Spirit Code

Capítulo 8

O tempo passou, e ao completar exatos 16 anos, tive que me preparar para o colegial. Nessa época eu era um jovem muito anti-social, cheio de complexos, tímido e assustado. As perturbações espirituais ainda me acompanhavam. Eu nunca tive sossego, às vezes minha mãe me flagrava conversando sozinho. Parece que eu tinha me acostumado com  tudo aquilo. Mas confesso que a partir do momento que a minha mãe começou a frequentar a igreja, as coisas pioraram pra mim. Eu tinha dores de cabeça quase todos os dias, as vezes no meio da noite eu acordava com falta de ar, como se alguém estivesse me sufocando . Os pesadelos eram constantes, e o meu nervosismo também.
Me lembro das vezes em que gritava com a minha mãe, no fundo eu enxergava aquela mudança pessoal dela como uma afronta. Eu estava disposto a devolver na mesma moeda tudo o que ela me fez passar até então. Não ia deixar cair no esquecimento. Ela tinha que saber exatamente como eu me sentia. Como o meu coração se encontrava, cheio de rancor e muito ódio. Por um lado eu queria esquecer o passado e tentar recomeçar, tentar perdoa-la e tal. Mas a escuridão já morava em minha alma, não havia mais espaço pra nada. Certa vez, passando pelo corredor, a porta do quarto dela estava entre aberta, e eu pude lhe ouvir orando por mim.

- Oh Senhor,  eu oro pelo meu filho David. Peço que o Senhor venha guarda-lo. Liberta ele de todo mal...
Que a luz da sua presença lhe acompanhe aonde ele for. Penetra com a tua voz no entendimento dele, e mostre a ele o seu amor e graça. É o que eu te peço, em nome de Jesus. 

Jesus? Será que realmente Jesus se importaria comigo?

Minha descrença era soberana. Só acredito vendo! - resmunguei.

Na moral, pra mim isso tudo era psicológico. Eles se convenciam de que o que estava escrito naquele livro era verdade, e passavam a se iludir com aquelas utopias. Pura lorota para impor medo e manter as pessoas reféns de uma religião. Pra mim, não existia esse negócio de vida após a morte. Morreu, já era, acabou.