Capítulo 7

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Donna POV.

Em toda a minha vida eu só vi quatro pessoas chorarem por causa da minha deficiência, além de mim mesmo. Foram meus avós maternos - os paternos eu não conheci - e meus pais. Benjamin foi o quinto.

Enxuguei a única lágrima que caiu em seu rosto e tentei entender o porque, afinal, ele nunca nem me disse nem um "eu gosto de você" ou "estou apaixonado por você". Nada que confessasse realmente o que ele sentia por mim. Eu só conseguia pensar em pena, apesar do seu olhar dizer outra coisa.

Ele respirou fundo e ainda me olhava daquele jeito. Aproveitei para retomar o papel e a caneta e escrever:

sinto muito

E eu sentia mesmo. Eu não queria que ele se sentisse triste porque não ia conseguir ouvir nada além de um som rápido vindo da minha voz.

Ele balança a cabeça e escreve:

eu que devo pedir desculpas. foi maravihoso sim ouvir a sua voz, mas você tem tantas outras coisas maravilhosas que

Ele para de escrever de repente e depois de ler a frase inacabada puxo-o para um beijo. Benjamin parecia uma mentira. Parecía um cara que você idealiza e sabe que nunca vai aparecer e já que ele era tudo isso resolvi aproveitar mais. Eu queria beija-lo mais, abraça-lo mais e aproveitar cada segundo.

Ele riu ao pararmos o beijo e logo pegou a caneta de novo.

o seu beijo é maravilhoso, por exemplo, e isso podemos fazer bem calados

Sorri ao ler e cobri o rosto com vergonha. Ele recomeça a escrita e eu já fico curiosa para saber o que ele "falaria".

o parque amanhã ainda está de pé?

Olho para o celular e já é madrugada. Respiro fundo e escrevo:

não sei se vou conseguir acordar

Ele ri e escreve:

eu te acordo

O empurrei de leve rindo pelo o que tinha acabado de ler.

não posso dormir fora de casa, pelo menos não sem avisar

Ele lê, pega meu celular e me entrega. Entendi que ele queria que eu mandasse uma mensagem aos meus pais. Suspiro e escrevo:

eles estão dormindo, não posso avisa-los agora

Ele faz um bico de decepção. Deus, que homem lindo.

podemos deixar para a próxima?

Ele lê e dá de ombros, como quem diz "fazer o que?"

vou me vestir

Escrevo e mostro para ele.

Ele faz que "não" com a cabeça, toma o papel e a caneta das minhas mãos jogando-os longe, e me ataca deliciosamente.

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