Capítulo Nove - Às vezes, simplesmente acontece... [continuação]

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E naquele instante, a pequena garota sentiu seu coração acelarar. As fotos anexadas as mensagens, fizeram um sentimento de culpa, remorso, e tristeza revirar na cabeça de DaHyun. Não sabia como, muito menos o por quê de alguém querer fazer tão mal a eles, mas tinha certeza de uma coisa: entragaria o dinheiro.
Era o que menos importava agora. Dinheiro ela poderia arrumar mais, depois que resgatasse Siwon. Ela o queria vivo, e melhor: ao seu lado.

Isso é o melhor para si mesma, DaHyun. Por favor, não desista dele. Siwon te ama.

Algo sussurrava isso em seu ouvido mas ela se perguntava muitas vezes se era de Siwon que falava. Por final, a garota cansou de ficar parada esperando que alguma coisa finalmente acontecesse, e foi lá para fora, onde todos estavam. A garota escutou alguns sussurros das companheiras, que perguntavam onde eles estavam. E ali, debaixo daquele feixe de luz acinzentado da própria entrada da casa, ela respondeu diretamente esses sussurros, em voz alta, clara, e firme. Porém triste.

-Siwon foi sequestrado. Ele e Hea.

Aquelas palavras foram o bastante para paralisar a todos. Alguns ousaram se virar para ela, erguendo suas sobrancelhas como se não acreditassem no que havia dito.

-Como é? –Mina sussurrou outra vez–
-Eles estão mortos? –Tzuyu foi direta às suas provocações contra eles.–
-Não. Eles...estão machucados. Sequestraram não muito longe daqui, me mandaram a localização.

Mais silêncio. Naquele momento, a morena escutava apenas o som melancólico de alguns latidos de cachorros nas casas próximas. Era madrugada. Se esses barulhos não passassem um ar amedrontador, DaHyun não tinha palavras para descreve-los de outro modo.

E então, Tzuyu interveio, dando seguidos passos lentos até o deque onde ela estava.

-Não pode ir sozinha.
-É óbvio que vou. Isso é algo a se tratar apenas comigo, Tzuyu.
A Maior juntou suas sobrancelhas, fazendo uma expressão brava.
-Eu vou com você! E se te atacarem? Se tentarem alguma coisa? Não vou me surpreender se isso for um plano daquela vadia.

A mais nova sussurrou suas últimas palavras, antes de se virar, cruzando seus braços enquanto fitava o chão molhado.

-Podem mesmo fazer isso, eu não vou mentir pra você Tzuyu...–Ela hesitou por um momento– mas quero que fique.
-Por quê?? Eu não entendo. Se eu estiver lá, poderia te ajudar, Dahyun. Você sabe que quero ajudar.
E um olhar triste tomou conta de seu rosto. Ela queria muito que Tofu a deixasse ir, mas a própria líder não tinha certeza sobre o que podia fazer. E isso não era nem um pouco normal para quem planejava tudo com antecedência, ou que sempre tinha um "plano b".
-Já está decidido, Tzuyu.
-Não vai me deixar ir?
-Não vou deixar você se machucar por mim.

Suas palavras ecoaram na cabeça da mais nova. Ela então, a encarou por um tempo, antes de desviar seu olhar e fazer que sim com sua cabeça.

-Por quê me ama?

Tzuyu sussurrou, com uma voz firme, porém triste.

Dubu entre abriu sua boca para responde-la, mas logo a fechou de novo, sem saber o que dizer. Precisava organizar as palavras com muita atenção. Então esticou seu braço direito deixando sua mão no pulso da mais nova. A puxou para dentro, até o seu quarto.

-Porquê te amo.

Tzuyu então ficou paralidada ao escutar suas palavras. Mais silêncio por mais tempo. Foi então que ela negou com a cabeça como se quisesse voltar do transe que DaHyun impôs apenas ao falar aquilo.

-Arrume uma desculpa melhor. Você é capaz.
-Tzuyu, quero que me prometa uma coisa. –A menor hesitou por um momento, antes de prosseguir.– Não sei se já ouviu falar, mas acho que conhece a história de Kennedy Field, não conhece?
-De novo com isso DaHyun?
-Ele era líder do clã dos lobos. