Onnyx - Parte I

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Temos em nossas vidas momentos, momentos aqueles que nunca esqueceremos.

Momentos felizes, momentos tristes, momentos em que você quer guerra e hora quer paz. Mas também tem aqueles momentos que você simplesmente quer esquecer, porém nós temos que lembrar que tudo o que acontece em nossas vidas são consequências de escolhas.

Nesse momento da minha vida eu decidi que quero viver de modo intenso, curtir do início ao fim com muita diversão, claro que essa diversão é do meu modo, e acho que minha família não aprova muito isso, mas desde que tudo que eu faço eles não aprovam... Simplesmente ignoro e continuo vivendo do jeito que gosto.

Hoje sentada aqui na minha sala, sozinha, começo a me lembrar de tantas coisas que aconteceram em minha vida.

Quando somos crianças vivemos tantos momentos inesquecíveis sejam eles engraçados, felizes ou tristes. Ser criança é o máximo, aprontamos, sorrimos de besteiras, nos chateamos por coisas pequenas e achamos que tudo é o fim do mundo. Muitas vezes somos exageradas. Isso me faz lembrar a primeira vez que vi meus irmãos: Tate, Dom e Bree.

Foi um momento que jamais vou esquecer, hoje penso em como fui boba na forma como agi, mas como disse, tudo são momentos, e esse eu nunca vou esquecer, me lembro como se fosse hoje...

Depois de tantos anos ainda consigo me lembrar muito bem da notícia recebida e confesso que não gostei muito, recordo do primeiro olhar protetor de Tate, da minha rebeldia, do jeito encrenqueiro de Dominic e do olhar inocente de Bree.

Tinha apenas 11 anos e já tinha opinião sobre tudo. Mas com o tempo percebi que quando estávamos todos juntos, tínhamos e temos os melhores momentos de nossas vidas.

Sempre tivemos uma vida muito confortável em Seattle, na escola tinha muitos colegas, faço balé desde os quatros anos e é uma das minhas paixões. Sempre acho que papai não liga muito para as coisas que faço. Tá! Não sou das filhas mais comportadas, podemos dizer que ele e mamãe já precisaram ir à escola algumas vezes para ter que conversar sobre o meu mau comportamento. Não vou mentir, às vezes acho que essa é a única forma de chamar a atenção do papai.

Minhas irmãs e eu não temos muitas diferenças de idade, mas às vezes penso que as gêmeas, Raykah e Brooke, sempre tiveram muito mais atenção, isso é, antes de Blaire nascer e depois veio a Amélia. Sempre achei engraçado como os mais novos sempre ganham mais atenção e as gêmeas é como se fossem à preferência, e simplesmente, ás vezes eu sinto a necessidade de chamar atenção.

Meu pai me dá de tudo só que às vezes sinto que falta algo, Eva diz que isso é coisa da minha cabeça, tenta me acalmar, diz que os mais novos precisam de mais atenção e que temos que ajudar sempre.

Eva sempre tenta remediar as coisas, mamãe não gosta quando papai briga comigo e ele sempre diz que mamãe me mima muito. Mas nos meus momentos de rebeldia até mamãe eu acho que não liga pra mim, sei que é coisa de criança e talvez um dia essa sensação passe ou talvez piore. No meu caso acho que vai piorar.

Desço para tomar café e papai está na mesa, fala que tem uma novidade e que vamos adorar. Olho surpresa porque não estamos perto das férias da escola, então já sei que não pode ser uma viagem, nem presente por bom comportamento. Fico olhando para papai ansiosa pelo que vai dizer, pelo seu olhar de felicidade só imagino que possa ser algo bom, algo muito legal. Mom está com um sorriso estampado no rosto.

— Crianças, a partir de hoje vocês vão ganhar três novos irmãos, duas meninas e um menino.

Sou a primeira falar.

— Mamãe está grávida de trigêmeos? — digo assustada.

— Não Onnyx. — Mamãe sorri e diz. — Nós vamos adotar.

— Porque vocês vão adotar, não estão felizes com a gente?

