Capítulo 19

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Donna.

Quem disse que eu conseguia prestar atenção na palestra do professor de Libras? Ele gesticulou por uma hora e se me perguntarem sobre o que era o assunto eu não saberia responder. Benjamin tirou a minha paz e a minha concentração também. Inferno.

Senti uma cutucada em meu ombro. Era a décima, pelas minhas contas. Mais um pouco e meu ombro afundaria com a marca de seus dedos. Cretino.

Virei-me para olha-lo com uma cara nada simpática. Ele estava bem atrás de mim e estava sorrindo. Parecia uma criança que estava aprontando a todo momento.

- gostou da palestra? - ele perguntou

Eu queria tanto estapear aquelas mãos nas fuças dele!

- sim e você? conseguiu entender? - provoquei

- mais do que imagina.

Cerrei os olhos e me virei de novo para o palco, mas mais uma vez fui cutucada.

- pára de me cutucar!

Ele riu ao ver minhas mãos em pânico.

- temos um intervalo agora, quer tomar um café?

A cara-de-pau dele seria plausível se eu não estivesse com tanta raiva.

- vá buscar outra companhia. Eu passo.

Ele riu de novo como se estivesse se divertindo às minhas custas, então, entrou em meu campo de visão e gesticulou de novo.

- quero conversar com você. Será que podemos ter uma conversa como adultos?

Respirei fundo e pensei em dar uma resposta mal educada, mas preferi o contrário, afinal, poderia ser a minha chance de me livrar dele pra sempre.

- temos dez minutos.

Ele leu minhas mãos ainda sorrindo e me acompanhou até a área do buffet.

Peguei um café com leite e me sentei em uma das mesas disponíveis. Algumas pessoas ainda olhavam pra nós, quer dizer, pra ele. O cretino estava extremamente lindo.

- Donna, eu vim até Londres para a convenção e para falar com você.

Terminei o gole do meu café, deixando a xícara na mesa.

- porque não mandou mensagem? seria mais barato.

Ele riu, claro.

- você sabe que dinheiro não é problema.

Revirei os olhos e retomei a xícara em minhas mãos.

- eu vim lhe pedir uma chance.

Ao ler suas mãos quase engasguei. Deixei a xícara de novo na mesa, mas dessa vez com um pouco mais de ignorância.

- você já teve a sua chance Benjamin. Eu não vou lhe dar outra.

Ele fechou a cara assim que leu minhas mãos. Sua expressão era de tristeza e eu diria quase de dor.

Ficamos em silêncio, às vezes nos encarando, às vezes não, com nossos cafés esfriando sobre a mesa, quando ele finalmente gesticula algo.

- nem se eu disser que mudei?

Engoli em seco ao ler suas mãos trêmulas. Desviei o olhar por uns segundos e o encarei novamente.

Respirei fundo e resolvi prolongar o papo sem fundamento.

- Você terminou porque não conseguiu enfrentar o que eu enfrento todos os dias. E as coisas mudaram, eu estou com o Bruno agora.

Ele bufou e revirou os olhos. Audacioso.

DonnaOnde histórias criam vida. Descubra agora