"Wicked Games" 5. Capítulo

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 Descemos as escadas a correr e apenas tivemos tempo de ver os meus pais saírem apressados de carro.

-Mas que raio é que se passa? Para onde é que eles vão levar o Johnny?

Tate tinha um olhar enraivecido e preocupado enquanto caminhava freneticamente até à janela. Afinal trata se do seu irmão mais novo... Peguei no telemóvel e liguei para o do meu pai, acabando por comprovar que este se tinha esquecido do mesmo na mesa da sala. Tentei o contacto daa minha mãe e mais uma vez nada...

Mas numa questão de segundos, esta tentou por sua vez contactar-me.

--------Início de chamada-------

-Mãe?! O que é que se passou?

-O Jonathan não se estava a sentir nada bem e começou a vomitar muito. Alias eu até lhe coloquei o termómetro e ele está com 39 graus... Eu e o teu pai vamos agora com ele para o hospital.

-MÃE O HOSPITAL É A MEIA HORA DE DISTÂNCIA!

-Vi é bom que me baixes o tom! Tenta ficar calma... É provável que tu e Tate tenham de ficar sozinhos esta noite. Qualquer coisa liga filha.

--------Fim de chamada--------

-Então? O que é que se passa? – Questionou ele mal me viu guardar o telemóvel.

-Bem o Jonathan ganhou febre e começou a vomitar e os meus pais vão leva lo ao hospital.

-Ao hospital? Mas o teu pai não é médico? – questionou mais uma vez, comas faces rosadas de nervos e as pupilas dilatadas. Caminhava freneticamente de um lado para o outro.

-Não tate... O meu pai é psiquiatra! O mais acertado a fazer foi levá-lo ao médico.

-Eu quero ir com o meu irmão Vi! Como é que eu apanho um táxi por aqui?- Caminhou até à lista telefónica o mais depressa possível e virava as páginas a uma velocidade extraordinária.

-Tate são 2 da manhã! Achas mesmo que existem táxis por perto para te levarem para o hospital mais próximo , que só por acaso fica a meia hora de distância?

-O Jonathan nunca saiu do orfanato sem mim, nem foi ao médico sem mim e se estamos vivos os dois e nunca nos separamos é porque eu estive sempre lá para ele! Entendes Violet? Ele nunca esteve sozinho...

Tate deixou se sentar numa das cadeiras ainda puxadas para trás da mesa de jantar e apoiando os cotovelos sobre a mesa, escondeu a face entre as palmas das mãos e numa questão de segundos apercebi me de algumas lagrimas a escorrerem. De repente, naquela questão de segundos eu deixei de ver o Tate que à primeira vista me parecia assustador e intimidante e passei a ver uma nova faceta dele... Uma faceta carinhosa e frágil. Surpreendentemente frágil. Acho que foi então que me dei conta da realidade da sua perspetiva. O irmão era na realidade a única família que ele tinha. Porque de resto, todas as famílias onde esteve inserido, não passaram de meras famílias de acolhimento que ficaram com ele enquanto foi conveniente e depois o abandonaram de novo num orfanato. Aquela noite tinha sido o seu primeiro contacto com os novos «pais e irmã» e ... para um simples rapaz de 17 anos isso é imensa informação para reter numa só noite...

Fiquei a sentir me uma inútil ali, de joelhos no chão ao lado da cadeira dele. Não sabia se haveria de falar algo para o consolar ou se me limitava a estar em silêncio. E ai o meu lado mais carinhoso tomou conta de mim. Aproximei da cadeira e pousei a minha cabeça sobre as pernas dele. Demais? Talvez... Mas se há algo que eu sei é que doi não ter ninguém ao nosso lado nos momentos mais difíceis...

Foi então que senti a sua mão direita pousar sobre o meu cabelo, tal como a minha avó costumava fazer enquanto que eu ainda era uma criança.

-Desculpa ter berrado Violet...

-Não te preocupes.. Eu entendo te Tate ... Melhor que o que possas imaginar.

Preparava me para me levantar e foi então que ouvi o seu último pedido.

-Violet?

-Sim.

-Das me um abraço, por favor?

Ele estava ali à minha frente, em pé com os olhos mais mansos e angelicais que alguma vez vi na vida. Limitei me a abraça lo e encostar a minha cabeça ao seu peito enquanto ele me apertou com força entre os seus braços, baixando se um pouco.

-Obrigada princesa. – Ouvi num sussurro muito ténue.

(...)


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