Retorno para Terra II

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Dali mesmo Eleanor ordenou ao servo-computador que preparasse a partida. Milton sugeriu que deixassem todo o processo no piloto automático para que pudessem conversar com calma em um lugar reservado da nave.

- Veja só você! – Disse ele admirando-a, galanteador com sempre fora – Nunca duvidei de sua capacidade e garra, mas preciso lhe dar os parabéns por galgar o posto de capitã! Isso significa que agora devo bater continência para você, capitã Lê!

Eleanor acabou rindo com o comentário e puxou Milton pela mão para entrarem na cabine privativa da capitã. Assim que a porta se fechou com um sibilo baixo, ele agarrou sua cintura e acariciou seus cabelos. Por mais estranho que pudesse parecer a ela; que sempre preferiu homens mais velhos; a agora gritante diferença de idade entre eles não a incomodava. Milton deu-lhe um suave beijo nos lábios, percorreu o espaço até o lóbulo da orelha direita e desceu a boca até seu pescoço, arrepiando a mulher com aquela carícia antiga. Então, prendendo os braços da mulher às costas quase machucando-a, Milton cravou-lhe as presas. Eleanor sentiu a dor inicial, mas em breve algo anestesiou seu corpo. Milton, após saciar-se do sangue quente de Eleanor, pousou-a ainda entorpecida sobre a cama e explicou:

- A toxina em minha saliva deixa a presa fora de combate rapidamente. Eu menti só um pouco, meu doce... Não foi a cápsula que me preservou, mas o sangue dos meus companheiros. Lembra-se querida, das lendas sobre vampiros que existiam na Terra antiga? Já falamos sobre elas... A verdade é que os Undorianos descobriram, há milênios, o segredo da imortalidade. Em eras passadas encontraram a Terra e enviaram alguns dos seus para lá, pois pretendiam criar na Terra uma raça superior. Só que não foram compreendidos e, os poucos que carregavam essa dádiva foram perseguidos... Durante a batalha de Anthor, da qual participamos e que supostamente ganhamos, eles se deslocaram para outra dimensão. Você sabe que a tecnologia deles é muito superior à nossa, não sabe? Só que a Humaitá II foi arrastada com eles...

Eleanor ouvia a voz de Milton, mas não conseguia responder. Milton continuou, após pegar o pulso de Eleanor e conferir que diminuía a cada segundo.

- Foram eles que me transformaram no que sou agora, como fizeram em eras passadas com outros escolhidos, e me deram a missão de retornar à Terra para disseminar o código genético Undoriano. Os poucos tripulantes restantes da minha nave me serviram de alimento todo esse tempo, enquanto me aprimorava, até que nenhum mais restou e decidi que era hora de procurar você. Sim, eu tinha certeza que você seria minha passagem de volta... Mas nunca deixei de te amar, Eleanor... Não quero você apenas como alimento, como o gado que nos servirá quando retornarmos. Portanto, agora pergunto: Você aceita dividir comigo a eternidade e, juntos, dominarmos a raça que nos servirá?

Eleanor se sentia fraca; em sua mente desfilavam todos os momentos bons que teve com Milton e todas as vezes que chorou sua falta, sua morte. Reunindo suas últimas forças, puxou-o para junto de si e sussurrou, quase desfalecendo:

- Sim!...

Ouvindo isso, Milton feriu os próprios lábios com suas presas e beijou Eleanor, dividindo com ela seu sangue. Não demoraria muito e ela poderia se alimentar, pois o servo-computador emitiu o aviso de que fariam a dobra espacial em instantes e, logo, atracariam em Terra II.

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