P.O.V Annebell
Preciso de respostas. E rápido. Penso enquanto observo a garota de cabelos pretos e olhos de um tom incrível de azul — que notei rapidamente quando ela nos encarou — ser levada pelos Socorristas. Ela era a última? E "CRUEL é bom", não era a primeira vez que ouvia aquilo. Trinquei os dentes, que diabos estava acontecendo naquele lugar?
Quando vi Jocelyn saindo atrás de Newt e Alby pensei em acompanhá-la, mas não. Nenhum daqueles garotos sabia qualquer coisa, perguntar seria uma verdadeira perda de tempo. A Novata talvez soubesse, mas desmaiada daquele jeito era impossível saber.
— Annebell? — virei-me de supetão ao ouvir a voz, a respiração se acelerando momentaneamente. Era apenas Chuck. — O que houve?
Olhei ao redor. Todos já tinham voltado às atividades, apesar de eu ouvir cochichos aqui e ali, olhares de esguelha sendo lançados da Caixa para a Sede diversas vezes. E eu estava ali, encarando fixamente a porta que os Socorristas passaram a poucos minutos com a garota.
— Eu... estava só pensando. Quatro pessoas num único mês. Primeiro Thomas, depois eu e Jocelyn juntas e então essa garota. O que essas pessoas estão planejando? O que querem conosco? — suspirei. Eram tantas perguntas e era inútil ficar citando-as. Ninguém responderia.
— Olhe... Vim avisar que Alby convocou uma reunião de emergência. Você foi chamada.
— Agora?
— É. Não sei se você sabe, mas "emergência" significa que...
— Certo. Obrigada, Chuck.
Afago rapidamente os cachinhos do garoto e saio correndo para a Sede. Quando chego lá vejo que Alby, Newt, Winston, Gally, Jocelyn, Thomas e alguns outros já estavam me esperando.
— Bom, vamos começar. — Alby anuncia e o seguimos até a sala de reuniões. Tinha três cadeiras separadas e Thomas, Jocelyn e eu sentamos lá. Os outros Encarregados se sentaram em seus respectivos lugares e apenas uma das cadeiras ficou vazia. O lugar de Minho. Ele estava explorando os corredores do Labirinto neste exato momento. — O primeiro assunto a ser discutido: a garota nova e o que fazemos com ela.
Pensei em abrir a boca, mas o olhar de Newt me fez mudar de ideia imediatamente. Era como se ele dissesse: "não tente piorar ainda mais a situação de vocês. Fique quieta." Ele não precisou lançar o mesmo olhar para Jocelyn — que, por sinal, era bem boca aberta —, então supus que já tivessem tido a tal conversa antes da reunião.
— Eu avisei. — a voz irritada de Gally foi a primeira a se pronunciar. — Desde que o novato Thomas chegou, tudo se tornou uma bagunça! E então vieram essas duas pirralhas... — neste momento cerrei os punhos com tanta força que minhas unhas cravaram-se na palma da mão, ferindo a mesma, mas era a única maneira de eu não falar o que vinha na minha mente. — E agora essa outra. Tudo está uma bagunça e vocês não querem me ouvir! Eu estou dizendo. Eu vi eles. Todos eles. São traidores e vão matar todos nós.
Seu discurso foi tão cheio de convicção e ódio que alguns dos outros Encarregados assentiram em aprovação, nos olhando de alto a baixo. Newt e Alby se entreolharam.
— Ou talvez os mértilas que nos mandaram para cá tenham se cansado de esperar. Querem algo novo. Talvez estejamos próximos de encontrar a saída e eles não sejam os culpados, Gally. — um dos Encarregados falou, sua voz tremia um tanto e percebi que tinha certo medo do Gally. E quem não teria? Bom, além de nojo, claro.
— Eu sei do que estou falando, vocês estão cegos! Cegos! E não vou, não vou morrer por causa da idi...
— Gally.
— Idiotice...
— GALLY! — Alby precisou se levantar. A raiva que emanava, seu olhar controlado, mas em brasa, foi o bastante para fazer Gally se calar, mas não se acalmar. Ele nos olhava com uma fúria assassina e pensei que naquele momento se levantaria e nos mataria. — Cada um vai dar seu voto. Sempre fizemos assim e continuaremos do mesmo jeito, de modo justo. Um de cada vez. Digam seu voto, porquê e sugestão.
