2 - BATIDAS DE UM CORAÇÃO

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O sacerdote ia terminar os dizeres quando Ewaric percebeu que não seria capaz de dar prosseguimento ao enlace

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O sacerdote ia terminar os dizeres quando Ewaric percebeu que não seria capaz de dar prosseguimento ao enlace. Era injusto condenar a si mesmo e a Oriana a uma vida amargurada. Seria tão simples se pudesse apenas seguir seu coração, pois geralmente ele não falhava. As respostas certas sempre vinham através de instintos e os dele estavam berrando para não se casar ali.

Normas o separavam da mulher que amava, essas leis eram tão vazias, ser feliz não deveria ser o mais importante?

Havia duas opções:

Deixar tudo para trás, assim como sua mãe fez, e vivenciar os verdadeiros desejos de seu coração; ou prosseguir com o enlace, tornar-se rei e ter a possibilidade de dar fim às regras infundadas que o assombravam e regiam seus passos.

Sequer sabia o que dizer, mesmo assim, tomou fôlego e abriu a boca para impedir a conclusão do fatídico matrimônio...

— Não posso fazer isso — a dama pronunciou, com a voz engasgada e lágrimas escorrendo pelo rosto.

Ewaric permaneceu com a boca aberta, sentindo uma descarga de adrenalina correr pelo corpo. Ofegou, soltando o ar com certo alívio, ao passo que era novamente atingido por preocupação, mas desta vez, por Oriana.

— O que disse, minha jovem? — o sacerdote perguntou, aparentemente tão surpreso quanto os demais presentes.

— Não posso me casar — repetiu mais alto.

Houve arquejos e murmúrios de espanto. Um burburinho se instalou entre os convidados alvoroçados. As palavras se mantiveram presas na garganta do príncipe, sua mente não agia rápido o suficiente em resposta à situação, então ele apenas manteve-se estagnado, com que suspeitava, ser uma expressão idiota.

— Eu amo outra pessoa. — Oriana desabou a chorar.

— Isso é uma afronta! Guardas, matem-na! — Ciro esbravejou, erguendo-se do trono.

Os guardas marchavam implacáveis até a moça, fazendo-a se encolher feito um filhote assustado de algum animal; sozinha e amedrontada em meio ao caos. Ewaric olhou em direção à família dela que parecia envergonhada e não expressou qualquer vontade de ajudá-la ou pretensão de salvá-la do iminente castigo.

— Acalme-se, Majestade. Creio que tudo possa ser resolvido! — o príncipe adiantou-se.

A intervenção fez os guardas pararem em posição de descanso, à espera de novas ordens e isso enfureceu ainda mais o rei.

— Se impedir minha justiça, você terá sua honra manchada para sempre!

— Se eu não a impedir, então minhas mãos é que estarão manchadas, mas com sangue.

— Todos sabem o preço de uma traição! Pois então que esta rameira pague por seus delitos!

Ciro caminhou até Oriana, ergueu a mão pesada e repleta de anéis, golpeando-a no rosto. Ela se desestabilizou e caiu, cobrindo a face. A jovem soluçava de vergonha e dor; estava arruinada pelo restante da vida e sequer sabia se isto significava muito tempo.

2. Despertar da Meia-Noite [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora