Cantor ou Segurança

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Chegando em casa, Marquesa enviou uma mensagem para a irmã de Ian, contando sobre o beijo inesperado.

- Meu Deus! Demorou tanto tempo, eu não posso acreditar! - disse Orlanda, do outro da linha, com um tom de comemoração - Vocês estão juntos finalmente!

- Não! Eu não quero ver seu irmão nem pintado de ouro, estou decidida a um começo e não recomeço.

Os dias passaram como foguete se despedaçando pelo espaço; Marquesa evitou ao máximo falar de Ian, e Orlanda conseguiu marcar um encontro com um admirador secreto que havia conhecido na internet.

Orlanda contou com a ajuda de Marquesa, que emprestou o vestido preto, o mesmo que aquele que fora mergulhado pela piscina.

- Use este chapéu, ele vai ficar bonito - recomendou Marquesa, lembrando-se do beijo que deu em Ian, quando este segurava o chapéu no alto da cabeça.

- Obrigada, amiga - Orlanda agradeceu e se apressou para aguardar o rapaz que viria até a casa de Marquesa, buscá-la.

- Seu pai não sabe de nada, não é?

- Não. Estou tomando todo o cuidado para não precisar ser seguida e suportar seguranças no meu pé o dia inteiro - suspirou Orlanda, jogando-se na cama.

- Cuidado! Vai amassar o vestido! - repreendeu Marquesa.

Alguém tocou a campainha e Orlanda se desesperou, foi ao banheiro para finalizar os toques na maquiagem e Marquesa desceu às pressas para recepcionar o visitante.

- Não se preocupe, logo, ela descerá. Quer alguma coisa para beber? - ofereceu, tentando estar calma.

- Não, obrigado - o rapaz estava usando um paletó azul de veludo.

Orlanda descia as escadas elegantemente, segurando na ponta do chapéu e escondendo seus olhos de maneira peculiar, deixando transparecer apenas a boca vermelha igual a pimenta.

- Está deslumbrante, estou sem palavras - surpreendeu-se o rapaz, oferecendo a mão para guiá-la até o carro.

- Desejo uma festa inesquecível a vocês - desejou Marquesa enquanto acenava para o casal que adentrava ao carro.

Quando chegaram ao destino, Orlanda e o rapaz foram para a entrada VIP. Uma festa de gala, com garçons perambulando e carregando bandejas, além de uma cantora e seu longo vestido vermelho de veludo, arrastando-se pelo chão.

Orlanda sentou-se a mesa e bebericou o champanhe. Tirou o chapéu e o dobrou estrategicamente para caber na pequena bolsa e não entregar amassado à sua amiga.

A cantora deu o sinal dos casais se levantarem e irem a pista de dança. Cantou um bolero e depois dos aplausos, Orlanda já tinha esvaziado sua taça, e a próxima chegava com o garçon sorrindo.

- Onde fica o banheiro, por gentileza? - perguntou, decidida ir atrás do seu companheiro.

- Lá atrás, você percorre o corredor até o final e vira à direita.Obrigado - informou o garçon.

- Obrigada

.

Orlanda se levantou, deixou sua taça ainda no começo e foi procurar pelo o rapaz gentil e interessante que ela tinha conhecido. Ela parou por um instante e recostou na parede em frente a porta do banheiro masculino.

- Orlanda?

Ela se virou para o lado esquerdo, onde vinha a voz.

- Aloísio? O que faz aqui?

- Eu estava curtindo a noite e acabei vendo você, então vim atrás para cumprimentá-la. O telefone de Orlanda apita e era uma mensagem do seu par naquela noite.

- Nossa, que maravilha! Não se pode confiar em ninguém, acabei de ser deixada aqui, acredita? O infeliz sentiu dor de barriga e teve que ir embora.

- Essa foi a desculpa mais estranha...

- Dor de barriga...por que ele não me esperou!

- Ele é casado. E a mulher dele é a cantora.

- O quê?! Criativo você, hein! Se ele tivesse soltado uma história desse nível, convenceria-me.

- Estou falando a verdade - afirmou Aloísio, mostrando a foto contida no próprio celular.

- É o casamento dele?

- Perceba que a mulher ao lado dele é a cantora de boleto que está no palco.

Orlanda, paralisada, foi amparada por Aloísio, que a convidou para ficar e aproveitar a noite, esquecendo do rapaz.

- Não sei se consigo seguir em frente assim...

Aloísio segurou sua mão e deu aquele sorriso estonteante para ela, como se a estivesse convidando para uma dança naquela noite.

- Dance comigo.

Ela confirmou com a cabeça, mas seus olhos miraram para o revólver que estava no bolso da calça dele. Sem entender, Orlanda sentiu um aperto no peito e pediu desculpas por não continuar ali, e se distanciou dele, arranjando uma desculpa para fugir. Ela acelerou os passos e ao dizer que iria a banheiro, Aloísio a seguiu com os olhos e a viu ir em direção à saída. Logo, ele compreendeu que Orlanda sentia medo dele e, então, apressou os passos, indo ao encalço dela.

Os dois saíram, e Orlanda acabou tropeçando na calçada, torcendo o pé direito.

Aloísio correu para ajudá-la.

- Não! Por favor, não me machuque! - seus olhos suplicavam piedade.

- Do que está falando, Orlanda? Eu não estou aqui para feri-la.

- Você tem uma arma! Socorro!

- Acalme-se! Eu não vou usá-la! - sem esperar o consentimento dela, Aloísio a carregou em seus braços e a levou para seu carro.

- Eu não estou aqui para machucá-la! - ele repetia para ela.

- Beba água - ele ofereceu a sua garrafinha de água para ela se tranquilizar.

- Quem é você? Nosso encontro não foi coincidência, não é?

Aloísio respirou fundo e não soube responder nada.

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