— Não Onnyx, vocês são nossa felicidade, mas nós conhecemos umas pessoas na época da faculdade, e essas pessoas tiveram essas crianças e elas estavam passando por muitas coisas ruins filha. E tem essas três crianças, que são tão lindas como você e suas irmãs, vocês vão ter com quem brincar e agora você vai ter um irmão, um menino, para te proteger na escola quando alguém quiser arrumar confusão com você, isso não é legal?

— Mas mamãe, ninguém briga na escola comigo, eles tem medo de mim. — Faço cara de triste.

— Onnyx, você vai ter mais irmãs para brincar, para saírem juntas, vocês vão poder fazer muitas coisas, eles vão pra mesma escola e você vai até poder ajudar nas matérias que eles tiverem dificuldades para se adaptar.

— Mas mãe, nós já somos muitas.

— Onnyx amor, não importa quantos vocês são, mamãe e papai sempre vão estar aqui para vocês e agora nossa família vai crescer, tudo vai ficar mais legal, confia na mamãe.

Papai está com cara de pôquer, aceito porque mamãe nunca mente para mim, então aceito mesmo porque eles só estão nos comunicando e não perguntando, não quero que papai brigue comigo, então fico quieta.

Papai nunca me bateu nem nada, mas sempre que faço algo de errado ele me coloca de castigo e me dá bronca, nunca com minhas irmãs, é sempre eu, até quando as gêmeas aprontam sou eu que levo a culpa.

Vou para a escola como sempre, com motorista junto com Eva que estuda no mesmo período que eu. Eva é diferente de mim, é sempre calma e tranquila diferente das gêmeas. Por isso me dou bem com ela, ela sempre faz tudo que o papai quer, não quero ser como ela, quando crescer quero fazer o que quero, mas não digo isso pra ela, pois ela diz que sou criança, e não entendo das coisas ainda. Ela diz que eu tenho que obedecer mamãe e papai sempre, o que raramente acontece.

Outro dia ouvi mamãe e papai dizendo que eu precisava passar por um psicólogo, óbvio que comecei a chorar falando que não queria, fiz o maior drama como se o mundo fosse acabar, no fim papai disse que tudo bem e que eu não deveria escutar atrás da porta, que era feio, mas eu tinha que me comportar por que caso contrário ele me levaria.

Mamãe como sempre, me acalmou dizendo que nada iria acontecer, mas eu só queria ouvir dela, eu sei que quando faço isso mamãe alivia para o meu lado.

Já ouvi mamãe dizendo pro papai que ele tinha que ter paciência comigo, que eu sou uma criança com temperamento forte, que puxei a ele e não via isso. Já ouvi vovó falando que sou igualzinha a ele, ele só não aceita ter uma filha tão desobediente quanto ele era.

Chego da escola já cansada, pois hoje tive aula de educação física, caminho pela casa já pensando em falar para mamãe que meu Nike está feio e que quero um novo. Já tem um novo modelo que estou louca por um, minhas colegas também estavam comentado sobre o tênis novo e pirei. Até esqueci a novidade de que meus pais vão adotar três crianças, papai vive falando que a economia está péssima e como pode adotar três crianças, acho que isso não seria bom para a economia da família, mas também não falo nada, pois papai fala que isso não é assunto para criança.

A única hora que eu não brigo com papai é quando ele trás trabalho para a casa, eu gosto de ficar vendo e de alguns meses pra cá ele começou a me ensinar algumas coisas da empresa, principalmente contabilidade, ele sempre diz que essa parte é a saúde da empresa.

Se a contabilidade não vai bem, ele faz um monte de análises e quando eu sento com ele, ele me ensina de onde vêm os números, o que tem que ser feito, me mostra alguns cálculos.

Confesso que acho super legal e gosto de trabalhar com o papai, ele sempre me fala que se eu gostar de ajudá-lo posso ir trabalhar com ele quando estiver na faculdade, se eu for uma boa estagiária posso até ser efetivada e ocupar um cargo na empresa.

Perdida em pensamentos não me dou conta de quem está na sala, é quando ouço um som baixinho:

— Quem será essa?

Olho para trás e vejo três crianças branquinhas, para os dois mais velhos, que devem ter quase a minha idade, olho de cara feia, pois eles parecem querer brigar e na verdade eu também quero.

Não acredito que papai vai adotar essas crianças. — Penso.

Um Conto da Série Irmãos TellerOnde histórias criam vida. Descubra agora