este frio... A Amora não iria conseguir...

- Não, Cinza! Não devemos desistir! - exclamou Kioushiro olhando para o lobo cinzento - Eu acredito que ela ainda está viva. E mesmo que não esteja, não devemos desistir. Se fosse o Aron que tivesse desaparecido o que fazias? Desistias de o procurar por pensares que ele já estava morto?

- Não... - murmurou Cinza, era verdade se fosse a sua cria a estar desaparecida ele também não iria desistir até a encontrar, estivesse ela viva ou morta.

- Foi o que pensei... - falou o lobo branco com patas pretas afastando-se lentamente. Ao chegar à sua caverna, sentou-se a observar a sua alcateia. Ainda era muito cedo, o sol começava agora a dar sinais de estar a nascer, pois os seus raios começaram a bater no imenso manto de neve que se prolongava até onde a vista alcançava.

Poucos lobos estavam acordados àquelas horas, a maioria ainda dormia no conforto das suas grutas. A meia raposa era uma delas, permanecia deitada com a sua cauda peluda à frente dos seus rosto, parecendo uma pequena bola alaranjada.

Já cansado de estar ali a olhar sem fazer nada, Kioushiro decidiu entrar para ver se a meia raposa estava acordada. Mas ela ainda dormia profundamente, como se nada a pudesse acordar. O lobo branco com patas pretas sentou-se próximo dela para a observar, Sora parecia tranquila, talvez o sono fosse a única coisa que a fizesse esquecer tudo o que se passava.

Kioushiro começou a pensar nisso enquanto olhava para ela, será que a meia raposa não tinha saudades da sua casa? Ou será que a família ainda não tinha sentido a sua falta?

Um pouco desiludido consigo mesmo, o lobo branco percebeu que ainda a estava a manter como prisioneira. Mas algo naquele momento impedia Kioushiro de a mandar embora.

- Kioushiro? - quando o lobo branco com patas pretas olhou, viu que a meia raposa estava a olhar confusa para si - Algum problema?

- Não, nenhum... - falou Kioushiro levantando-se - Desculpa se te acordei.

Espírito Branco 2 - Ventos UivantesOnde histórias criam vida. Descubra agora