13 Julgamento, condenação e martírio de Ridley e Latimer

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E ASSIM, GENTIL LEITOR, você pôde ver as biografias de Mestre Ridley e Mestre Latimer apresentadas separadamente. Agora vamos juntá-los já que foram unidos num único martírio.

No dia vinte e oito de setembro de 1555 foi recebido em Oxford um mandado expedido pelo Cardeal Pole, endereçado a John White, Bispo de Lincoln, Dr. Brooks, Bispo de Gloucester, e Dr. Holyman, Bispo de Bristol, esclarecendo que os três, ou dois deles, teriam plenos poderes para julgar Mestre Hugo Latimer e Mestre Ridley, acusados de defender abertamente diversas opiniões errôneas nos debates realizados em Oxford. Caso eles se retratassem de tais opiniões, então os juízes delegados teriam poderes para receber de volta esses penitentes e de imediato conceder-lhes a reconciliação do santo padre, o Papa. Mas se os referidos Hugo Latimer e Nicholas Ridley mantivessem suas posições errôneas, então os bispos delegados deveriam declará-los hereges, excluindo-os completamente da Igreja e autorizando a punição adequada.

Conseqüentemente, no dia trinta de setembro os referidos bispos aguardavam a postos na escola de teologia de Oxford. O primeiro a apresentar-se foi Mestre Ridley. Assim que entrou na escola, ouviu a leitura do mandado assinado pelo cardeal. Mas Dr. Ridley, que de cabeça descoberta humildemente aguardava a explicação de sua convocação, tão logo ouviu o nome do cardeal e o de sua santidade, o Papa, pôs seu chapéu na cabeça. — A supremacia usurpada e a falsa autoridade do Bispo de Roma, eu absolutamente recuso e a elas renuncio. Não posso de modo algum prestar-lhe obediência ou honrarias, sob pena de ofender com tais atitudes a verdade da Palavra de Deus.

O Bispo de Lincoln, depois de três admoestações inúteis, ordenou que um dos bedéis arrancasse o chapéu da cabeça de Mestre Ridley. Este, curvando-se perante o oficial, gentilmente permitiu que o removesse. Depois disso, num longo discurso o bispo exortou-o a retratar-se e a reconhecer a supremacia do Papa.

Então Mestre Ridley pronunciou-se da seguinte maneira: — No que se refere às palavras de Cristo, das quais vossa excelência deduz a fundação da Igreja sobre Pedro, realmente a passagem não deve ser entendida como o senhor a interpreta. De fato, depois que Cristo havia perguntado a seus discípulos quem os homens julgavam que Ele era, e eles haviam respondido que alguns diziam que Ele era um profeta, outros que Ele era Elias, uns isso, outros aquilo, então disse Ele: — Quem dizeis vós que eu sou? — Então disse Pedro: — Eu digo que Tu és Cristo, o Filho de Deus. — Respondeu-lhe Cristo: — Eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja. — O que quer dizer, sobre esta pedra — não significando o próprio Pedro, como se constituísse um homem mortal, tão frágil e quebradiço, para ser a fundação de Sua Igreja


firme e infalível; mas sim que sobre esta pedra rochosa — isto é, essa tua confissão de que eu sou o Filho de Deus, eu construirei a Minha Igreja. Pois aqui está a fundação e o começo de toda a Cristandade, a confissão com palavra, coração e mente, de que Cristo é o Filho de Deus.

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