Capítulo 10

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Mesmo no banho, aquele sorriso não saía de minha mente.
Quanto mais me lembrava daquele específico e único momento, o desejo de sentir aqueles lábios em minha boca, me devorava.
A vontade de joga-lo em minha cama e arrancar a sua camiseta para poder passar as minhas mãos em seu peito, me consumia cada vez mais.
Eu não estou pensando logicamente, mas o desejo era insaciável, é como se ele tivesse jogado um feitiço em mim, e esse feitiço se tornava cada vez mais forte.

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E mesmo depois de adormecer, aqueles olhos me perseguindo não saíam de meu sonho, e o desejo era quase impossível de acabar.

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Apesar de tudo o que aconteceu no dia passado, de manhã, acordei com o telefonema de Thelma, me pedindo, ou melhor, me implorando para encontrar com ela na casa de Charlie.
Não sinto ódio dela, mas sinto que fui traída pela única pessoa que esteve ao meu lado. E essa sensação de traição, não será fácil de esquecer.

Sim, eu não posso negar, torci para que eu pudesse encontrar com aquele homem, Brayan, no elevador. Mas nem sempre conseguimos tudo o que queremos.

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Não esperava encontrar Thelma naquele estado, toda triste. Pude perceber que ela chorou o dia anterior inteiro, seus olhos estavam inchados e vermelhos. Nunca vi Thelma assim, e isso me deixou mal, mal por fazer isso com ela.
— Ella, me desculpe. - disse me abraçando assim que me viu. Ela não parava de pedir desculpas e isso estava me cansando.
Não sou uma pessoa má, mas isso estava exageradamente constrangedor.
— Acho que precisamos ter uma conversa. - disse Charlie vendo como eu estava ao lado de minha tia.

Rose quieta em um canto, nos conduz até a cozinha. Não posso culpa-la, mas Thelma ainda tem algum ressentimento em relação a ela. Christopher não está em nenhum lugar, deve estar de cama depois de ontem.
Sentamos todos na mesa, me sentei na ponta onde posso olhar a todos, Charlie e Rose se sentaram a minha esquerda e Thelma na minha direita. Todos estavam quietos, ninguém queria começar. Não entendo o porque dessa reunião agora, mas não posso ficar aqui sentada sem fazer nada.
— Então, o porque disso? - falo gesticulando para mesa.
Thelma olha em mim e depois para o Charlie, e depois volta a olhar para mim.
— Quero que você fique aqui com o Charlie nas suas férias.
— Por que? - pergunto.
— Eu sei que você não pode recuperar todos esses anos longe de seu pai, mas quero que vocês se conheçam.
— E por que você diz isso para mim agora? E não quando eu tinha 5 anos? - falo com um tom de raiva na voz.
— Você tem toda a razão de estar brava, mas estou disposta a fazer isso por você.
— Disposta? Fala sério? Não sou uma criança para você me tratar assim. - não acredito que ela está dizendo essas coisas para mim.
— Ella o que sua tia está falando, é que você pode passar suas férias aqui, para nos conhecermos melhor. Eu sei que temos muitas coisas para falar, e também a Thelma precisa resolver uns assuntos pessoais dela. - diz Charlie.
— O que houve? - pergunto a minha tia.
— Egnom me deixou. - uma lágrima escorre pelo seu rosto fino. Agora percebo como Thelma envelheceu nesses últimos dias, rugas aparecem em partes de seu rosto, onde antes não existia.

Essa não esperava.

Por isso ela está tão arrasada.
— Sinto muito, não sabia. Mas por que ele deixou você? Vocês iam se casar. - comento um pouco mais calma.
— Ella, você não entendeu. O Egnom morreu. - ela estava se controlando para não chorar desde o momento em que cheguei, mas agora lágrimas e mais lágrimas não paravam de brotar.

Essa realmente eu não esperava. Egnom morto? Impossível!

— O que?! Não, não, não, não pode ser. Como, como isso foi acontecer? - Egnom... Não pude nem sequer me despedir dele.
— Foi logo depois de sua partida. Foi um acidente de carro, é o que todos falam. - fala depois de ter parado de chorar um pouco.
— Todos falam? - a raiva se vai de mim, e a tristeza chega.
— Não acredito que foi um acidente, Egnom era bom no que fazia, principalmente, em dirigir. - Thelma esconde algo de mim, posso ver isso, mas não irei abrir mais o buraco em seu coração pela morte de Egnom.
— Entendo. - só essa palavra sai de minha boca, não consigo dizer mais nada.
O que irei dizer? Sinto muito Thelma pelo o que aconteceu com Egnom, mas, mesmo assim sinto raiva de tudo o que você fez em minha vida.
Não sou uma pessoa assim.
As palavras machucam, mas as vezes, o silêncio as consolam.

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