Capítulo Onze - Memórias ensanguentadas

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O rosto de Hea-Gi que agora acompanhava a risada dos companheiros, mostraram sua verdadeira face à DaHyun.

A garota entre-abriu sua boca, negando com sua própria cabeça, como se perguntasse a si mesma se era verdade. Sua melhor amiga. A traindo.

-Como...o quê? -DaHyun insitiu em se perguntar se aquilo era verdade, enquanto todos eles a observavam glorificando sua vitória-
-Por favor, DaHyun. Não quero perder mais tempo com você...vamos acabar logo com isso -Siwon foi até ela ficando ao seu lado esquerdo depois de passar a mão na bolsa e acabara pegando a mochila que continha milhões de dólares.-

Todos ficaram de frente para ela, e a garota até tentou xingar a eles que estavam ali, mas Hea não ouviu nenhum comentário. Ela, inclusive, jogou na cara da pequena líder que sempre que podia, se encontrava com Siwon.
Tofu nunca se sentiu tão desnorteada. Não sabia se queria suas amigas ali, para ficarem todas juntas ou se queria elas juntas, porém longe dela, para que não morressem assim. Sim, sua morte era quase inevitável. Na verdade, ela sentiu isso no momento que entrou naquele ferro velho, andando até aqueles carros que se rodeavam de uma maneira que era quase impossível enxergar o que estava acontecendo.

Em um pequeno momento Dubu sofreu um "flashback" voltando anos antes, quando INF nem existia. Voltou na época em que ela apenas mais uma garota normal. E só isso.

Voltou naquela noite em que passou em uma ilha, rodeada por árvores de copas altas. Sentiu uma alegria imensa ao ver aquelas 7 garotas que sabia que seriam suas verdadeiras amigas para sempre. Ela pensou sozinha naquele momento e chegou a conclusão que nunca precisou tanto de um abraço apertado de Jihyo em um tempo tão doloroso. Também se lembrou da risada tímida de Mina quando as garotas a implicavam com algum garoto na escola, mesmo todas sabendo que ela gostava mesmo era de Momo, mas apenas não..."se assumia". Também se lembrou das piadas ruins da própria Momo quando ela percebia que uma daquelas 7 menininhas estavam tristes. Se lembrou de cada qualidade que nunca encontraria em mais ninguém, e de defeitos que em algum momento elas jogavam na cara uma das outras e riam disso.

E essa...foi a melhor parte da minha vida...Dahyun concluiu, abrindo um pequeno sorriso no canto dos lábios. Mínimo. Quase imperceptível. E por último, se lembrou do beijo que deu em Tzuyu antes de entrar naquele carro.

Estava com remorso por terminar assim, mas também estava feliz por se lembrar de cada momento daquele. E então, Hea-Gi a tirou do transe, acenando para a garota. Disse adeus.

-Acabou Dahyun. Adeus, Vadia.

***

Não muito longe dali, Sana vagava pela rua, com lágrimas nos olhos, tentando digerir o fato de seu pai estar morto. Mas aquele pensamento não conseguia entrar em seu coração e a única forma que via de simplesmente sumir com ele era chorando. Era como um refúgio. Ela andava com a mão esquerda em seu braço, o acariciando levemente com seus dedos, como se aquilo protegesse-a do frio. A rua estava deserta. Nenhum barulho. Apenas alguns latidos de cachorros da outra rua, mas nada podia atrapalhar seus pensamentos.

Cada vez que se lembrava do seu pai morto, como se deitado naquele chão frio do banco dava um nó em sua garganta e em seu estômago. E então ela se lembrava de todo aquele sangue ao redor de sua cabeça. Eram memórias sicronizadas, porquê em seguida se lembrava das pessoas correrem até ela já chorando, e o enfermeiro que analisava seu pai, dizer que ele estava morto.

E mais lágrimas rolavam em suas bochechas rosadas, e se encontravam em seu queixo transformando em uma curva perfeita. Sana nem se dava ao trabalho de limpa-las.

Ela continuou com aquele mesmo pensamento por horas andando pela rua, até escutar risadas altas em um tom malicioso. A garota estranhou. Pensava que estava sozinha naquela rua que era mais um atalho para chegar em seu apartamento, arrumar suas malas e sair da Coréia. Sem seu pai, não fazia mais sentido continuar ali. Sana olhou para os lados, sem avistar ninguém. Pensou estar muito nervosa. Por isso escutaria aquilo...? Ela enfim balançou sua cabeça em negação e continuou andando sem dar atenção por um tempo.
Por um tempo.

