6 - ACORDOS

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Ewaric  encontrava-se em um cômodo repleto de quadros, parado diante de um  deles, via dois jovens idênticos que sorriam, em que a única coisa que  os diferenciava era a coroa que somente um ostentava

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Ewaric encontrava-se em um cômodo repleto de quadros, parado diante de um deles, via dois jovens idênticos que sorriam, em que a única coisa que os diferenciava era a coroa que somente um ostentava. Ambos exibiam uma postura elegante; o porte esguio que caracterizava os noturnos, sendo responsável por reserva-lhes isso. Dividiam até mesmo o desenho de suas barbas, optaram por deixar no rosto um cavanhaque.

— É meu irmão, Alkaid.

— Qual deles? — perguntou o príncipe, em um tom humorado.

— O que possui a coroa. — Alioth sorriu de volta, analisando o retrato do irmão com carinho.

Permaneceram um tempo observando o quadro, quando o rei noturno quebrou o silêncio.

— Ele me faz falta. — A voz era embargada pela emoção.

— Sinto muito por sua perda. — Foi sincero; sentia imenso peso na consciência por Ciro tê-lo matado.

— Já foi há muito tempo — declarou, a tristeza permeava a fala, deixando-a densa. — Ele era um excelente rei, pai e irmão.

— Tenho certeza de que era — ofertou consolo, mesmo que estas palavras nunca seriam o bastante.

— Alkaid, O Justo, nasceu para governar, assim como a filha. Eu não. O trono nunca fora opção para mim, mas então... — se deteve com um engasgo — ... então ele nos deixou.

Alioth bateu no ombro de Ewaric, os olhos do monarca estavam marejados e saudosos. Não deveria ser fácil perder alguém que esteve consigo até mesmo no útero de sua mãe. Ewaric tinha consciência de que a morte de Rei Alkaid fora dura para Midnight, mas nesse instante, percebia que foi igualmente devastadora para Alioth.

— Não dê atenção a um velho sentimental como eu.

Riram, dissipando a tensão. O rei já não trazia mais tristeza no olhar, porém, a saudade permanecera, e esta sempre seria constante.

Mudaram para outro retrato, o de Midnight. O quadro era imenso e tomava conta de quase toda a parede. Tinha uma moldura perolada elaborada em arabescos finos que criavam motivos florais. Ewaric adoraria tê-lo em seu quarto para poder observá-lo todas as noites antes de dormir. A general estava de pé sozinha, trajava um vestido de baile e segurava um buquê de flores do mesmo tom que a moldura. Os olhos cor de prata encaravam-no diretamente, eram intensos como os originais e envoltos em grossas camadas de cílios negros. O artista realmente fez um trabalho excelente ao conseguir capturá-los com precisão.

Ela estava linda, mas não tão linda como quando acordava com os cabelos bagunçados em uma tempestade confusa. Sorriu carinhosamente com a lembrança e atentou-se a cada detalhe daquele rosto pertencente a uma dama misteriosa e encantadora; a expressão dela demonstrava um orgulho nobre que não lhe negava o sangue real. Ela tinha maçãs altas e lábios cheios como um botão de rosa, cachos pesados lhe desciam até a cintura apertada pelo vestido que também valorizava uma outra parte de seu corpo por conta do decote bem desenhado.

2. Despertar da Meia-Noite [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora