Enfim, após aquele dia nada foi como sempre, todo dia eu sonhava com algo que acontecia comigo ou com alguém perto de mim, um idoso que ia morrer, uma mulher que ia chegar mas que nunca iria sair, um abuso sexual vindo de um médico, imundo. Aos poucos eu conseguia controlar o poder, quando eu dormia a tarde eu via o que ia acontecer a noite e quando eu dormia a noite eu chegava a ver tudo o que acontecia o dia todo e uma parte da madrugada do dia seguinte. Eu estava caminhando pelo jardim do hospital a só e com aquele roupão que por baixo você está pelado. Estava distraído olhando a rua, tentando ver o acidente que ia acontecer, um Honda cinza iria bater num Suzuki, escuto o barulho do carro e olho para o lado, tinha a placa dourada e o vidro fumê, certamente era um daqueles riquinhos que acham se acham e ostentam... E a Honda ainda não aparecia. Vejo algo saindo de uma árvore, uma Suzuki com duas pessoas montadas, um cara mais forte na frente e talvez uma garota atrás... Estranho... No meu sonho a moto... Verdade... Não mostrava de onde a moto havia saido. Coloco a mão em meu olho, algo estava errado... Ocorre a batida e eu me levanto, indo até a grade, coloco minhas mãos na grade e tento ver melhor o acidente, meio espantado, os dois na moto não estavam em ligar nenhum.
- Mas que porra...
Algo toca meu ombro, uma mão com as unhas vermelhas, me viro e vejo uma mulher, bem mais velha, aparentando ter entre 20 ou 25 anos, um pouco mais alta que eu, de cabelo curto e preto, os olhos, negros como o cabelo, usava um corte que apenas um brinco, o da orelha direita, aparecia, estava usando um terno feminino e ao longe dois caras, carecas e fortes, estavam também de terno.
- Posso ajudar?
- Você é Carter Dallas?
- Sim, por que a pergunta?
- Nunca mais use seu poder ou irá pagar com a vida.
Bem, essas palavras fizeram meu ânus fechar, não que ele estava aberto... Enfim. Após isso ela se vira e vai embora, após ela passar pelos guardas, um dos seguranças olha para mim e tira um cartão de dentro do terno, jogando como se fosse uma carta de baralho e parando no meu bolso.
- Gardos, vamos.
Ele vira e segue atrás dela, eu estava muito espantado, balanço a cabeça e tiro de meu bolso o cartão, vejo um lado, tudo preto com as palavras douradas:
"A.A.M.
Agência Anti-Mutantes
Protegendo a humanidade desde 1947"
Do outro lado estava o endereço.
"Rua Willians Hollow, n 478, Seatle"- Mas o que...
- CARTER!
Uma voz familiar atrai minha atenção, era Mary correndo em minha direção com o braço levantado, ela era sim, bonita, alta, atlética e bem... Grande...
- Mary!
Vou até ela e ela me vem com um abraço, quase caio no chão, coloco meus braços ao redor de seu torso e a abraço, sinto as lágrimas dela em meu ombro.
- Eu não vou morrer...
- Mas devia.
Ela sai do abraço e me empurra, ficando de braços cruzados e meio de lado. Rio, e minha tarde foi essa, eu passeando pelo hospital com ela, até achamos um sapo no laguinho que tinha ali, no final da tarde, mais ou menos as 6 horas, ela teve que ir e eu tive que voltar para meu quarto, eu não conseguia dormir por algum motivo, não sei se era porque a minha previsão tinha errado de certa forma ou pela ameaça da dama, abro a gaveta e retiro o cartão de lá, a luz de fora que entrava pela janela estava ilumando o cartão de uma forma mal iluminada mas ainda dava para ler.
-...
Guardo l cartão na gaveta e fecho ela, me viro e fico mais um tempo olhando para o nada, ouvindo o Tic Tac do relógio, não me lembro quando eu dormi, apenas que eu sonhei sendo liberado no dia seguinte e que tinha levado um abraço de urso do meu pai, apenas isso.
Acordo com a enfermeira ligando a luz, me levanto e olho para a bancada, uma bandeja com um copo e um remédio vermelho, pego o remédio e coloco na boca, bebendo a agua logo em seguida, me sento na maca e me levanto.
- Parece que você vai sair daqui hoje.
- Finalmente...
Coloco minhas chinelas e vou para fora da sala, andando pelos corredores um tanto distraído, me esbarro em alguém, uma garota mais ou menos do meu tamanho, de blusa preta com uma estampa de unicórnio, um short branco e um suspensório, além de uma meia preta até as caneças e um sapato branco também.
- Opa... Desculpa.
Eu ia andando quando ela me pega pelo pulso.
- Carter... Dallas...
- Sim?
De repente ela tira não sei da onde uma faca.
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Guerra nas Sombras
De TodoAs vezes queremos quebrar a barreira do tédio, queremos que algo extraordinário aconteca conosco, no meu caso eu não pedi isso. Nunca quis que minha vida tivesse tomado esse rumo, queria mais uma vida pacifica onde eu apenas seria um zé ninguem que...