Lembranças da festa

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Esqueça absolutamente tudo do dia anterior, não faz mais parte do dia presente, esqueça do breve beijo tão desejado há cinco anos, mas que hoje perdeu o valor. Tinha tudo para dar certo, mas o tempo foi impiedoso e decidiu entregar os sentimentos em datas diferentes. Marquesa não sentiu o mesmo arrepio que havia sentido quando Ian jogava vôlei com seus amigos, ou quando ele beijava uma garota na sua frente e desejava que fosse ela a sortuda. Porque tudo na vida passa, e o sorriso de hoje virará o choro de amanhã.

Ian entregara o chapéu e pedira desculpas pelo o deslize do beijo, Marquesa, simplesmente, saíra da piscina, transtornada.

Orlanda saiu da festa, caminhando em sentido ao contrário onde Aloísio estava, mas este saiu do seu lugar por alguns instantes.

- Já está indo embora, Orlanda?

- Oi, Aloísio, estou sim e você?

- Estou trabalhando como segurança.

- Amei as suas músicas, você precisa gravá-las logo.

- Obrigado.

- Bem, então, vou aproveitar que sou a única sóbria daqui e vou dirigir para levar meu irmão e avô para casa.

Orlanda se despediu com um beijo no rosto de Aloísio, que sentiu seu coração estremecer.

Longe dali a poucos metros, o pai de Orlanda assistia tudo, ele não estava no clima da festa e raramente aparecia em casa, e era divorciado há mais de cinco anos, e morava no casarão do clube, bastante observador, aproximou-se de Aloísio e com um olhar de poucos amigos, chamou-o para seu escritório.

Aloísio o seguiu, preocupado, mas confiante de que conseguiria convencer Lauro a ser mais compreensivo, pois foi um beijo no rosto e inocente.

- Sente-se - ordenou Lauro.

- Com licença - disse Aloísio, olhando para o espaçoso escritório, com uma mesa de vidro na sua frente, retratos de Ian e Orlanda crianças na ponta da mesa.

- Você tem intimidade com a minha filha? - indagou Lauro, com as mãos no bolso de sua calça preta e social.

- Somos amigos, senhor.

- Desde quando?

- Há pouco tempo, ela assistiu meu breve show na semana passada e nos aproximamos mais quando ela quase caiu na escada.

- O quê? Minha filha quase caiu?

- Sim, mas ela está bem, senhor.

- Rapaz, eu disse que não queria que falasse com a minha filha, será que não fui bem claro?

- Eu peço desculpas, seu Lauro, não pude evitar.

- Vou repetir pela última vez, favor não conversar com Orlanda, você foi contratado para ser segurança dela, apenas isso, por enquanto, à distância.

Aloísio balançou com a cabeça e se levantou, pronto para se retirar. Fazia dois meses que fora contratado para seguir e proteger Orlanda, mas desde quando a viu, já estava apaixonado por ela. E quando trocou poucas palavras, foi suficiente para concretizar tal sentimento. 

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