"Wicked Games" 41.Capítulo

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(...)

Estremeci onde estava sentada. A forma calma com que ele disse o nome do que tinha assustou-me. É daqueles genuinos momentos em que nos apercebemos que estamos definitivamente perante o proibido.

-Eu uso isto quando quero «viver» a sério. – Ele sorriu. -Alinhas faltar o dia todo às aulas comigo?

Eu sorri enquanto ele fazia duas linhas finas em cima da prateleira. Enrolou um papel em cilindro e deu-me para a mão.

-Suponho que saibas o que tens de fazer... Só aproximares-te um bocadinho e inspirares com força.

Aproximei-me com medo. O meu coração estava muito acelerado. Conseguia sentir o seu batimento como se me fosse saltar pela boca. Fiz exatamente como ele me explicou e não senti nada. Só desconforto nas minhas narizas e vontade de tossir. Ele fez exatamente o mesmo e encostou-se de novo à prateleira. Fechou os olhos e puxou-me para o peito dele. Aconcheguei-me nos braços dele e não demorou muito até que começasse a sentir espasmos na minha perna direita. Mudei de posição mas nada fazia os espasmos pararem. Concentrei-me no batimento cardíaco dele e aos poucos e poucos apercebi-me do quanto acelerava, mas o corpo dele permanecia estranhamente calmo. Quanto mais me concentrava mais o batimento cardíaco dele parecia aumentar, era a única coisa que conseguia ouvir. E aí começou.... Comecei a sentir os meus braços ficarem pesados, ter espasmos nos músculos. Não conseguia ficar quieta e estes espasmos tornaram-se de tal forma violentos que me levantei de um pulo dos braços dele. O meu coração acelerou muito...Sentia a minha respiração muito profunda.

-Temos de ir correr.

Ele riu-se às gargalhadas do que disse mas limitou-se a agarrar o casaco e fugimos da escola a correr pelo portão principal. Corri como se estivesse a tentar salvar-me de alguma coisa, e ele corria à minha frente de mão dada a mim. Eu via o mundo bastante distorcido, isto é, como se tudo à minha volta estivesse demasiado lento, parado, enquanto eu estava a funcionar a uma velocidade absurda. Só paramos de correr quando entramos na primeira camioneta que vimos. Estava quase de partida quando Tate travou a porta com a perna e me empurrou lá para dentro. Puxou-me para os últimos lugares. Estavamos sozinhos na camioneta , ria-me alto com ele e apercebia-me de vez em quando nos olhares do condutor que nos julgava em pensamento. Mas rapidamente se esquecia de nós e regressava ao seu mundinho.

Olhei Tate nos olhos. Tinha as pulpilas muito dilatadas, como se um abismo se tivesse aberto nos seus olhos. Tinha um sorriso estampado. O mesmo sorriso perigoso que me fascinava.

-O que é que sentes?

-Adrenalina. Muita adrenalina. Não consigo estar quieta porra... – Ele riu-se e fez-me deitar no banco, inclinando-se sobre mim. Tive a breve impressão naquele momento de que o meu coração ia explodir dentro da minha caixa torácica. Beijou-me o pescoço e fez a sua mão escorregar por debaixo da minha blusa. Todos os possíveis pensamentos que deveriam ter-me atingido naquele momento desapareceram. Não estava preocupada em ser apanhada, nem com o que iria acontecer dali para a frente. Só sentia uma necessidade absurda de esgotar a minha adrenalina de alguma maneira. Mordi o seu lábio e reparei de corou enquanto me agarrou a cintura com força. Empurrei-o para onde estava e sentei-me no seu colo, de frente para ele. Concentrei-me na sua boca e vi como mordia o próprio lábio e ria bem alto. Beijei-o de uma maneira incontrolável, o desejo que sentia naquele momento era algo que desconhecia em mim. Mexi a cintura ligeiramente e apercebi-me de que gemeu ao meu ouvido. Repeti e ele gemeu novamente mas desta vez acompanhado com uma frase que me pareceu «não faças isso». Ri-me e beijei-o de novo. Desta vez ele abraçou-me com força, mas não com força como que num abraço carinhoso, mas sim força de quem está louco de desejo. Puxou do bolso do casaco de ganga uns auriculares e o nosso mp3 quase no fim da bateria e ficamos a ouvir "Heart Shaped Box" dos Nirvana enquanto nos beijavamos de uma forma estranhamente intensa e magnetisante. De tal forma de quando nos apercebemos já tinham entrado imensas pessoas para a camioneta e olhavam-nos com desdém. Corei e sentei-me ao lado dele tentando parecer mais discreta enquanto me forçva para não rebentar a rir. Ele em contrapartida rebentou a rir com a cabeça inclinada para trás.

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