26.

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Amy On


Pigarreei na mesa de jantar, já não suportando aquele silêncio ensurdecedor na mesa. Minha mãe mantinha-se concentrada em sua refeição, Kim comia lentamente apenas com uma mão sobre a messa e eu, os observava atentamente. Respirei fundo, afastei o prato á minha frente e levantei bruscamente arrastando a cadeira para trás sem nenhuma delicadeza.

- Com licença. - Murmurei enquanto me afastava em direção á sacada.

Ouvi uma cadeira arrastar barulhentamente logo em seguida, mas nada foi dito. Apoiei as mãos na grade e abaixei a cabeça respirando "ar fresco". Eu estava frustrada, muito. O que eu tinha imaginado era totalmente diferente do que aconteceu. Eu esperava que minha mãe fosse mais hospitaleira e que Kim a cativasse como faz com todo mundo. Que pela primeira vez eu tivesse algo parecido, no mínimo, como uma tal família da qual só tenho velhas e gastas memórias inúteis. 

Eu não entendo pra que servem famílias. 

Passos se aproximaram.

- Mãe por favor...! Agora não. - Pedi.

Olhei, era Kim. Ele olhava o horizonte de prédios e casas repletas de luzes com as mãos nos bolsos da calça de moletom. 

- Ah... você. - Minha voz mostrou desinteresse.

Ele fechou a porta atrás de nós e parou na minha frente.

- Não vai dizer nada? - questionei impaciente.

Ele caçou as palavras minuciosamente e como não as achou, se sentiu no direito de me puxar para um abraço apertado. Que eu não retribui.

- Minha mãe te fez alguma coisa?? Ela-

- Não.. Sua mãe não fez nada.

- Então me diz o que é Kim! - Minha bochecha contra seu peito sentiu seu coração, e eu tive certeza que por algum motivo ele estava partido.

- Hey Amy... - Ele segurou meu rosto com as mãos e me olhou nos olhos com ternura - Primeiro, desfaz esse bico de choro.

Mordi o lábio e revirei os olhos e ele sorriu fraco.

- Segundo, eu já te disse hoje como você é bonita? Ainda mais quanto ta emburrada.

Cruzei os braços e ergui uma sobrancelha. Ele acariciou minha bochecha com o polegar.

- Terceiro, o que eu mais gosto em você é esse seu coração de gelo que você não permite que derreta pra qualquer um.

Comecei a ficar desconcertada.

- Quarto, você tem noção de como seus olhos brilham? Como você fez pra colocar a galáxia inteira aí dentro?

- Bom alguém me ajudou... - Lancei um significativo olhar para ele como se dissesse "v.o.c.ê".

- É... o céu ta incrível hoje né? - Essa frase me fez ter um grande D'javu, que me esforcei em ignorar.

Ele me soltou e abriu a porta.

- Espera! - Kim olhou pra mim - Não... tem Quinto??

- Bem, o quinto eu não posso dizer... 

- Porque?

Ele fez o maior suspense de todos os tempos.

- Porque é mentira... - Beijou minha testa e segurou o meu queixo delicadamente.

Seus olhos pareciam perdidos como nunca! E sei que ele não estava bem. Mesmo ele não querendo me contar o que houve eu sei que tenho que ajuda-lo. Devo fazer meu máximo pra ajuda-lo. Quando virou-se pra sair, o abracei pelas costas.

- Ei idiota, vai ficar tudo bem.

Ele permaneceu imóvel, e quando percebemos que minha mãe estava perto, nos afastamos. Sem olhar pra mim novamente, continuou a andar.

O que é a quinta, a mentira? Na varanda, enquanto fitava o céu estrelado, criava inúmeras possibilidades. "Eu te Odeio", "Nós não vamos nos casar", "Eu não quero ter netos". Se me senti idiota? Obviamente.

Aquela breve conversa me animou. O que me lembrou da aposta com o Hoseok, o mês só tinha mais 3 dias e eu tinha que escrever logo o poema sobre o amor. 

Preparamos tudo para dormir, Kim ajeitou as coisas no sofá da sala e Hack veio pra minha cama. Minha mãe já estava em seu quarto. Enquanto não conseguia dormir e encarava o teto, fiquei inspirada e comecei a escrever. Foi o melhor poema já escrito por mim. Tinha verdade, tinha sentimento, tinha sentido.

Ainda não conseguia dormir. Rolei de um lado para o outro na cama - tadinho do meu cachorro - e nada.

Peguei a caixinha de veludo que Kim me deu e a abri pela primeira vez. Quase infartei quando vi aquela maravilha brilhante, refletindo toda a luz do abajur no quarto. Foi nesse momento que decidi: Kim era a minha maior ambição. Coloquei o anel no dedo e encaixou perfeitamente, pelo jeito, foi feito sobmedida.... Como?????

Eu queria gritar para o mundo a maior loucura que eu já tinha feito na minha vida, a melhor decisão que já tomei. Mas ainda não. Somos só nós. Por que o que ninguém sabe, ninguém estraga né? Pelo menos ele tinha de saber. Com toda a cautela do mundo, abri a porta do quarto devagar e andei a passos sorrateiros até a sala, mas ele não estava no sofá. Vi a luz do banheiro acessa e preferi não incomoda-lo. 

Amanhã, assim que acordar falarei com ele.









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