O primeiro foi Newt, ele nos defendeu, disse que a culpa não era nossa e sim dos Criadores. Sua sugestão foi nos dar mais uma noite no Amansador. Outros dois Encarregados concordaram com ele, o que nos defendeu de Gally e Caçarola. O voto de Gally foi mais que óbvio e um amigo — pantufa, escravo, seja lá o que for — aceitou fielmente suas palavras e as repetiu.
A cada vez que um Encarregado abria a boca para se pronunciar, meu coração parecia se esquecer de bater para me manter viva e eu abria a boca para respirar, pois eu mesma também esquecia de como se respirava no automático.
Quando faltavam apenas dois para sugerirem, a porta foi aberta de supetão e Minho apareceu. Ofegante, suado e coberto de fuligem. Em seguida desabou no chão, exausto. Alby e Newt se levantaram rapidamente, eu e Thomas também não nos contemos, correndo até o asiático.
— Pare de me perguntar o que aconteceu, seu mértila! — já se irritava o mesmo, ralhando com Alby. — E vá me buscar um copo de água!
O rapaz negro deu um sorriso de escárnio e viu que eu os observava atentamente, então ergueu uma sobrancelha.
— Ele é o único que fala assim comigo e que não é jogado para os Verdugos. Saiba disso. O resto de vocês está dispensado, inclusive vocês, Novatos.
Newt não precisou de permissão para ficar. Ele sabia que podia e isso bastou para que ninguém comentasse nada.
— Por que não podemos?
Alby revirou os olhos e encarou Minho.
— Tanto faz, que mértila. Vá logo.
Em seguida ele abanou a mão e Alby saiu, permitindo que ficássemos. Newt parecia preocupado e ajudou Minho a se encostar na parede. Ele parecia ter corrido uma maratona num deserto escaldante. Quando o líder voltou com uma garrafa de água gelada, Minho bebeu a grandes e sôfregos goles, falando apenas alguns segundos depois, quando quase esvaziara a garrafa.
— E então? Fale! — exigiu Alby.
— Eu achei um... um Verdugo morto. Não sei como, mas ele estava lá. Eu me aproximei e ele nem ao menos se moveu. Vim o mais rápido que pude. — "Isso é notável", ouvi Jocelyn na minha cabeça e não evitei lançar-lhe um olhar de reprovação. — Precisamos investigar melhor. Talvez ele tenha alguma pista que ainda não sabemos, isso pode nos ajudar a sair daqui.
Quase um minuto se passou sem que tivéssemos qualquer palavra dita.
Um Verdugo morto. Como isso podia ser possível? Afinal, não eram aqueles monstros que espreitavam por cada canto do Labirinto? E um deles estar morto... do nada. Era definitivamente muito estranho.
— Ainda temos cinco horas antes de os Portões se fecharem. Ele fica a uma hora daqui, dá tempo de irmos, examinarmos e depois voltarmos antes que o tempo acabe.
— Certo. Prepare-se, Minho. Saímos daqui a dez minutos. — Alby decidiu e em seguida nos expulsou da sala de reuniões.
Quando chegamos ao andar de baixo, olhei para Jocelyn e Thomas. Ambos estavam intrigados, assim como eu.
— Eu não gostei nada dessa história. Não acho que seja uma boa ideia eles irem lá.
— Eu também não, mas acha que vão nos escutar? — Jocelyn revirou os olhos e cruzou os braços, raivosa. Eu entendia e tinha a mesma ânsia dela em saciar suas perguntas.
— Óbvio que não. Vamos esperar, é a única maneira. — Thomas pôs fim à conversa e fomos ao lado de fora.
Passados os dez minutos, vi Minho e Alby com mochilas nas costas e saindo por um dos Portões. Suspirei e senti um calafrio subindo pela minha espinha. Eu não tinha uma boa sensação quanto àquela saída.
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Maze Runner - A Sobrevivência
Fiksi IlmiahQuando duas garotas sobem pela Caixa, mais conscientes que o normal, a Clareira fica confusa. Todos os garotos que lá vivem estranham e já as julgam, mas isso não é o bastante. Tudo muda. Lutas, morte. É isso que não para de acontecer. E dúvidas. Mi...