Um reencontro inesperado

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Carla era uma mulher linda, sorriso encantador, preenchido por um batom vermelho cereja. Seus olhos redondinhos e grandes, seus cabelos cacheados e dourados; em torno de seus quarenta e quatro anos, Carla tinha um passado nem um pouco a se orgulhar, mas fazia parte de sua vida e agora ela tinha que reconquistar a sua filha, já adulta e vacinada. Ela estendeu a mão para aquela, abandonada há mais de vinte anos.

- Você deve saber sobre a nossa história, mas preciso dizer minha versão.

- É coincidência ou você só apareceu quando meu pai melhorou de vida - questionou Marquesa olhando de soslaio para Martino, marido atual de sua mãe biológica, ele tinha feições asiáticas e era pura simpatia, apaixonado pela mulher.

- Não tem a ver com seu pai, mas com nós duas, Marquesa - dizia a mulher, tentando amenizar a rigidez do olhar de Marquesa.

- Você me abandonou! Não tem explicação!

- Tem sim! É a explicação que eu posso dar! Eu era muito jovem e inconsequente!

- Você tinha pouco menos do que eu tenho hoje e não era nenhuma criança ou adolescente. Impiedosa e desamorosa, você foi tudo isso e um pouco mais. Nem sei por que está aqui, não preciso mais de você.

Aquilo destruiu Carla completamente. Martino apoiou a mão no ombro da esposa e interviu na conversa.

- Marquesa, eu sei que não faço parte de sua família, mas eu preciso dizer que fui uma das pessoas a sofrer com toda essa história. Casado há pouco tempo, permitiu a esposa viajar por um ano para estudar, mas ao retornar ela conseguiu esconder o segredo de mim por mais de dez anos. Nosso casamento não foi mais o mesmo desde que ela voltou dos Estados Unidos. Quando eu descobri, foi mais que uma facada no peito, houve o divórcio e eu disse que se ela não tivesse mentido e trazido você, eu aceitaria com todo amor, pois sua mãe é a mulher da minha vida. Eu estava disposto a aceitar a filha de outro homem pelo nosso amor.Marquesa, eu sei que sua mãe não é digna de seu perdão, porém ela está aqui e não vamos levar nada nesta vida, por favor, tente ouvi-la sem precisar chamá-la de mãe.

As duas se olharam e se permitiram conversar, não para fingir que nada aconteceu, mas para praticar o perdão, pois a mãe verdadeira sempre será uma mulher, e o nome dela é Selénia.

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