"Pronta para quebrar as regras mais uma vez?"

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A viagem de carro surpreendentemente não foi tão “awkward” como eu pensava que ia ser. Apesar de ele ter conduzido em silêncio, não ouve aquele silêncio estranho entre nós. Foi… normal. Como se eu estivesse no carro com um dos meus amigos.
Ele meteu uma mão no bolso do casaco de cabedal e tirou um pacote de cigarros, pôs um na boca e voltou a colocar a caixa dentro do bolso.
“Podes deixar-me aqui”, eu apontei para uma paragem de autocarro.
“Tens a certeza?” Ele perguntou, enquanto o fumo saía de entre os seus lábios ao falar.
Eu assenti. “Sim, a minha casa é já ao virar da esquina.”
O Justin continuou a conduzir, e virou a esquina.
“Onde é que vais? Eu disse para parares na paragem de autocarro.” Virei-me para olhar para ele exasperadamente.
Ele fez uma pausa para mandar o fumo fora, deixando sair uma argola de fumo perfeita. “Qual é o objetivo disso se eu te posso deixar em casa?”
Suspirei, voltando a sentar-me. “Como queiras.”
Quando ele se aproximou da minha casa, eu disse-lhe para ele parar. Ele parou, para minha surpresa. Para ser honesta eu estava à espera que ele não me ouvisse (outra vez) e continua-se.
Virei-me para estar cara a cara com ele. “Ugh, obrigada.”
Ele assentiu, levando novamente o cigarro à boca.
Puxei os meus lábios para dentro da boca. Estava livre, finalmente. Quando estava prestes a abrir a porta do carro, a voz do Justin parou-me. Fechei os meus olhos com muita força.
“Podes dar-me o teu número?”
Abri os olhos de repente. Virei-me muito devagar para estar cara a cara com ele, a imaginar se ele estava a gozar comigo ou não. “Tu queres o meu número?” Eu repeti feita burra.
Ele assentiu, sem tirar o olhar da estrada à sua frente.
Hesitei ao início antes de assentir com a cabeça ligeiramente. “Está bem.”
Ele tirou o seu blackberry das calças, e entregou-mo para eu pôr o meu número. Depois de o fazer entreguei-lho. 
“Adeus.” Eu disse antes de abrir a porta e sair do carro. Fiquei a vê-lo acelerar pela estrada antes de me virar para a minha casa.
Tirei a chave debaixo do tapete, enfiei-a na fechadura, e, com muito cuidado rodei-a, abrindo a porta.
Voltei a colocar a chave debaixo do tapete, fechei a porta, e comecei a andar em bicos de pés, para não acordar os meus pais.
“Onde é que andaste minha menina?”
O meu coração parou e o meu estômago caiu ao chão. Virei-me e vi os meus pais sentados no sofá de pijama.
Demasiado tarde…

" Fui dormir a casa do Rose " Disse com aquela voz fina da mentira. 

" Vai já para o teu quarto e não sais de lá até eu e o teu pai dizer " Assenti e subi as escadas a correr. 

Eu odeio a minha vida.
Precisamente quando reconquistei a minha liberdade, voltei a perdê-la, mas desta vez por culpa dos meus pais, quando é que posso ser uma adolescente normal, quando tiver 49 anos ? 

E agora provavelmente deves estar a pensar no que é que me aconteceu afinal, e bem, resumindo… estou bastante lixada, para não dizer outra coisa. 

A porta do meu quarto abriu-se e era os meus pais naquele preciso momento mordi o lábio. " Diz-nos a verdade do que aconteceu." Ao chegarem aos meus ouvidos aquelas palavras fizeram o meu estômago cair ao chão. Fechei os olhos com muita força e amaldiçoei-me a mim própria mentalmente. Abri apenas um olho, e virei-me para ver os meus pais com os braços cruzados e com um olhar sério. Lá se foi a ideia de ter ido dormir a casa da Rose. 

Respirei fundo, e pensei numa mentira que lhes pudesse dizer. Não é como se eu lhes pudesse dizer a verdade. " É verdade , o namorado da Rose acabou com ela e precisava da sua melhor amiga para a apoiar, é por isso que servem os amigos " Boa estou safada. 

O meu pai revirou os olhos. “Eu compreendo que ela seja a tua melhor amiga, mas não avisares ninguém? Isso foi bastante descuidado! Nós educamos-te melhor que isso.” Ele abanou a cabeça desapontado. “Podias ter sido raptada, ou pior.” A minha mãe atirou os braços ao ar. “Morta!” Ela gritou.

Oh a ironia de tudo isto…
“Mãe,” eu suspirei, “a Carly mora a uns quarteirões de distância. Não é como se ela vivesse no outro lado da cidade! Para além disso, eu fui a correr! Por isso não havia nenhuma hipótese de alguém me raptar, mesmo que quisessem.”
Ela abanou a cabeça, sabendo que eu tinha em parte razão, mas ao mesmo tempo, para ela, eu estava errada.

“Oh, nós sabemos que não vai voltar a acontecer.” O meu pai falou desta vez, enquanto descroçava os braços . “Porque estás de castigo durante uma semana.”
Eu não conseguia acreditar no que é que estava a ouvir. Quer dizer, é claro que eu sabia que ia ter problemas, mas ficar de castigo? Durante uma semana?!
“O quê?” Eu gritei em choque. “Isso é tão injusto!”
“Não não é!” A minha mãe gritou. “Devias dar-te como sortuda por nós estarmos a ser tão gentis dada a situação. Nós podíamos muito bem ter decidido um mês em vês de uma semana!”
“Isto é tão injusto!” Bati com o pé no chão.
Não queria saber se estava a agir como uma bebé neste momento. Já não queria saber de nada. Revirei os olhos, deitei-me na cama e os meus pais foram se embora. 

O que eu faria só para alguém me salvar deste buraco.
Naquele momento o meu telemóvel vibrou e eu virei a cabeça para ver quem era.
Olhei para o teto e fechei os olhos “Obrigada Deus!” Eu murmurei, antes de me apressar e agarrar o meu telemóvel, desbloqueando-o na esperança de ver uma mensagem da Carly, mas fiquei desanimada quando um número desconhecido apareceu no meu ecrã. 
Suspirei e abri a mensagem, e o que eu vi a seguir apanhou-me desprevenida.

De: Desconhecido
“Como é que correu? – Sebastian”

Ele mandou-me mesmo uma mensagem? O quê?
Escrevi uma resposta e enviei.

Para: Stalker
“O que é que queres dizer com isso?”

Sorri para mim mesma pelo nome que lhe tinha dado nos meus contactos.
Alguns segundos depois o meu telemóvel vibrou.

De:Sebastian
“Com os teus pais. Eles ficaram chateados?”

Para: Stalker
“Uma semana de castigo.”

De: Sebastian
“Autch, culpa minha.”

Para: Stalker
“Sim, sim.”

De: Sebastian
“Então…”

Para: Stalker
“?”

De: Sebastian
“Pronta para quebrar as regras mais uma vez?”

Levantei uma sobrancelha, a imaginar se ele estava a gozar comigo ou não.

Para: Stalker
“Depende.”

De: Sebastian 
“Olha pela janela.”

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