"Wicked Games" 37.Capítulo

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-Nunca na vida poderias ser o Diabo. -Ri-me enquanto que fingia (inutilmente) que não sentia as mãos dele a descerem para as minhas ancas.

-Nunca? Porque é que dizes isso? -Ele riu.

Preparava-me para lhe responder quando notei ao fundo do bar um homem a olhar para nós fixamente. Sentado num cadeirão com um copo na mão e um charuto no canto da boca. Não dava para entender quais as suas feições ou traços mais específicos por estar demasiado escuro. Tentei disfarçar e rodei dentro dos braços de Tate de forma a conseguir olha-lo directamente e poder assim falar com ele sem que ninguém se apercebesse.

-Devagar, não chames à atenção. Olha para o fundo do bar... Estás a vê-lo?

Tate desviou cuidadosamente o olhar e deitou depois a cabeça no meu ombro.

-Conheces? - Ele questionou baixinho.

-Não faço ideia de quem seja.  Mas não é impressão minha certo? Ele está a olhar, não está?

Ele olhou-me de novo nos olhos e respondeu enquanto sorria tentando disfarçar.

-Está. Mas tem calma... Não deve ser nada.

Interessante que aquela frase não foi muito reconfortante. Tentei ignorá-lo o máximo que pude enquanto estavamos a jogar bilhar. 

(...) 

- A minha mãe mandou-me agora uma mensagem

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- A minha mãe mandou-me agora uma mensagem. - Guardei o telemóvel no bolso das calças. - Temos de ir para casa, vamos almoçar.  

Tate não respondeu, apenas arrumou o taco de bilhar e colocou o braço à minha volta enquanto saímos. 

- Já notaste? - Tate perguntou baixinho enquanto caminhávamos.

-Em quê? 

-Ele está a seguir-nos. 

Senti me gelar desde as pontas dos dedos dos pés às pontas do cabelo. Baixei-me como se estivesse a ajeitar os cordões das sapatilhas e aí notei que ele tinha razão. O homem estava a seguir-nos. Cá fora já era mais fácil notar-lhe algumas feições. Tinha marcas no rosto... Não conseguia distinguir se se tratavam de cicatrizes ou queimaduras mas era algo que o desfigurava. Ainda de charuto no canto da boca e todo de preto. Estatura baixa, calvo, franzino. Mantinha-se a uma distância considerável e observava-nos descaradamente com as mãos nos bolsos das calças. 

-Tate... Podemos andar um bocadinho mais depressa?

-Estás com medo? -Ele riu-se. Embora fosse um riso um bocado mais nervoso que o normal. 

Não respondi e limitei-me a acelerar o ritmo. Ele seguia atrás de mim. Contei exactamente vinte passos e olhei para trás, disfarçando o melhor que pude para dar a entender que estava a olhar para Tate e aí notei... Ele já não estava lá. Já não nos seguia. 

-Desapareceu...

Tate parou e olhou para trás. Ficamos assim a olhar para trás durante algum tempo.

-Deve-se ter cansado. - Ele riu-se tentando brincar com a situação. - Tem calma... - Colocou o braço de novo em torno de mim e puxou-me para ele. 

Não demorou até chegarmos a casa. Abri o portão de ferro principal e fiz passagem para ele. Quando me preparava para o fechar Tate agarrou-me pelo pulso e puxou-me para trás dele. 

-Tate? O que é que se passa?

Ele desviou-se ligeiramente da entrada do portão para eu ver... O mesmo homem que nos seguira estava do outro lado da estrada. Não se dera sequer ao trabalho de disfarçar. Apenas nos observava directamente, com as mãos nos bolsos. A respiração de Tate ficou acelerada. 

-Eu já volto. 

Não tive sequer tempo de o segurar. Ele começou a caminhar na direcção do homem que apenas se virou de costas e começou a andar em direcção ao interior da floresta. Tate não deixou de o seguir mas não demorou muito até que aparecesse de novo na estrada. 

-Desapareceu... O que é que tem daquele lado?

-Mato, árvores... Nada de especial. É uma zona de caça. -Respondi fechando o portão após o deixar entrar. 

Ele segurou-me na mão e sorriu nervoso. Não respondeu e a conversa morreu mal entramos em casa. Tentei durante todo o almoço abstrair-me o mais que podia do que se tinha passado mas... Quem seria aquele homem? Porque é que nos seguiu? Numa questão de segundos uma conclusão óbvia de todo aquele cenário fez-me sentir um arrepio na espinha. Quando notamos que nos seguia, ele estava bastante distanciado de nós. No espaço de se percorrem 20 passos ele desapareceu e só voltamos a vê-lo à frente da casa... Levantei-me da mesa.

-Tate ajudas-me a levantar a mesa? 

Provavelmente entendeu pelo meu tom que a resposta a dar seria «sim» e por isso levantou-se e seguiu-me até à cozinha com alguns pratos na mão. 

-Está tudo bem Violet? 

-Tate... Não achas estranho só termos voltado a ver o homem à frente da casa? Ele estava a seguir-nos e no espaço de 2 minutos ele já não estava atrás de nós. Tate.... aquele homem sabia onde nós moramos.   

-Violet pensa bem... Isto pode até não ser nada mas... tu tens a certeza que não o reconheces de lado nenhum? 

-Absoluta Tate. Eu nunca vi aquele homem na minha vida. 

-Adoro ver-vos darem-se bem... - O meu pai entrou na cozinha e sorriu. Falso. 

Sorri e instintivamente segurei a mão de Tate que manteve contacto visual com o meu pai. 

-Então filha? Não falas comigo? - Ele aproximou a mão do meu rosto mas Tate colocou-se à minha frente. O meu pai riu desviando o olhar. - Que atitude agressiva Tate... Mas é compreensível. Embora... devo dizer-te que não é assim que se trata alguém que te tirou de um inferno. 

Ele sorriu, ajeitou a camisola de Tate e saiu da cozinha. Este segurou-me contra ele num abraço bem forte enquanto eu me tentava controlar o melhor que podia. 

-Violet... Olha para mim. O que aconteceu quando eras menina... Tudo o que ele te fez, eu não vou deixar que se repita. Confias em mim princesa?

Anui e abracei-o com força.

TATE LANGDON:

Sorri e beijei-a na face. E aí notei nos olhos dela em lágrimas e na sua pele rosada. Ela é tão... Não me controlei e beijei-a. Esqueci-me por alguns segundos de quem poderia entrar na cozinha, esqueci-me de tudo o que estava a minha volta. Só conseguia pensar nela... Na única pessoa que se preocupou comigo em anos... No meu anjo da guarda. 

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