37.5

702 81 22
                                    

Amy amava Kim, amava de verdade. E o que decidiu fazer (...) foi porque pela primeira vez decidiu assumir o controle e deixar de ser a donzela de braços atados. Era a vez dela de resgatá-lo.

Ela sussurou.

Mark piscou vagarosamente até cerrar seus olhos por completo. Não, ele nem teve a chance de lutar pela luz.

Só restava parado a frente de Amy um corpo em repouso. Sem inquietações, sem pensamentos, sem vozes em sua cabeça. Algo fascinante.

Ela fitou-o com olhos abertos feito pratos. Não conseguia acreditar que pôde fazer isso. Será que alguém mais conseguia? Suspeitava que não. De qualquer forma estava decidida e iria destrinchar cada pedaço de Kim para então unir de novo. O domínio é inebriante, não?

[Ficha de Won - Capítulo 30]

Nome: Won
Idade: Entre 15 - 18
Como surgiu: Por volta dos 15 anos, quando Kim voltou dos E.U.A e passou a morar na casa dos tios, ele sentiu-se pressionado em ser perfeito em tudo.
Won nasceu daí, um garoto que poderia ser facilmente agradar a todos e a ser o melhor em tudo.

É cavalheiro, gentil, atencioso, super-inteligente, falso, possessivo, ciumento, ambicioso.

Won quando está sobre controle, costuma negar ter TDI e assumir a identidade de Kim Taehyung.

- Won, acorde. - Amy falou mantendo a distância pessoal.

Mas não houve nenhuma reação e suas mãos começaram a gelar. Será que aconteceu algo de errado? A culpa provavelmente seria dela.

- Won, acorde. - Dessa vez sussurou em seu ouvido e funcionou.

Era como uma passagem secreta. Só a pessoa certa saberia abrir e saberia o jeito certo de fazer isso. Amy descobriu o gatilho.

O maior recobrou a consciência aos poucos e estava meio embriagado, meio fora de si.

Amy viu algumas pessoas se aproximando deles no corredor e puxou Won para que ele a seguisse. Foram para seu dormitório.

- Como você está? - Ela perguntou tirando os saltos dos pés e calçando suas pantufas.

Won a fitou por alguns segundos, contemplando aquela figura que aparentemente tinha acabado de quebrar a própria auréola.

Ele percebeu, estava sozinho no comando e deliciou-se com a sensação que pela primeira vez sentia. Também sabia como isso aconteceu. Puxou uma cadeira para sentar-se preguiçosamente e cruzou as pernas.

Ele sorriu ladino para ela.

- Sempre soube que você era capaz disso.

Ela parou de pé em sua frente. Pensando no que dizer, e não teve pressa para escolher minuciosamente suas palavras.

- Você estava certo - Ela deu de ombros - Eles me deixaram só, e você continua aqui.

Won jogou o cabelo pra trás e inclinou-se para frente.

- Está dizendo que vai me escolher? - Perguntou divertido, crendo que ela estava tentando manipula-lo.

- Eu já fiz isso, não fiz? - Amy ergueu a sombrancelha, dizendo o óbvio.

- Eu não sou idiota. Um sussuro seu e eles acordam. Não é isso que tenho em mente quando digo que você devia me escolher.

- Ainda assim... Eu tenho o controle.

Won assentiu a cabeça de forma galante.

- Eu não ousaria discordar.

Amy arrastou uma cadeira e sentou-se de frente para ele.

- Você não me respondeu se está bem...

Won apoiou a mão no joelho dela.

- E você está se preocupando com isso? Quero dizer, eu não me preocuparia com isso se fosse você.

- Você está, Won? - Perguntou novamente, e sua voz soou extremamente sóbria.

Essa pergunta nunca havia sido feita para ele. Em realidade, as pessoas não o tratavam como alguém diferente de Kim, pois nem ele fazia questão de que o diferenciassem.

Foi por isso que ele não pôde responder. Ele não sabia. O que era estar bem e não estar?

Circulou o joelho dela com o polegar, sem conseguir reunir a arrogância necessária para encarar seus olhos.

Por incrível que pareça, sua mão ali, quente, marcando presença não distraiu Amy. Ela sabia que qualquer movimento de Won não era espontâneo, eram sempre para distrair as atenções de seus próprios sentimentos.

Ela suspirou.

- Bom... Eu não estou bem - Pôs a própria mão sobre a dele, em seu joelho.

O maior a viu, através de seus próprios olhos. Não através dos olhos de alguém que fingia ser Kim.

Em realidade era patético. A garota a sua frente tinha os olhos borrados, o nariz vermelho, o cabelo desgrenhado ainda cheirando a cerveja e qualquer outro tipo álcool vagabundo. Ela era tão frágil, tão pequena.

Estava ali. De madrugada, olhando no fundo dos olhos dele e expondo toda a sua sinceridade. Expondo seu coração ferido sem medo, sem vergonha.

Foi então que Won percebeu por que Amy era tão especial. Aquele poder que ela tinha, vinha justamente de expor as próprias vulnerabilidades.

A franqueza dela era contagiante, libertadora.

Ele negou com a cabeça.

- Eu nem... Sei. Não sei responder sua pergunta.

Won paralisou. Acabara de descobrir que não sabia o que sentia, não sabia quem era, quem queria ser. E foi aterrorizante.

Amy não teve dó, não teve sentimento nenhum além de ternura por Won. Aquela personalidade estava começando a se dar conta de que podia ser ele mesmo, que podia ter sentimentos reais e sentimentos profundos. Há algo tão belo quanto ver outros tendo seus insight's?

Ela abraçou ele e ele sequer retribuiu, estava se perdendo nos próprios pensamentos.

- Não se preocupe... Você vai descobrir quem é, quando menos esperar.

- E se isso não acontecer? - Ele murmurou tão baixo que foi quase inaudível.

- Se não conseguir descobrir por conta própria, eu estarei aqui pra te dizer quem você é...

- E como você vai saber?

Ela se afastou do abraço e apoiou a testa na dele, olhando em seus olhos como se estivesse lendo sua alma.

- Tem mesmo dúvida disso? - Ela esboçou uma centelha de sorriso.

Won corou e ficou desconcertado.
Afinal, ele era apenas um adolescente que agia de forma soberba, como um garanhão. Mas ele sequer já havia dado um beijo pra valer.

Won se endireitou na cadeira.
Como ela conseguiu destruir todas as suas guardas, seus muros tão altos?

- Porquê você não diz logo o que quer dizer? Não vai começar a me interrogar? - Ele parecia levemente sentido.

- Como pode ser tão lerdo? Se eu simplesmente quisesse saber de toda a verdade por vocês eu teria acordado e interrogado o TaeTae.

Ele continuou com a cara de dúvida e desconfiança.

- Eu quero ouvir a verdade dele. Do Kim. É o mínimo que ele deve. E eu não vou aceitar nada menos que isso.

Só então ela pediu.

- Pra isso acontecer, vou precisar muito da sua ajuda, Won.

O que ela vai pedir?




Split • kthOnde histórias criam vida. Descubra agora