Capítulo 2

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Coisas anormais e aterrorizantes, eu via assombrações em toda parte. Eu era seguido por uma sombra todos os dias, sentia que alguém me seguia por todos os lados e a noite era quase impossível dormir. Eu não tinha coragem de contar a ninguém, até porque eu não tinha amigos e minha mãe não era de bater papo comigo. Ela só me espraguejava, gritava e me ofendia. Era impossível manter um diálogo com ela. Eu me via sozinho no mundo e desprezado por todos. Os espíritos que me perseguiam também falavam comigo, eu podia ouvir eles me pedindo para fazer coisas. Coisas macabras e apavorantes, eu me arrepiava dos pés a cabeça. Certa vez, eu acordei na porta do quarto da minha mãe com uma faca na mão, as vozes me diziam para matar ela e meu padrasto. Mas eu podia jurar que estava no meu quarto, dormindo, e despertei ali naquele lugar com aquela faca na mão. Eu entrei em desespero total, morria de pavor só de imaginar o que poderia ter acontecido. Eu estava ficando louco aos poucos, possuído por aqueles desejos malignos, eu tentava rebater mas eu me sentia dominado por eles. Eu poderia gritar por socorro, mas quem iria me ajudar?

Como eu iria explicar que quando olho para um quadro na parede eu vejo a imagem dos rostos retorcidos. Quando a luz se apaga, sinto que alguém esta dentro do meu quarto ou deitado na cama junto comigo. Ouço vozes estranhas e ruídos no corredor da casa a noite. Vejo vultos e sombras me perseguindo. Quem em sã consciência não me encaminharia para um sanatório, ao me ver conversando sozinho? Eu via um garoto como eu, que se dizia meu amigo. As crianças costumam chama-los de amigos imaginários. Mas eu sei muito bem que espécie de amigo ele era. Um que me pedia muitas coisas e eu me recusava a obedece-lo, e no final de tudo ele acabava por se transformar na coisa mais horrível que se podia ter como companhia. Eu com certeza seria internado se abrisse a boca. Acho que na época, meu padrasto ia amar se isso acontecesse. Ele nunca encostou o dedo em mim, mas em compensação, me insultava até mais que a minha mãe. Me deixava com fome, e as vezes me trancava do lado de fora de casa, quando minha mãe estava chapada. 
A minha vida era um inferno.

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