E então, mais risadas. E mais do quê isso: escutou dessa vez, as mesmas pessoas armarem armas. Não podia ve-las, por isso chutou serem as mesmas. A garotinha atravessou a rua e caminhou pela calçada, que com uma grade, cobria as laterais do ferro-velho. Ela andou lentamente, passando seus dedos pela tal grade, olhando tudo ali com atenção. Avistou as pessoas. Mas eram muitas. E todos apontavam suas armas para uma garota no centro. Sana no momento em que viu aquilo abaixou seu corpo e continuou vendo tudo, muito assustada, pensando no quê podia fazer, porquê para ela podia ser a mesma gangue que roubou o banco e matou seu pai.

Juntou suas sobrancelhas e continuou observando. Um vulto com capuz preto -não conseguia ver seu rosto- que com um gesto mandou abaixarem as armas. E todos fizeram isso. Seria..."o líder"? pensou. O mesmo vulto arrancou sua arma e a garota no centro levantou suas mãos. O cara com capuz desarmou a pistola que segurava e finalmente, atirou.

Nesse momento, Minatozaki se virou de costas, e respirou fundo. Ela teria acabado de ver um assasinato? O corpo caiu bruscamente sobre o chão e mais risadas maldosas e maliciosas. Respirou fundo. Olhou para trás outra vez, e todos já saiam, dando tapas no rosto da garota que estava jogada no chão. Eles entraram em um carro com uma bolsa e saíram dali, antes, jogando gasolina e fogo no local para ter certeza que tinha morrido.

Sana então, fez uma coisa arriscada, mas fez por seu pai: entrou naquele ferro-velho e tentou pegar a garota. Em vão. Em seguida, arrastou seu corpo até perto da grade, e a pegou no colo, saindo dali. Discou o número da ambulância e que chegou, alguns minutos depois

***

[Uma semana depois...]

17:34 da tarde. O relógio no alto da parede clara do quarto em que Dahyun estava, soava um "tic tac" insuportável na opinião de Sana, que estava na poltrona branca ao lado esquerdo da cama. Tofu estava deitada ali, respirando por ajuda de aparelhos. Milhares de pequenos aparelhinhos cobriam o corpo da garota, alguns medindo sua pressão constantemente, outros, aplicando remédios prescritos por médicos. A menininha, que estava em companhia dela, afagava a mão da garota, praticamente rezando para ela acordar e se lembrar quem tinha atirado nela. Mas Travis, o médico de Dubu, e noivo de Sana disse que a probabilidade da garota não se lembrar de nada era certa.

E ela mesma pedia, fitando a garota, que por favor acordasse. Ela sussurrava milhares de vezes coisas como "me ajude". Era o que mais precisava.

Travis surgiu na porta, e pediu para que a mais velha o acompanhasse. Se levantou e saiu, indo até ele.

-Sana, não podemos mante-la aqui.

Minatozaki sentiu seu coração gelar por um tempo. Travis suspirou, abaixando sua cabeça e sua visão ao chão. E balançou sua cabeça em negação seguidas vezes.

-Ela não reage, e não tem nenhum tipo de "plano de saúde" -Ele fez aspas com os dedos, indicando ironia-
-Mas...eu preciso dela aqui. Ela pode saber quem matou meu pai...

Sussurrou, com uma voz trêmula, como se implorasse em lágrimas que a deixasse ficar. Mas já não estava mais nas mãos de Travis. Ele suspirou mais uma vez, e então, depois de alguns segundos, parecia dar finalmente algum tipo de conselho:

-Pode ficar se pagarem mais um tempo, mas se ela não reagir em uma semana, não podemos fazer mais nada que leva-la para uma casa de repouso. Estamos nos EUA. As coisas funcionam assim aqui...

Murmurou, passando sua mão pela testa da garota, afastando seus cabelos. Em seguida, ele sorriu, se aproximando, deixando um abraço apertado nela. Fazia uma semana que DaHyun estava praticamente de coma após a cirurgia arriscada que tinham feito na garota para retirar a bala. O caso era sério. Por isso foi transferida para o Hospital Liberty dos EUA, que era o melhor do país. Travis mesmo tinha feito a cirurgia, e viu como uma oportunidade para Sana ficar com ele por mais alguns dias, já que eles namoravam a 3 anos, e apesar de sempre um visitar o outro, nunca ficavam tanto tempo. Agora, Sana esperaria a garota se recuperar no país, e eles ficariam juntos. Até DaHyun acordar, pelo menos.

Os dois ficaram abraçados até uma enfermeira chamar pelo "Dr.Parker". Sana deixou um beijo na bochecha dela, e o deixou ir. Em seguida, D.O apareceu, vindo do quarto. Parecia animado, mas um pouco assustado também.

-Rápido Sana! -Ele a chamou, pegando em seu pulso, a puxando para o quarto com um sorriso pálido no rosto.- Ela acordou.

HISTORY - SaiDaOnde histórias criam vida. Descubra agora