Capítulo 5

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Nos anos seguintes, minha vida continuou na mesma. A não ser por um episódio que pra mim foi motivo de alegria, porém, pra minha mãe, nem tanto. Meu padrasto havia falecido. O desgraçado se envolveu em uma briga de bar, e foi assassinado por lá mesmo. Para um cara que fazia a minha mãe sofrer, ele se foi tarde. E eu ainda não conseguia entender porquê minha mãe chorava por ele, isso me dava nos nervos. Eu por mim, odiava a todos que me machucassem, não nutria nenhum sentimento de compaixão. A morte é o que eu mais desejava para cada um deles, sempre. E vê-la chorando por aquele traste, me ascendia uma raiva interminável em contraste com a forma que ela me tratava. Era inadmissível. Tratar um filho como um lixo imprestável, e lamber os pés de um molambento que lhe

 Tratar um filho como um lixo imprestável, e lamber os pés de um molambento que lhe

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maltratava. Isso ao me ver, era imperdoável. Em pensar quantas vezes eu tive medo e precisei dela para me proteger. Quantas vezes eu chorei rio de lágrimas sem se quer ter sua atenção. Não me esqueço do que ela me disse uma vez, quando eu tinha 7 anos de idade.

- Você nem devia ter nascido! - disse furiosa enquanto recolhia os cacos de vidro. Eu esbarrei em uma de suas garrafas de cerveja que estava em cima da pia da cozinha. Eu estava pegando a panela de arroz para colocar comida no meu prato quando isso aconteceu. Desde que eu completei 4 anos de idade, eu tive que me virar sozinho. Pois ela já não me dava mais banho, nem me trocava, nem me ajudava a escovar os dentes, nem colocava a comida pra mim. Eu vivia largado, às vezes dormia sujo e com fome. Eu meio que me considero um sobrevivente.

Só que depois da morte do meu padrastro, ela mudou. Mas mudou pra pior. Agora ela vivia trancada no quarto, já não bebia tanto como de costume, mas percebi que ela começou a tomar muitos remédios pra dormir. Pouco à pouco eu fui percebendo que ela já não queria mais sair de casa pra nada. Estava entrando em depressão.

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