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[Na cabeça de Kim - Subconsciente]

Todos viram aquela lembrança e subitamente a mente de Kim silenciou por um instante.

- É... - Won sentou-se no chão - Você está enrascado.

Mark cruzou os braços, tentando não parecer chocado. Ele colocou a mão em seu próprio ombro, sentindo vividamente o dia que seu pai lhe tatuou a força, e agora entendia o porque.

TaeTae nunca esteve tão quieto e calado. Mas... Ele não entendia a real gravidade da situação.

- Se tudo isso for verdade, não basta apenas afastar ela de nós... - Mark disse pensando mais a frente que todos os outros.

- Por quê? - Won questionou erguendo-se cautelosamente.

Mark desdenhou, e seu ódio crescia a cada segundo por Kim não ter contado nada antes nem os deixado saber.

- Os Yamaguchi e os Park's com certeza têm o Kim no radar, é o herdeiro da Tríade! Só não fizeram nada contra nós ainda, porque não tivemos nenhum envolvimento com a facção e a Tríade já tem outros líderes. Mas se eles nos viram junto com omma e a Amy com certeza vão fazer alguma coisa.

- Mas e se eles não viram? - Won deu de ombros.

- Você aposta a nossa vida, a vida de omma e a de Amy nisso? - Kim murmurou do chão, tentando se levantar enquanto um filete de sangue escorria no canto externo de seus lábios.

O arrogante contorceu a cara.

- Eu não tô entendendo direito o que tá acontecendo... Mas acho que a Amy devia saber... - TaeTae falou encolhendo-se.

Kim balançou a cabeça negativamente.

- Omma me implorou que não... Eu não posso fazer isso!

- Quanto drama! Não é o fim do mundo descobrir que é a herdeira da facção mais poderosas do país, ela poderia viver sabendo disso. - Won girou sobre os calcanhares.

- Não é simples assim... - Claramente Mark era o mais preparado para lidar com tudo isso, afinal ele foi criado para enfrentar as situações críticas.

- A família de omma fazia parte da Tríade. Ela cresceu nesse meio e por causa de acordos teve que casar com meu pai... - Kim pausou para organizar a fala - Ela sabe bem como é essa vida e por todos esses anos fez o máximo para que Amy pudesse ter uma vida normal, honesta, longe de problemas. Por isso trocou o nome dela, e ela não lembra. Elas mudaram de casa cada vez que estavam perto de encontrá-las. Não podemos estragar tudo isso assim, desse jeito. Eu conheço Amy, se ela souber, nunca mais vai conseguir ter uma noite tranquila de sono novamente.

- Preciso falar com Jungkook. - Disse Mark dando um veredito.

[Fora da cabeça de Kim - Mundo real]

• Autora On

Ele saiu do teatro e a menina foi atrás.
Amy segurou o braço dele com força no corredor.

- Porquê tudo isso? POR QUÊ?

O maior ao virar para ela tinha uma de suas mãos na cabeça puxando o cabelo com força. Seu semblante era de puro sofrimento. Nunca esteve tão pertubado. Levou a outra mão para o rosto e esfregava seus olhos bruscamente.

- Vai embora... - Murmurou caindo de joelhos no chão, sua cabeça explodia - Vai...

Kim tentava se levantar mas falhava miserávelmente e a música alta máscara seus gemidos de dor. Amy paralisou, e sua visão tornou-se um borrão, cores turvas. Era horrível ver a pessoa que mais amava numa situação tão lastimável.

Até que ele parou. Sua cabeça abaixou repentinamente e ainda de joelhos seu tronco ficou curvado. A menor desesperada ajoelhou-se de frente para ele também e ao segurar seu rosto tentava acorda-lo.

- KIM! KIM! Kim! kim!

(...)

