P.O.V Annebell
Depois que Alby e Minho partiram, as horas pareceram passar mais rapidamente. O desespero era, inicialmente, uma pequena chama no meu coração, e que agora parecia um incêndio. Quando faltavam apenas trinta minutos para os Portões fecharem, desisti de tentar trabalhar. Minha mente se recusava a se distrair, parecia que alguém tinha pregado ali: "se preocupe com o Minho e o Alby, nada mais existe!". Suspirei e fui correndo até o Portão Leste, onde sabia que encontraria Newt. O loiro estava tão preocupado quanto eu, era certeza.
— Newt! — cheguei um pouco ofegante e depois fui andando lentamente até ele.
— Anne... como você está? — ele perguntou, tentando me animar. Incrível.
— Péssima. Mas imagino que você esteja mais, não é? — contorci o lábio. Queria confortá-lo, mas não sabia como. Faltavam menos de vinte minutos e nada. Eles simplesmente não tinham voltado ainda. Eu não... não conseguia entender.
— Eu conheço aqueles fedelhos desde... bom, eu me lembro, sabe? — fiz uma cara confusa e ele soltou uma pequena risada, que desapareceu rapidamente. — Desde que chegamos na Clareira, desde que eu acordei, os conheço. Eu me lembro de cada momento daqueles primeiros dias e de como foram aterrorizantes. E eles me ajudaram. Imaginar agora que eles podem virar parte do passado...
Balançou a cabeça, sem conseguir terminar. Assenti com a cabeça. Não os conhecia a tanto tempo, mas sabia que se perdesse algum deles, e principalmente Jocelyn, com quem tinha mais contato, ficaria perdida. Sem saber o que fazer ou alguém em quem se apoiar.
Um som de passos e o arrastar de algo chamou imediatamente minha atenção. Virei a cabeça tão rapidamente que senti um estalo, mas isso pouco me importou.
— São eles! São eles! Alby, Minho! — eu gritei de empolgação quando vi Minho virando o corredor. Mas tinha algo errado.
Alby estava sendo levado por Minho e não se movia nem um centímetro. O desespero voltou a tomar conta de meu ser. Em menos de cinco minutos as Portas se fechariam e já era. Ninguém sobrevivia à uma noite no Labirinto. Eu já tinha ouvido falar nisso e, sinceramente, não queria saber se era verdade.
— Eles não vão conseguir, Newt. Não vão! Temos que ajudá-los! — gritei, virando-me para o maior e segurando seu braço com força. — Eles vão morrer.
— Não podemos... não. Eles não gostariam disso, eu sei. Se formos... estaremos sacrificando mais pessoas. — suspirou e então virou-se no momento em que o vento bateu em nós, o ensurdecedor som das Portas se fechando fazendo-me arregalar os olhos.
— Anne... — ouvi a voz de Jocelyn ao meu lado. A garota tinha o incrível dom de aparecer do nada nos lugares. Ela estava de cabeça baixa e eu podia sentir o turbilhão de pensamentos que ocorria em sua mente.
Olhei de volta para um Minho tentando arrastar desesperadamente o amigo, e Alby, ainda inconsciente. Faltavam centímetros para eles ficarem presos naquele lugar, sem volta.
"PARE!", ouvi a voz de Jocelyn na minha cabeça, gritando. Mas meus pés se moveram sozinhos, correndo e me espremendo no pouco espaço que tinha entre a Clareira e o Labirinto, diminuindo cada vez mais.
— Annebell! — ouvi o grito da morena no momento em que o baque das Portas se fechando definitivamente se fez ouvir.
Meu coração batia descompassado e encarei Minho. Eu suava de nervosismo e abri a boca para falar, sendo bruscamente cortada:
— O que foi que você fez, ruiva? Acabou de morrer junto com a gente. Tivesse ficado do lado de lá. — ele jogou-se contra um dos muros, suspirando e arrancando algumas heras na mais pura raiva.
— O que foi que aconteceu lá, Minho? — perguntei, ignorando completamente tudo o que ele tinha falado antes.
— A mértila do Verdugo não estava morto, isso que aconteceu. Ele simplesmente estava... sei lá, dormindo? Enfim, Alby teve a ideia de gênio de cutucar a coisa com uma vareta. Ele acordou enlouquecido e picou ele, depois fugiu.
— E não picou você? — franzi o cenho, tentando botar os pensamentos em ordem e também me esforçando para bloquear qualquer coisa que Jocelyn viesse falar comigo.
— Talvez tenha picado. Eu posso cair durinho aqui a qualquer momento, tendo uma convulsão ou desmaiando. Daí mais de noite, pode ser sua vez... o que acha?
Aquela foi a gota d'água. Me aproximei do garoto e me abaixei perto dele, segurando a gola da camisa dele.
— Pare com isso! Vocês dizem que ninguém sobrevive à uma noite no Labirinto, mas essa sua atitude negativa não vai ajudar em nada! Podemos tentar e quem sabe? Temos que pelo menos nos esforçar, mas falando desse jeito vamos ficar para sempre na estaca zero, discutindo e esperando os Verdugos aparecerem para fazer de nós o lancinho da noite. — falei com raiva e de uma vez, sem dar pausas ou parar para respirar. Estava ofegante e pude ver a cara de surpresa do garoto. Ele não esperava ser repreendido dessa maneira.
— Nós não vamos sobreviver. — trincou os dentes, mas acho que deu-se por vencido. — Mas qual é sua ideia, gênio?
Dei um pequeno sorriso.
— Temos que ajudar Alby antes.
——— Uma hora depois. ———
— Isso não vai dar certo, Annebell. — o cansaço de Minho era evidente. Não o respondi, apenas puxando a hera em minhas mãos vermelhas, e com sua ajuda, subindo Alby mais alguns centímetros. — Nós temos que...
E então a noite começou. O barulho dos Verdugos, suas peças mecânicas raspando nos muros. Olhei para Minho. Seu rosto perdera totalmente a cor e percebi que agora suava mais.
— Fuja, Annebell. Fuja! — e saiu correndo. Quase perdi o equilíbrio com o peso extra e trinquei os dentes para não gritar de frustração. Aquilo teria que servir, eu sabia que não conseguiria levantá-lo mais sem desmaiar de exaustão. E ainda tinha que guardar forças para correr dos Verdugos a noite toda.
Amarrei a grande hera que sustentava Alby em outra e então corri.
Não conseguia ouvir Minho em lugar algum, apenas os Verdugos se aproximando e ao passo daquilo, tinha certeza que ficaria cercada. Mas continuei a correr. Corri como se minha vida dependesse disso.
Porque dependia.
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Maze Runner - A Sobrevivência
Ciencia FicciónQuando duas garotas sobem pela Caixa, mais conscientes que o normal, a Clareira fica confusa. Todos os garotos que lá vivem estranham e já as julgam, mas isso não é o bastante. Tudo muda. Lutas, morte. É isso que não para de acontecer. E dúvidas. Mi...