Donna.
Quem disse que eu conseguia prestar atenção na palestra do professor de Libras? Ele gesticulou por uma hora e se me perguntarem sobre o que era o assunto eu não saberia responder. Benjamin tirou a minha paz e a minha concentração também. Inferno.
Senti uma cutucada em meu ombro. Era a décima, pelas minhas contas. Mais um pouco e meu ombro afundaria com a marca de seus dedos. Cretino.
Virei-me para olha-lo com uma cara nada simpática. Ele estava bem atrás de mim e estava sorrindo. Parecia uma criança que estava aprontando a todo momento.
- gostou da palestra? - ele perguntou
Eu queria tanto estapear aquelas mãos nas fuças dele!
- sim e você? conseguiu entender? - provoquei
- mais do que imagina.
Cerrei os olhos e me virei de novo para o palco, mas mais uma vez fui cutucada.
- pára de me cutucar!
Ele riu ao ver minhas mãos em pânico.
- temos um intervalo agora, quer tomar um café?
A cara-de-pau dele seria plausível se eu não estivesse com tanta raiva.
- vá buscar outra companhia. Eu passo.
Ele riu de novo como se estivesse se divertindo às minhas custas, então, entrou em meu campo de visão e gesticulou de novo.
- quero conversar com você. Será que podemos ter uma conversa como adultos?
Respirei fundo e pensei em dar uma resposta mal educada, mas preferi o contrário, afinal, poderia ser a minha chance de me livrar dele pra sempre.
- temos dez minutos.
Ele leu minhas mãos ainda sorrindo e me acompanhou até a área do buffet.
Peguei um café com leite e me sentei em uma das mesas disponíveis. Algumas pessoas ainda olhavam pra nós, quer dizer, pra ele. O cretino estava extremamente lindo.
- Donna, eu vim até Londres para a convenção e para falar com você.
Terminei o gole do meu café, deixando a xícara na mesa.
- porque não mandou mensagem? seria mais barato.
Ele riu, claro.
- você sabe que dinheiro não é problema.
Revirei os olhos e retomei a xícara em minhas mãos.
- eu vim lhe pedir uma chance.
Ao ler suas mãos quase engasguei. Deixei a xícara de novo na mesa, mas dessa vez com um pouco mais de ignorância.
- você já teve a sua chance Benjamin. Eu não vou lhe dar outra.
Ele fechou a cara assim que leu minhas mãos. Sua expressão era de tristeza e eu diria quase de dor.
Ficamos em silêncio, às vezes nos encarando, às vezes não, com nossos cafés esfriando sobre a mesa, quando ele finalmente gesticula algo.
- nem se eu disser que mudei?
Engoli em seco ao ler suas mãos trêmulas. Desviei o olhar por uns segundos e o encarei novamente.
Respirei fundo e resolvi prolongar o papo sem fundamento.
- Você terminou porque não conseguiu enfrentar o que eu enfrento todos os dias. E as coisas mudaram, eu estou com o Bruno agora.
Ele bufou e revirou os olhos. Audacioso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Donna
RomanceCurriculum Vitae Donna Waldorf 25 anos, Solteira. Nova Iorque/NY. Objetivo: Secretária Assistente Formação Acadêmica: Administração de Empresas - Universidade de Nova Iorque 2 anos de experiência como Assistente na Clínica Saint Patrick. Administrat...