I-O Não casamento

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A música estava alta demais para aquele horário em plena segunda-feira, mas, Isa não se importava com as consequências de está infringindo a lei do silêncio.

Com os cabelos completamente desgrenhados ela remoia a sensação horrenda de está vivenciando seu pior pesadelo. Não havia maneira possível de sair do buraco após ter sido deixada sozinha em seu próprio casamento,não era possível ter uma boa perspectiva após ser humilhada em frente a todos que conhecia.

Isabel deu o último gole em sua décima taça de vinho e continuou sentada em posição fetal,apenas de sutiã e calcinha, olhando para seu vestido de noiva completamente, sujo por sua bebedeira na noite passada. Ela analisava cada detalhe minúsculo da representação de um sonho de anos que, estava ao alcance de seus dedos e agora não se concretizaria.

Ao lado de sua garrafa de vinho praticamente vazia, ela tinha apenas o seu celular e um dos convites perfeitamente escolhidos por ela para seu casamento. O papel de boa qualidade de cor chá com uma bela e fina fita vermelha no canto ,com os nomes Isabel e Isaac,além da seguinte frase em letra bem feita e legível no centro : "Alguns dizem que um amor de adolescência não leva a nada, o nosso levou ao altar. Venha comemorar e presenciar nossa cerimônia de casamento. Onde confirmaremos nosso enorme amor que será eterno". Tais palavras despertavam fúria e tristeza, o que fazia Isa chorar e encher sua taça grande e gorducha .

Aquela atitude não melhoraria em nada a mágoa que ela sentia e o apartamento a qual morava há dois anos, com milhares de fotos do casal espalhadas só a deixava a situação mais insuportável.  Porém o que ela poderia fazer? Como ela poderia seguir em frente se o dia que deveria ser o mais feliz de sua vida se tornou seu o pior pesadelo. Como esquecer alguém que de uma hora para outra sumiu sem dar explicações? Alguém que dizia te amar, mas  desistiu de um futuro próspero e feliz ao seu lado? Como esquecer as promessas de amor? Os planos feitos pelo casal? E tudo que foi gasto com a organização do casamento, desde tempo ao dinheiro?

Isabel sentia que a cada segundo que passava sozinha naquela sala, relembrando todos os momentos de alegria que havia tido ao lado do noivo, apenas deixava seu estado mais deplorável, pois seu coração apertado e partido doía e fazia o choro ficar radicalmente, descontrolado.

O vazio em seu peito era a prova de que ter mandado os amigos embora naquela manhã havia sido um erro. Ela havia sido ingrata, os expulsou mesmo depois de Thomas e Jane terem pago sua alta conta no bar e a levarem para casa completamente bêbada. Talvez, se eles estivessem lá ao seu lado, sua casa e seu corpo estariam cheirando a algo melhor que álcool e sua mente estaria menos confusa e perturbada.

Isa viu seu iPhone vibrar e a foto dela com Janete -Jane, como ela a chamava carinhosamente -clarear a tela, era a vigésima vez que ela recebia uma ligação de sua amiga, que com certeza estava surtando de preocupação e enchendo sua caixa postal. Isabel respirou fundo, e mesmo com o raciocínio afetado pelo grande consumo de álcool e pela manifestação visível de tristeza, ela pensou em como a amiga deveria estar se sentindo pelo o que acontecera e logo resolveu atender.

—Alô ?—Ela usou o tom mais normal que conseguia, porém,ao ouvir o som de sua própria voz, percebeu que a embriaguez e a forte fungada que deu,pelo incômodo de ter o nariz escorrendo a entregaram

—Isabel? Eu não estou conseguindo ouvir!—Jane gritou ao telefone e Isa apertou os olhos confusa tentando entender o que a amiga dizia do outro lado da linha.

—Espera!— Isabel falou ao pegar o controle ao seu lado no sofá e desligar o som que tocava:  far away do nickelback em volume estridente.

—Isa? Meu Deus!—Ela exclamou aliviada— Eu estava quase ligando para os bombeiros e para a polícia, achei que você tinha se matado ou bebido até ter um ataque!

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