Capítulo 20

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A escuridão era visível em todo o lado, os lobos da alcateia da Kioushiro, estavam nas suas tocas a descansar. A clareira estava em completo sossego, quando um vulto do que parecia ser um lobo jovem, a atravessa, saindo para a floresta. O animal atravessou as árvores, mesmo estando com um pouco assustado não recuou, tinha ouvido o chamado do seu progenitor e não perdeu tempo em ir ter com ele. Depois de muito andar, avistou dois vultos ao longe, um parecia ser do seu progenitor e outro, não conhecia, e o odor também lhe era desconhecido.

- Finalmente! Porque demoraste tanto? - falou um lobo mais velho.

- Não queria acordar ninguém - respondeu o mais novo, baixando as orelhas - Quem é, pai? - perguntou, quando desviou o olhar para um lobo branco que estava ao lado do seu progenitor.

- Ainda não falaste de mim à tua filha? - perguntou o desconhecido num tom irónico.

- Nem pretendia! - exclamou o outro lobo mostrando levemente os dentes, olhando em seguida para a sua cria - Não interessa saber quem ele é, Amora...

A jovem loba observou melhor aquele estranho que estava ali, viu que o pêlo dele era completamente branco, mas nada nele lhe era familiar, então porque o seu pai estava ali com ele.

- Ele não é deste território, pois não? - perguntou Amora.

- Fazes muitas perguntas, cria de lobo - rosnou o desconhecido mostrando os dentes para a mais nova, dando um passo em direção a ela.

- Nem penses! - rosnou um lobo avermelhado entrando na frente - Prometeste que não lhe fazias mal! E se fizeres quem trata de ti sou eu!

- Calma paizinho, relaxa - falou o lobo branco recuando um pouco - A tua cria não vai ter problemas se ficar calada.

Amora baixou as orelhas e colocou a sua cauda entre as pernas... Onde é o seu pai a tinha metido desta vez? E o mais importante, qual era a relação dele com aquele lobo que provavelmente era de outra alcateia.

- O que faz ele aqui? - sussurrou ela para o seu progenitor.

- Ninguém vos manda abrigar aqui uma raposa, não é? - disse o lobo branco lambendo uma pata, e logo em seguida, olhando para a jovem.

- Não fomos nós, foi o Kioushiro! - rosnou o lobo avermelhado sem sair de perto da sua cria, dava para sentir o odor de medo dela.

- Já devia saber - murmurou o desconhecido, alto o suficiente para que os lobos avermelhados conseguissem ouvir - Podem ir. Quando for necessário falo contigo, Ryan.

- É bom que cumpras o que prometeste! - exclamou Ryan mostrando os dentes para o lobo branco.

- Claro... - falou o lobo branco enquanto se afastava - Normalmente faço os possíveis para cumprir as promessas...

Assim que acabou de falar, o lobo desconhecido desapareceu na escuridão da floresta sem se ouvir mais nada. Confusa e assustada, a jovem Amora voltou para a alcateia, juntamente com o seu progenitor, sem falar uma palavra.

- Não podes falar disto a ninguém, entendido? - perguntou Ryan sem obter qualquer resposta por parte da jovem - Entendido, Amora?

- Sim, pai... - respondeu a loba avermelhada baixando as orelhas - Mas o que se passa?

- Não interessa... Apenas não fales sobre este assunto - disse Ryan dando uma lambidela na cabeça da sua cria, e em seguida, afastando-se. A jovem loba suspirou e voltou para a sua caverna para, pelo menos, dormir um pouco.

* * * * * * * * * * *

O predador escolhia a presa ideal para lhe conseguir matar a fome, com os arbustos a servir de esconderijo. As noites que passava ao relento eram cada vez mais difíceis de suportar, o frio já se sentia muito bem e mesmo com uma pelagem espessa, não ajudava muito nesse aspecto.

O animal que estava escondido, observava atentamente o seu companheiro durante a caçada. Tinham decidido ir para ali, para aperfeiçoarem as técnicas de caça e talvez para aprender mais alguma coisa.

- Quase conseguiste! - exclamou o animal saindo dos arbustos.

- Nunca vou conseguir caçar... Se alguma vez ficar sozinha vou morrer à fome! - falou o outro aproximando-se com a língua de fora, parecia que estava muito cansado devido à corrida que tivera atrás de um simples veado.

- Não penses assim, Amora - falou o que estava a observar - Vais conseguir, tens é que praticar mais um pouco.

- Vou tentar... - suspirou a loba avermelhada baixando a cabeça, estava cansada, não tinha conseguido dormir nada a noite passada. Os seus pensamentos estavam todos naquele lobo branco assustador e no seu pai.

- Sora! - exclamou uma voz aproximando-se - Os veados foram para aquele lado.

- Certo... - falou a meia raposa olhando para cima - Vamos já, Lia.

- Perfeito... Consegui fazer com que eles se fossem embora... - resmungou Amora.

- Não foi nada de grave - disse Sora tentando tranquilizar a jovem - Vai com a Lia, ela ajuda-te.

Amora acenou com a cabeça e começou a seguir a ave, com Sora logo atrás. A meia raposa tinha reencontrado a sua amiga na parte da manhã e desde ai que estavam a tentar caçar as três. Quando estavam muito próximas aos veados, a jovem loba escondeu-se atrás de um tronco de árvore caído, tendo uma boa visão do bando de veados que estava a pensar em atacar. Por cima da sua cabeça, Lia dava-lhe instruções sobre o que fazer e como fazer, já que o ângulo de visão dela era melhor.

A meia raposa, por sua vez, sentou-se afastada apenas para observar. Estava a começar a ficar com fome, aquela caçada já durava desde manhã bem cedo e até agora não tinha conseguido apanhar nada. A sua barriga começou a roncar, Sora deitou-se na tentativa de a fazer parar e, para além disso, estava a começar a ficar com sono. Sem aviso, os seus olhos começaram a fechar, acabando por adormecer.

- Sora! - exclamou uma voz distante.


O que acharam do capítulo? Ficou bom? ^^

Espírito Branco 2 - Ventos UivantesOnde histórias criam vida. Descubra agora