Sem correspondência

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Marquesa havia flagrado Carla e Graciliano aos beijos. Rapidamente ela recuou e tomou o mesmo rumo que a trouxera até lá. Sua cabeça estava confusa com tal cena, e não esperava se deparar com Martino atrás da esposa.

— Oi, Marquesa, você viu sua mãe, quer dizer, bem, eu ainda espero que vocês duas possam se dar bem.

— É...eu não a vi.

— Bem, vou aproveitar para falar com seu pai.

—Não! — ela puxou-o pelo braço quando Martino seguia em direção ao escritório de seu pai.

—Meu pai não está aqui, eu também tinha ido falar com ele, mas não tive sorte.

— Que estranho, sua avó confirmou que ele estaria na sala dele.

— Minha avó confundiu, sabe ela já tem mais de oitenta anos, é natural que tenha errado a informação.

— O quê?! Está me chamando de velha louca na frente dos outros?! Oh, garota, cuidado com a língua, dê graças a Deus se você conseguir chegar na minha idade, maltrate o idoso hoje que amanhã você será a idosa maltratada. Essa frase é tão verdadeira. E meu filho está no escritório sim e se ninguém o encontrou é porque tem uma porta de saída para o outro lado — irritada, Selénia passou por Marquesa e caminhou em direção à porta, mas sua neta tentava-a impedir, e Martino disse que iria continuar procurando Carla.

— Podem deixar, eu vou tomar alguma coisa no quiosque e depois eu me despeço de vocês.

Marquesa correu atrás da sua avô, mas era tarde demais, Selénia encontrou Carla acariciando o rosto de seu filho, que estava com a boca avermelhada por causa do batom.

—Olha só! Então você estava acobertando a mamãe? — Selénia se virou para Marquesa, com um olhar acusador.

— Não, vó, eu só não queria confusão aqui no clube, e Martino não merece passar por isso, ele é muito legal.

— Grande m...ai, caramba! Sai daqui, sua mulher de quinta categoria! — Selénia puxou os cabelos de Carla, que gritava e tentava se soltar.

— Calma, mãe! — Graciliano tentava segurar sua mãe.

— Não me segure, infeliz! Depois eu acabo com você, agora eu quero essa mulher longe daqui!! Antes que eu chame aquele cara para resolver o problema aqui!

Descabelada e com o vestido amassado, Carla se ajeitou para sair, mas estava totalmente desmontada. A maquiagem borrada com o perfume masculino impregnado.

Marquesa fechou a porta e dentro do local, os três se entreolharam e Graciliano teve de suportar os olhos efusivos mirando-o.

— Eu posso explicar...

— Cala a boca! Eu não tenho condições para suportar tanta burrice, seu corno! Não vê que aquela mulher não presta? Ela abandonou sua filha!

Sem dizer nada, Graciliano começou a chorar e se ajoelhou sobre o assoalho, pedindo perdão pela conduta.

Marquesa abriu a porta e andou cabisbaixa pelo corredor, sem entender o que estava acontecendo, pensou em perdoar sua mãe, mas ao presenciar o episódio, decidiu se afastar e desejar veemente que ela fosse embora da sua vida, mesmo que custasse perder a amizade Davínia e Martino.

Pela janela, ela conseguiu ver os três entrarem no carro, uma lágrima passou velozmente pela sua face, era uma tristeza misturada com raiva.

Os dias passaram, Carla não apareceu mais no clube aos sábados, entretanto Davínia e Martino faziam questão de estarem presentes. Graciliano conversava com Martino, como se os dois fossem amigos de infância, e Marquesa não conseguia disfarçar, queria gritar aos quatro ventos a tamanha traição que presenciara. Ian surgiu, usando uma regata esverdeada e uma bermuda amarela, além de estar com óculos escuros, beijou a boca de Davínia e o rosto de Marquesa. Sim, Davínia estava namorando Ian, os dois estavam muito felizes e encontrarão pontos muito comuns. Se isso afetava emocionalmente Marquesa, não mais do que ter visto sua mãe beijando seu pai.

Marquesa se levantou da borda da piscina onde estava molhando os pés, despediu-se do casal e foi caminhar, passou na frente do restaurante, não viu ninguém conhecido, em seguida, foi para a área da churrascaria, havia algumas pessoas conversando, assando carne e bebendo. Era uma família que tinha alugado a área, então recuou de costas para não atrapalhar, sem perceber, debateu-se com Aloísio.

— Opa!

— Me desculpa, Aloísio!

Ela se desculpou envergonhada por ser desastrada. Aloísio riu e relevou, e segui em frente.

— Nossa, nem me cumprimentou! O que eu tenho? — disse Marquesa para si mesma.

Aloísio apressou os passos para alcançar Orlanda. Ela estava conversando com um rapaz, que estava no churrasco. Os dois riam e bebiam caipirinha à vontade, enquanto Aloísio não conseguia esconder os ciúmes. Havia outra piscina, porem era menor e redonda. O rapaz deu um mergulho e quando retornou, tentou fazer Orlanda pular na água, contudo um corria atrás do outro, ela se negava a pular na piscina e era puxada à força; impaciente, Aloísio interveio e separou os dois, mas Orlanda acabou se jogando e o trazendo junto a si.

Orlanda, ao ver Aloísio molhado, gargalhou, jogando mais água sobre ele.

— Pare, Orlanda! — ele segurava os braços dela, mas ela se jogou em cima de Aloísio e o beijou.

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