Acordei com alguém a passar-me a mão pelo cabelo. Abri os olhos e vi o Dean, ali ao meu lado.
-Bom dia, gata.
-Bom dia, baby. Desta vez não te foste embora, não.
-Eu prometo o que cumpro.
-Espero bem que sim.
Olhei para ele e só depois é que eu reparei num arranhão enorme no ombro dele, que ele ganhou ontem na luta porque o outro tipo estava a lutar com um copo partido.
-Passa-se alguma coisa?-ele perguntou.
-DROGA! Esqueci-me que ontem tinhas estado a lutar com um retardado que tinha um copo partido. Olha só para ti! Deixa-me ver isso.
-Não te preocupes...
-O tanas!
-Eu tratei de mim próprio ontem. Antes de teres aparecido e teres gritado comigo.
-Ah, ok. Qual é que foi a primeira vez que beijaste alguém?-perguntei, curiosa. Foi a primeira coisa que me veio à cabeça, para me distrair da tristeza de ontem. Ele riu-se e disse:
-Bem, eu tinha 15 anos. Estava numa floresta no Texas, no meio de uma caçada, e tinha-me separado do Sammy e do Bobby para ir procurar um vampiro. De repente, ouvi alguma coisa atrás de uma árvore. E tu?
-Eu tinha 13 anos. Tinha fugido da escola porque a minha professora era uma idiota, então eu discuti com ela e acabei por fugir da sala de aula por uma janela. Fugi até uma floresta e ouvi alguém a correr. Achei que era o meu pai ou a polícia, portanto escondi-me atrás de uma árvore. Mas continua o teu.
-Ok. Bem, eu fui até essa árvore e encontrei uma miúda com uma jaqueta preta com um capuz que lhe escondia o cabelo, que me apontou a arma à cabeça e perguntou-me se eu era da polícia. Eu ri-me na cara dela e disse que não, que vinha caçar. Fiquei a saber que ela também caçava. Ela perguntou-me o meu nome e eu dei o primeiro nome que me veio à cabeça. Acho que foi Alexander Tyler.-arregalei os olhos ao ouvir aquele nome. Foi o nome exato que o rapaz me disse, e tudo estava a bater certo. Será que...
-Depois, ela disse-me que se chamava Sage Hunter. Ficámos a conversar durante um bocado até que finalmente encontrámos um tipo com a boca cheia de sangue, e dentes de vampiro. Ele veio atrás de nós e espancou a Sage. Ela estava a perder as forças, deitada no chão, depois de ter morto o anormal. Eu implorei para que ela ficasse comigo e ela sobreviveu. Curei-a junto a um lago. Eu perguntei-lhe quando é que a veria outra vez e ela disse que sempre que eu quisesse ela estaria ali. E depois disse que eu era giro e beijou-me. Foi um dos melhores beijos que já me deram na minha vida. Não há amor como o primeiro, certo?
Fiquei perplexa ao ouvir aquilo tudo. Aquela era a minha história. O meu primeiro beijo.-E tu, como é que foi o teu?
-Eu beijei o Alexander Tyler enquanto ele me salvou a vida junto a um lago no Texas.
-O quê?! Tu estás a querer dizer que... És a "Sage Hunter"? Que foste o meu primeiro beijo e que eu te reencontrei depois destes anos todos? Que me deste um nome falso tal e qual com eu, que disseste que eu era giro e me apontaste uma arma à cabeça?!
-Sim. Mudaste muito.
-Tu também. Mudei para melhor ou para pior?
-Pior.-ele fez uma careta.-Estou a gozar, ok? Claro que mudaste para melhor.
-Tu também. Mas só de cara, porque continuas a ter a mesma personalidade. Eu não estou a acreditar nisto...
-Nem eu...
-E o mais estranho foi quando eu contei ao Bobby, porque ele disse: "Tu, se tivesses uma irmã até ela a beijavas.". E o Bobby foi o nosso pai adotivo enquanto o nosso pai esteve desaparecido.-ouvir o nome do meu pai trouxe-me aquele sentimento de culpa de ontem, o que fez com que eu agora usasse um tom de voz muito mais pesado e depressivo.
-Estranho saber que eu já fui tua "irmã"...
-É, não é?
Acenei com a cabeça. Ele deve ter percebido o que se estava a passar portanto não tardou em envolver os seus braços à minha volta. Isso despertou em mim aquele sentimento de segurança que só ele me conseguia trazer, mas nem a segurança acalmava a dor.
-É melhor nós nos irmos preparar.-eu disse. Não queria acreditar que eu ia ao funeral do meu pai, era demasiado triste para acreditar.Meia hora depois...
Fui até às gavetas e tirei de lá o único vestido preto que eu tinha. Calcei uns saltos altos, arranjei o cabelo rápido e saí do quarto, sem dizer uma palavra. O Dean estava lá fora à minha espera no Impala, junto do Sam. Entrámos no carro e nem pusemos música. O ambiente estava muito pesado ali dentro. Fazia um silêncio desconfortável e estávamos todos tristes. Abri o diário do meu pai, que eu levava para todo o lado e passei a mão pela capa de couro, que eu passava horas a tratar para nunca se estragar. Li as anotações dele sobre monstros, as anotações que me ensinaram a caçar. Vi a fotografia dele, do Dean e do Sam juntos, que me ajudou a encontrá-los. Quando eu era mais nova, eu olhava sempre para uma fotografia onde estavam o Dean, o Sam e o meu pai, quando eles eram mais novos. O Dean devia ter uns dezoito anos naquela foto. Eu ficava a olhar para a foto e a pensar que seria bom eles também saberem que eu existia. Ficava a pensar: "Se eu conhecesse este loiro giro, será que ele também iria gostar de mim?". Sim, não me julguem, mas talvez eu tenha tido uma crush no Dean só pelas fotos e pelas coisas que o meu pai lhe contava. Talvez tenha sido por isso que nunca tive um namorado, ou porque fui sozinha ao baile de finalistas. Porque estava demasiado apaixonada por um estranho que nem sequer me conhecia.
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Oi gente! Então era daí que o Dean e a Piper se conheciam... Devem ter muito, para não se reconhecerem numa coisa tão importante como o primeiro beijo... Just sayin'... Adeus, e até ao próximo cap!
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The Singer Kid
FanfictionPiper, a filha de Bobby Singer, anda há anos à procura do pai. Finalmente encontra os Winchesters, que ela sabe que a podem ajudar. Será que eles vão ser só mais uns caçadores para Piper Singer?