DREW CAMPBELL tinha mais um exame teórico para fazer naquele dia. O professor Ortega estava impaciente e perceptivelmente mal-humorado assim que Drew entrou e se sentou ao lado de Robbie. Para Drew não parecia grande coisa, já que o professor sempre parecia estar com um humor meio azedo, mas naquela manhã estava bem pior.
– Podem começar – disse o professor depois de ter entregue todos os cadernos de exames que estavam em sua mesa. Drew teve algumas dificuldades em responder algumas questões, mas nada com que tivesse de se preocupar, ou que não se lembrasse com um pouco de esforço.
Algumas horas tinham se passado até que Drew terminasse de responder todas as questões e saísse da sala para esperar Robbie no corredor, já que ele era tão perfeccionista que não conseguia responder as perguntas de forma displicente.
Mais de uma hora se passou até que Robbie finalmente saiu da sala, ostentando um sorriso convencido no rosto magro. Sorriam um para o outro e se encaminharam para a saída do prédio. Era quase a hora do almoço. Encontraram Chris já esperando por eles no estacionamento, conversando com Henry e Daniel sobre o último jogo de futebol que tinham assistido. Há um bom tempo não fazia algo tão trivial como assistir ao futebol com seus amigos.
Seguiram para o Denny's, onde já tinham uma mesa mais do que reservada para eles. Jill os atendeu, sabendo de cor os pedidos de cada um, até mesmo os dos dois seguranças que nem precisaram abrir a boca. Chris e Robbie começaram a conversar sobre como os exames tinham sido fáceis. Drew não quis se inteirar na conversa, estava preocupado com o que o assassino poderia estar tramando. Comeu igualmente em silêncio, respondendo às perguntas ocasionais com alguns resmungos de concordância.
Ele tinha um tempo livre depois do almoço e pretendia passar no hospital antes de ir para o trabalho. Visitara Rebekah naqueles três dias em que ela estava hospitalizada, os médicos tinham dito que ela devia ficar em observação por uma semana inteira e por isso ele resolvera não a deixar na mão. Sempre que podia dava uma passada lá para ter certeza de que não precisaria de alguma coisa.
Assim que terminou de comer, se levantou deixando um pouco de dinheiro com Robbie para que ele pagasse sua parcela na conta. Disse a eles que tinha algo importante a fazer antes de ir para o trabalho.
– Pode ir – respondeu Robbie se esforçando para engolir um pedaço de bife. – A gente se vira.
– Vejo vocês depois – respondeu Drew, acenando para Jill e saiu, seguido pelos seus dois guarda costas que não paravam de olhar para todos os lados. Entrou novamente no carro e seguiram para o St. Francis Hospital onde Drew entrou despercebido pela recepcionista, pegou apenas um crachá que o indicava como visitante e seguiu para o quarto de sua amiga. Disse a Henry e Daniel que o esperassem ali fora.
Assim que abriu a porta viu que tinha sido um grande erro ter ido ali sem avisar. Sentado ao lado da cama de Becca estava o namorado, Michael (ou Mike, para os íntimos) Montgomery, que alternou os olhares entre a garota deitada e o garoto parado a porta. A tensão ali só fez aumentar quando Becca notou a presença de Drew.
– Ah, olha só quem veio me ver! – Becca disse estendendo uma das mãos em direção a Drew, um sorriso sincero espalhado por seu belo rosto de proporções finas e delicadas. – Meu salvador!
Mike ergueu os olhos semicerrados para Drew, que desviou o olhar do rosto carrancudo do outro rapaz e se dirigiu para a cama onde sua amiga estava deitada, seus cabelos castanho-escuros estavam presos em um rabo-de-cavalo apertado no topo de sua cabeça, o brilho tinha voltado a eles depois de descansar bem durante aqueles três dias. Seu rosto estava mais corado e seus olhos, mais vivos.
– E aí, Michael? – Cumprimentou Drew, estendendo a mão para que o outro a apertasse. Mike se inclinou e a apertou, um sorriso bem falso no rosto.
– Estou ótimo. E já te falei para me chamar de Mike – disse o rapaz soltando a mão de Drew. Becca ignorou a animosidade palpável que parecia preencher o ar a volta deles. Drew já tentara se tornar amigo de Mike, mas o outro sempre parecia ter ciúmes de qualquer coisa relacionada a vida de Becca que não fosse ele. Era o famoso babaca.
– Só vim aqui para ver como você está – disse Drew sentando-se em uma cadeira do outro lado da cama.
– Eu estou bem. Os pontos ainda incomodam, mas teria sido bem pior se você não tivesse aparecido...
– Eu gostaria de pedir desculpas, sabe? – Disse Drew relanceando um olhar para Mike, que parecia um tanto constrangido: as palavras de Becca tinham magoado. – Se eu não tivesse me aproximado tanto nada disso teria acontecido a você.
– Ah, não seja idiota!
– Ele não está sendo – disse Mike por fim. – Está sendo realista. Se vocês não tivessem se tornado amigos as coisas seriam bem menos complicadas e você não teria um assassino batendo em sua porta!
– Mike! – Gritou Rebekah, seus olhos fulminando o namorado.
Drew percebeu que não queria ser o motivo de uma discussão e se pôs de pé, a mochila em seu ombro. Lançou um sorriso para Becca.
– Michael está certo. Acho que não seria bom que fossemos amigos. Até mais, Rebekah – disse Drew e sem lançar um olhar para a cama saiu do quarto, deixando os dois em um silêncio perplexo.
Saiu do quarto e encontrou seus seguranças ali. Lançou um olhar inexpressivo para eles. Percebeu que pareciam um tanto preocupados.
– Nem perguntem. Vamos embora – e seguiram pelos corredores brancos até o estacionamento, onde entraram no SUV e se dirigiram para o trabalho de Drew. Tinha muito o que pensar e sua cabeça tinha começado a doer bastante. Suspirou, aquele dia tinha muito o que piorar.
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Sombra - Livro 2 - Trilogia do Assassino
Misterio / SuspensoQuatros meses se passaram desde que o massacre mais recente terminou. Porém, algo ainda espreita nas sombras e os sobreviventes sabem disso: existe um cúmplice; alguém capaz de cometer atos horríveis para puni-los por coisas que não fizeram. Era nec...