Acordei assustado e percebi o suor escorrendo pela minha testa. Levantei a cabeça e olhei para o meu despertador, 4:30h da manhã. Respirei fundo e tentei esquecer o terrível pesadelo que me fez acordar. Andei até o banheiro ao lado do meu quarto e joguei água gelada em meu rosto. Ainda molhado, me olhei no espelho e me senti fora de si por um segundo. Como se eu estivesse em constante confusão não sabendo o que fazer. O que aconteceu noite passada? Eu e Meg nos beijamos? O flash de seu rosto corado e de seus lábios macios se repetiam em minha mente. Joguei mais água na cara e dessa vez fui secar com a toalha. Apaguei a luz e voltei para o meu quarto caindo com tudo na cama. Me enrolei no lençol que antes estava jogado no chão tentando dormir, mas sempre vem aqueles pensamentos antes de você cair no sono.
Eu gostei de beijar Meg. Gostei mesmo. Mas ela é minha melhor amiga. Não sou apaixonado por ela ou coisa assim, não sinto "borboletas" em meu estômago quando vou falar com ela igual sinto com Vee. Não sei nem explicar o que sinto por Vee, é um turbilhão de sentimentos que me corroem de uma só vez, e com Meg é diferente, sinto com ela uma calmaria, como um abraço quente e reconfortante no meio de um tornado.
(...)
Acordo finalmente no horário certo de todos os dias e me dou conta que é domingo. Eu poderia dormir mais e deixar tudo pra lá, mas uma coisa que não to sabendo o que é, é sono.
O dia passa lentamente depois que minha mãe pede para acompanhá-la até o shopping para comprar um presente de aniversário para a minha tia. Olhamos de tudo. Ficamos pelo menos umas 5h no shopping procurando algo, para no final, comprar um abajur para enfeitar o novo apartamento dela.
Finalmente em casa e já está na hora de dormir. E assim faço por causa do cansaço. Vou para a minha cama e os pensamentos invadem minha cabeça novamente. Não falei com Meg e nem ela comigo o dia inteiro. Estamos em uma situação bem estranha agora e acho que ela deve estar pior do que eu. Penso em deixar as coisas como estão, assim esquecemos e voltamos ao normal como sempre esteve.
(...)
Estou indo para a sala de álgebra avançada com Scott e ele está se achando porque tocou no bar de Carl sábado.
_Cara...depois naquela festa fiquei com três garotas diferentes. -arregalo os olhos rindo e ele continua convencido. -Eu sou o dono do pedaço. -ele acaba de falar isso e pisca para uma garota que estava passando pelo corredor e a mesma fica confusa o ignorando.
_Com certeza Scott. -falo ironicamente e o mesmo sorri ainda convencido.
_E você "garanhão", beijou a boca de alguém? -tento parecer o mais normal possível com a pergunta e falo que não.
_Eu não estava a fim de beijar ninguém. -falo sério e ele concorda já percebendo meu estado. -Tchau cara, minha aula. -a gente bate a mão uma na outra e nos afastamos.
Escuto o conceito de funções e gráficos positivos e negativos, mas na verdade, nem estou prestando muita atenção. Rabisco algumas coisas em meu caderno e olho pela janela enorme que dá visão ao campo de futebol americano da escola. Tem algumas líderes de torcida e alguns outros atletas. Volto com os olhos para o quadro e o sinal toca fazendo todos saírem. Sou o ultimo e ao passar pela porta esbarro em alguém fazendo seu material cair. Automaticamente vou ao chão pegar as coisas e ao levantar o olhar vejo que é Meg.
_Ei Froy. -ela fala e me levanto com suas coisas.
_Ei Meg. -tento sorrir e ela tenta o mesmo.
_Como foi o seu domingo? -pega seus materiais de minha mão e ajeita em seu colo.
_Tive que sair com a minha mãe para comprar algumas coisas e ...-percebi que não falaria nada com nada e decidi desviar o assunto. -Também não parei de pensar em você. -seus olhos brilharam e parecia que estava a escuta de qualquer coisa que eu falasse.
_O que? -disse baixo quase não podendo ouvir.
_É, quero saber o que aconteceu. Só tenho flashs dos acontecimentos e quero saber o que você acha disso. -solto.
_Eu acho o que você acha. -concluiu e acabo franzindo a testa.
_Han? Esse é o problema, eu não sei o que achar.
_Então não ache nada. -começou a andar e a segui ao seu lado. -Cabe a você decidir se isso vai mudar alguma coisa na nossa relação.
_Então vamos continuar sendo amigos, como sempre fomos. -pergunto mais soa mais como uma afirmação.
_Como quiser. -ela entra no banheiro feminino e paro bem na porta.
Me sinto meio idiota mas penso em estar fazendo o certo. Não sei o que Meg sente e ela não me fala. Volto a andar pelo corredor a procura do meu armário e não sei bem o que pensar. Só continuo andando. Pego minhas coisas e vou até a sala. Sento em alguma carteira qualquer e depois de alguns segundos Vee entra agitada e com cara de choro. Ela senta bem ao meu lado e logo pergunto se ela está bem.
_Não Froy, eu não to bem. -fala enxugando as lágrimas e aos poucos mais gente vai entrando sem prestar muita atenção na gente.
_O que aconteceu? Eu posso ajudar?
_Não...eu briguei com o meu namorado, e agora a gente terminou.
Foi como música para meus ouvidos, como se eu estivesse ouvindo The Strokes pela primeira vez. Mas eu não podia demonstrar isso. Ao invés de ficar feliz, que eu estava muito, fingi estar decepcionado com o término e a consolei.
_Tá tudo bem. Se isso aconteceu é porque vai acontecer algo bom mais para frente. -falei sorrindo gentilmente e ela enxugou o rosto se ajeitando.
_É...tomara. Só acho que bem difícil alguma coisa boa acontecer comigo. Minha vida está uma merda.
_Como pode falar isso? -franzi a testa. -Você tem tudo Vee, notas boas, é sempre a garota bem falada, tem muitos amigos, é bonita. -comecei a elogia-lá e a mesma sorria a cada palavra.
_Obrigada Froy, você foi o que mais se importou até agora. -ela se aproximou e me abraçou.
_Eu to sempre aqui. Quando precisar de mim é só falar. -sugiro e ela me aperta mais forte. Seu rosto se afasta do meu e ajeito uma mecha do seu cabelo rebelde.
Voltamos para os lugares como antes e sorrimos um para o outro. Vejo na porta seu ex namorado com o rosto coberto de raiva e ele simplesmente sai andando furiosamente. A professora entra e a aula começa. Troca de olhares entre mim e Vee é frequente e isso me bagunça todo.
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BAND :: froy gutierrez
Novela JuvenilEu vivo em uma confusão constantemente, pode não aparentar e nem emitir som, mas ela sempre está ali, fazendo com que as minhas decisões se tornem mais difíceis e meus pensamentos mais confusos. A banda sempre foi uma forma dos meus sentimentos se...