Véu Da Fortuna

V- Recém Separados

Apenas observando, era exatamente isso que Isa estava fazendo, olhando atentamente para cada: carícia, risada, beijo e gargalhada dada por Naomi e Isaac que, eram sua mais nova obsessão.

Isabel passou as últimas duas semanas de maio assim, acordando às 07:30 da manhã e indo até a lanchonete onde, sentava-se a mesa mais afastada e sem ser notada, fingia tomar seu café enquanto via Isaac e seu novo amor servindo-se de capuccino e torradas simples com geleia de framboesa. De tanto olha-los ela havia tirado traços característicos da morena, Isa sabia que Naomi tinha a mania feia de rir de tudo que Isaac fazia; O que a surpreendia era o fato de seu ex noivo nunca ter sido tão engraçado ao seu lado.Desde o começo do namoro, Isabel até tentava, mas nunca foi boa em fingir rir das piadas toscas feitas pelo moreno que por mais que tentasse, não passava de aprendiz de bobo da corte.

Não havia problemas em Naomi tentar agradar Isaac, fazendo-o sentir-se o melhor homem do mundo, ela mesma já tinha agido assim, quando tinha quatorze anos e tentava impressionar o irmão de sua melhor amiga, que no auge dos dezoito anos se apaixonou por ela... Para onde essa paixão havia ido?

Agora só restava observar a felicidade do homem, como vê-lo feliz a irritava, queria que ele sofresse da mesma forma que ela estava sofrendo, era muita hipocrisia Isaac sair vangloriado, bem amado, aparentemente feliz e muito satisfeito. Enquanto ela que, se entregara totalmente ao seu relacionamento, ganhou dois pares de chifres e além de inconformada e incapaz de ficar longe dele, estava completamente endividada. Era isso que merecia por se entregar ao amor? 

Bel tinha muitos sentimentos com as demostrações excessivas de carinho, a cada beijo que eles davam uma raiva latente a percorria,mas, ao mesmo tempo as trocas de olhares recíprocas e apaixonadas a traziam um sentimento de inveja.Isa recriminou-se antes de ser consumida por essa sensação tão ruim que, não a levaria a nada.   

Ainda perdida na vida alheia que parecia bem melhor do que sua realidade, Isabel só percebeu a presença de Thomas quando o loiro sentou na cadeira a sua frente, tampando sua limitada linha de visão da mesa ao lado oposto de onde estava.

Thomas rapidamente, percebeu o que tirava a atenção de sua amiga, e não pode evitar o mix de pena e tristeza que o atingiu. Sem saber o que dizer, ele apenas se calou e arfou pesadamente, na cadeira. 

Isabel por sua vez corou e completamente surpresa olhou para o amigo fingindo um sorriso. Vinha mentindo para Thomas e Jane desde a demissão, dizendo que estava atolada no novo emprego que a consumia demais e pagava bem, a ponto dela recusar idas no bar e qualquer outra atividade.

—Tomy, o que faz aqui?

—Então esse é seu novo emprego? —Perguntou ao apoiar os cotovelos na mesa e juntar as mãos

Isa ruborizou e tentou se explicar —E-eu...

—Bel, não faça isso com a sua vida, parte para outra!—Disse com seu tom mais calmo

—Eu não estou fazendo nada demais, só estou olhando o cardápio... para escolher um acompanhamento para...meu café—Pegou a caneca branca com o líquido já gelado e deu um gole—Só estou indecisa.

Thomas tirou o cardápio das mãos de Isa e o colocou da maneira correta —Estava de cabeça para baixo!

Isa passou os dedos por seus cabelos e os balançou, da mesma maneira que fazia quando estava exaurida e/ou frustada

—Eu... —Suspirou e largou o cardápio desistindo de se justificar

—Não precisa mentir para mim —Tomy tocou o pulso da garota

—Eu só queria vê-lo, e essa infelizmente, é a única maneira. Ele não apareceu em nossa casa para pegar as roupas e nem me ligou para saber como eu estava, estamos separados há duas semanas depois de oito anos... Ele me esqueceu!