Capítulo 1

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- Ella, acorde! Eu sei que você quer passar a suas férias para descansar mas, preciso de sua ajuda. - acordo com minha tia me chamando.

Tudo isso não passou de um pesadelo.

Há algumas semanas, venho tendo sonhos estranhos mas tudo relacionado aquela floresta. Não entendo o porque.
Mas esse sonho foi o mais aterrorizador. Quem é aquela pessoa?

Bom, dúvidas a partes, preciso ver o que minha tia quer.
Thelma foi a única pessoa que me acolheu depois da morte de meus pais. Mesmo perdendo a irmã, me educou como uma filha e eu a respeito por isso.
Com todo esse amor, as vezes chegamos em um impasse e brigas feias sempre acontece. Mas hoje é especial. Amanhã, Thelma irá se casar, nisso me mudarei para minha futura universidade. Serei independente e sinto que finalmente estou tendo um rumo certo em minha vida.

Depois de ter tomado um belo banho, me junto com Thelma, para tomar o café da manhã.
Assim que entro na cozinha, minha tia pergunta:

- Ella, você pode, por favor, ir no buffet para mim?
- Sim, mas porque?
- Eu convidei mais algumas pessoas para o casamento. - disse Thelma evitando de olhar para mim.
- Não acredito! Thelma, você sabe muito bem que está encima da hora para convidar mais pessoas. - falo com um tom de raiva na voz.
- Sim, eu sei, mas eu tive que convida-los​. - disse se desculpando. - Então, você vai? - disse Thelma se virando para mim.
- Ok, tudo bem, eu vou. - digo me acalmando.
- Obrigada, querida. E depois, você pode dar uma olha no sótão?
- Sim, o que tem lá? - pergunto meio em choque. Porque ela me pediu para fazer isso?
- Tem algumas caixas sua guardada e queria saber se você irá doar ou não. Já quero resolver isso antes do casamento.
-Tudo bem, faço isso. - falo sorrindo.

Ela me lança um sorriso e deixa a cozinha. Termino de comer meus cereais o mais rápido que posso pois o dia será corrido. Quando termino, troco de roupa, pego o carro e vou até o local onde o buffet está sendo preparado.

Tudo ocorre bem indo lá, chego mais aliviada em casa, não estava confiante em que a organizadora teria que concordar em aumentar a comida para o casamento, que iria acontecer depois de amanhã, mas no fim deu tudo certo.
Na volta para casa, estou bastante curiosa. Faz um bom tempo que não subia para o sótão, espero achar recordações para levar junto comigo na mudança. Tendo pensado nisso, corta o meu coração. Minha vida é essa casa, sei todos os defeitos dela, defeitos que aprendi a amar. Sempre fui uma garota de poucos amigos, por isso passava horas na casa brincando com minha tia enquanto ela podia ficar comigo.
O sótão, Thelma sempre me proibiu de subir até lá enquanto eu era criança. Nunca disse o porque, mas quando fui crescendo, perdi a curiosidade que sempre tive e nisso ela nunca mais foi tocado no assunto, até agora.
Primeiramente, estranhei Thelma ter me pedido esse favor mas deixei quieto. Com certeza, ela se esqueceu do que tem guardado lá em cima e hoje quero descobrir o que é.

Quando entro no sótão e acendo a luz, minha animação desaparece. São pilhas e mais pilhas por todo o cômodo.
- Isso vai demorar o dia inteiro!

A manhã se esvaí. Passei as horas estabelecendo uma ordem na bagunça.
Separei as caixas em roupas e brinquedos, que serão doados e algumas caixas de fotos e pertences, que irei olhar mais tarde.

Retirando as caixas, o cômodo foi sendo esvaziado, até sobrar algumas pilhas no canto.
No momento da empolgação de ver algumas fotos minhas de quando era criança, encontro um baú escondido no canto com várias caixas em cima.
Pego e o coloco em meu colo. É lindo.
Mesmo tendo passado esses anos nesse lugar, os desenhos ainda permanece intacto.
O baú originalmente de madeira, é talhado de folhas de metal. Não havia uma chave que o trancasse, mas está aberta.

Eu sei que isso não é correto de se fazer, mas não consigo evitar de ver o que tem dentro.

Com toda a curiosidade do mundo, abro o baú. Encontro cartas e mais cartas de anos lacradas ainda.
Pego uma e leio o destinatário e me surpreendo.

- Essa carta é para mim, mas nunca tinha recebido antes. - falo em voz alta.

Sem entender, pego outra e o destinatário está ao meu nome de novo. Olhando todos os destinatários das cartas, todas elas estão em meu nome.

Essas cartas são para mim. Porque não recebi nenhuma elas? Porque alguém iria fazer o favor de guarda-las?
A princípio fico nervosa e compreendo o porquê de Thelma de nunca me deixar entrar aqui. É por causa disso.
Essas cartas pararam de ser enviadas, faz alguns anos e Thelma deve ter esquecido da existência delas.
Abro uma e começo a ler:

"Oi querida. Esse é o seu sexto aniversário e ano consecutivo que te mando essas cartas. Sei que você nunca irá le-las por enquanto, mas quando se tornar mais velha, torço que você as encontre.
Thelma esconde essas cartas de você, porque tem raiva de mim e as guardas porque tem medo de perder você.
Gostaria muito de poder te abraçar e de te ver crescendo.
Gostaria estar ao seu lado enquanto você dorme.
Gostaria de te levar na escola.
Gostaria de ver você perdendo o seu primeiro dentinho.
Gostaria de abraça-la e desejar feliz aniversário quando você acordasse.
Mas não posso. Sinto muito que isso tenha caído sobre você. Queria muito que entendesse, mas ainda é muito nova.
Não sei se você irá receber essa carta, mas quero que saiba, que você sempre estará aqui em meu coração.
Parabéns querida, sempre terei orgulho de você.
Com amor,
Charlie Salles."

Não acredito no que acabo de ler.
A minha visão começa a ficar embaçada e as minhas mãos a tremer. Não consigo mais me controlar. As lágrimas começam a escorrer.

- E-eu não entendo. Charlie Salles era o nome de meu pai e ele morreu quando eu era bebê...

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Nota: Espero que vocês estejam gostando da história, votem e comentem. Suas opiniões é muito importante para mim. :)

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