09 A história do Dr. Rowland

90 1 0
                                    

Um pastor paroquial fiel: A história do Dr. Rowland

Taylor, de Hadley

A CIDADE DE HADLEY foi uma das primeiras a receber a Palavra de Deus na Inglaterra. Ali o Evangelho de Cristo fez um sucesso tão grande e cresceu tão forte que muitos cristãos daquela paróquia, tanto homens quanto mulheres, se tornaram muito versados nas Santas Escrituras. Muitos deles haviam lido a Bíblia inteira várias vezes e sabiam recitar de cor inúmeras passagens das Epístolas de São Paulo e com grande competência e prontidão citavam frases apropriadas sobre qualquer assunto controverso. As crianças e os serviçais também eram criados e treinados com tal diligência no caminho certo da Palavra de Deus que toda a cidade mais parecia uma universidade de gente ilustrada do que um povoado de tecelões ou trabalhadores. Mas o que é mais digno de louvor é que eram na sua maioria fiéis seguidores da Palavra de Deus em seu estilo de vida.

Nessa cidade estava o Dr. Rowland Taylor, o qual, desde o dia em que assumiu seu benefício eclesiástico, não procedeu como geralmente fazem os beneficiados, alugando o benefício a um rendeiro para que se encarregue de recolher os lucros e instalando um padre ignorante e inculto para servir como cura de almas, de modo que eles tenham a lã sem nada se preocupar com a alimentação do rebanho. Pelo contrário, ele abandonou o Arcebispo de Cantuária, Tomás Crammer, com quem coabitava antes, e estabeleceu sua residência na paróquia de Hadley, entre a gente confiada aos seus cuidados. Ali, qual bom pastor, morando com suas ovelhas, entregou-se totalmente ao estudo das santas Escrituras. O amor de Cristo operou nele de tal forma que não passava nenhum domingo nem dia-santo, nem outra ocasião em que ele pudesse reunir os fiéis, sem que ele lhes pregasse a Palavra de Deus, a doutrina da sua salvação.

E não apenas a sua palavra servia-lhes de pregação mas também toda a sua vida e suas conversas eram exemplos de sincera vida cristã e verdadeira santidade. Despojado de qualquer orgulho, era humilde e manso como uma criança, de modo que ninguém era tão pobre que a ele não recorresse sem medo como quem recorre a seu pai. Tampouco era sua humildade infantil ou tímida. Pelo contrário, conforme o exigisse a ocasião, a hora e o lugar, era duro em suas censuras contra os malfeitores. Ninguém era tão rico que ele não lhe denunciasse claramente o erro, com repreensões sérias e graves como convém a um bom pastor e cura de almas. Era um homem muito suave, destituído de qualquer rancor, ressentimento ou má vontade, sempre disposto a fazer o bem em benefício de todos, a perdoar prontamente a seus inimigos, sem nunca querer praticar o mal contra ninguém.

Para os pobres que eram cegos, cochos, doentes, entrevados, ou que tinham muitos filhos, ele era um pai, um zeloso protetor, um diligente provedor. Tanto isso é verdade que ele motivou os seus paroquianos a fazer uma provisão geral para os pobres, e ele mesmo (além de sempre lhes oferecer alívio em sua casa) contribuía com uma porção anual razoável para a caixa de esmolas da comunidade. Sua esposa também era matrona sóbria, discreta e honesta; e seus filhos eram bem-alimentados e criados no temor de Deus e com boa educação.

Ele era o bom sal da terra, pungindo com gosto os hábitos corruptos dos maus. Era uma luz na casa de Deus, acesa sobre um candeeiro, para que todos os bons pudessem imitá-lo e segui-lo.

O Livro dos MártiresOnde histórias criam vida. Descubra agora