Quando Amy estava quase indo buscar ajuda... Kim, ou melhor, Mark ergueu a cabeça que estava baixa com determinação. A conversa inteira em sua mente desenrolou em questão de míseros segundos no mundo real.
Ele deparou-se com o olhar apavorado e machucado de Amy sobre si. Mesmo naquele ambiente escuro, de foscas luzes piscantes e coloridas podia ver suas lágrimas rolarem, e nem fez questão de esconder.

Seu peito arfou e ele sentiu em si a dor dela. Por Deus, o quê Kim estava fazendo com a garota?

Ela não conseguia emitir mais nenhum som além de soluçar, mas Mark tinha certeza de que ela o reconheceu. E ele estava certo.

Eles estavam a centímetros de distância, e os lábios dela tremiam. O maior teve um impulso forte, que ele quase não pôde conter. Todo o seu corpo dizia para que a puxasse pela nuca e beijasse bem ali, para tranquilizá-la, acalmá-la e dizer que estava tudo bem.

Ele queria cuidar dela e fazer com que todos os problemas do mundo desaparecessem para vê-la feliz e sorrindo outra vez, porque ela merecia.

Seu coração dizia que o beijo poderia fazer isso... mas seu lado pensante sabia que não.

Sua racionalidade sabia que qualquer atitude impensada poderia magoá-la e confundi-la ainda mais. E o que viria pela frente já era mais que suficiente para arruiná-la.

Levantou-se do chão com facilidade, como se sua mente nunca o tivesse feito ajoelhar-se em perdição. Puxou Amy para cima, suspirou e contentou-se em segurar o rosto dela, acariciando-lhes a bochecha quente com o polegar.

- Vamos resolver tudo... Tá? - Disse com objetividade e toda a segurança do mundo, mesmo sem ter a menor idéia de como faria isso.

Amy apenas fechou os olhos, como se aquele momento fosse a pausa que ela precisava para não desabar completamente.

A mão dele que até então encontrava-se em seu rosto, desceu sem aviso prévio para seu colo e segurou o pingente, a estrelinha de prata entre os dedos. Ele deixou escapar um som de surpresa.

Abruptamente seus braços grudaram ao lado do corpo e cerrou os punhos e maxilar olhando para baixo.

Ela abriu um pouco os olhos e soube que por apenas um instante Won tinha assumido e por isso Mark estava irritado.

Certamente agora estava dizendo pros outros deixarem ele resolver a situação.

- Mark... - Balbuciou baixinho de uma entonação suplicante - Você me diz que vamos resolver tudo mas... - Riu sarcástica - Eu nem sei o que há de errado...

Ele permaneceu calado, impassível.

- Você não vai me dizer o que está acontecendo...?

- Só precisamos falar com Jungkook e...

- Okay... - Ela balançou a cabeça e uma onda de revolta começou a espalhar-se em seu corpo.

Amy sempre soube que tinha um certo domínio sobre eles. Não, não do tipo mágico ou místico, mas puramente psicológico. E ouso dizer que é um dos domínios mais poderosos que se pode ter sobre outra pessoa.

Mas Amy, a garota diplomática, não pensou nem por um segundo em usar esse seu dom... Até o presente momento.

Sim. Seria injusto, seria egoísta alguns diriam que desumano. Mas quem liga? Você, caro leitor(a), certamente também é desumano às vezes, e nem sabe. Quer dizer, quem somos nós para discutir ética?

Amy encontrava-se exaurida de ver-se sempre à mercê e aos caprichos dessa inconstância das personalidades. Começou a pensar se não estavam brincando com ela, menosprezando sua inteligência e sua capacidade de independência...

Amy amava Kim, amava de verdade. E o que decidiu fazer, não foi por falta de amor. Foi porque pela primeira vez decidiu assumir o controle e deixar de ser a donzela de braços atados. Era a vez dela de resgatá-lo.

Na ponta dos pés alcançou o ouvido dele e sussurou.

O que será que ela sussurou?

Split • kthOnde histórias criam vida. Descubra agora