Capítulo 6

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Pedi para Henzo mandar o caminhão com minhas coisas de volta. Fui com ele de carro até minha casa em Paris. Cheguei e a todo momento eu sentia um aperto em meu coração. O abracei forte. Ele era um grande amigo, não queria perde-lo. Infelizmente as coisas acontecem, devemos nos preparar para o pior, sempre.

- Irei sentir muito a sua falta. Sei que mal nos conhecemos, mas criei um grande carinho por você. - falei segurando em suas mãos. - Foi nessa escadaria que conheci você. Sempre que eu sair irei me lembrar.

- E sempre que eu ver as bailarinas se apresentando irei me lembrar de você. Uma injustiça o que meu chefe fez. Se eu pudesse mudar essa realidade...

- Não! Não quero que perca seu emprego. Não se preocupe comigo, vou arrumar algo. Me ligue sempre que puder.

- Irei. Espero que tenha sucesso, para que meu chefe veja o quão absurdo foi ter negado á você sua volta para pegar algumas coisas em casa.

- Também espero fazer muito sucesso. Espero. - eu ri envergonhada.

- Agora eu devo ir, meu chefe quer partir logo. Iremos á Bélgica o quanto antes.

- Bélgica! - suspirei imaginando. - Faça boa viagem, tenha seu bom humor habitual e seja o melhor palhaço que eu sei que você é.

Nos abraçamos novamente. Começou a chover e ele partiu. Da forma como nos conhecemos, nós nos despedimos.

Subi e parei em minha porta. Respirei, mas antes que eu pudesse entrar, ouvi gritos. Gabriela chorava.

Rapidamente eu abri com minha chave e olhei a cena.

Um rapaz gritava com minha melhor amiga. Ela estava no chão, com uma barriga de gravida já considerável. Tinha marcas de tapa em seu rosto e um nariz com sangue que se misturavam ás lágrimas.

Fiquei imóvel.

- É sua amiga, Gabriela?

- Quem é você? O que faz na minha casa? O que fez com Gabriela?

- Eu sou o pai da criança que sua amiga carrega. Ela cometeu um erro grave. Não irei tolerar.

- E eu não irei tolerar você nem mais um segundo em minha casa. Vou chamar a polícia!

- Você vai? Não acho que conseguirá. - ele veio em minha direção.

- Não tenho medo de você. Vai pagar caro por ter batido em minha amiga. - disse socando seu rosto.

- Sua amiga mereceu. Eu disse á ela que não queria filhos.

- Por que você não pode aproveitar essa oportunidade maravilhosa que a vida lhe deu? Abrace essa ideia. Seja um pai.

- Eu não quero ouvir sermão de uma bailarina fracassada na vida.

Me senti em meu limite. Pulei para cima do rapaz e ambos caíram. Estapeei seu rosto, corri dele e puxei Gabriela, para fugirmos, até que eu encontrasse um policial. Com o jovem no chão, a ponto de se levantar, tranquei a porta.

- Vou quebrar tudo por aqui, destruir sua casa.

- Contando que você não encoste mais um dedo em minha amiga, pode botar até fogo nesse apartamento. Não vai encontrar o isqueiro nem o fósforo mesmo.

Quando me virei, dei de cara com Cézar.

- Sr. Belmont, qual o desprazer de sua visita? - fui irônica enquanto olhava as feridas de Gabriela.

- O que houve aqui? - ele tentava forçar uma preocupação.

- Qual seu interesse nisso? Por que já não está a caminho da Bélgica?

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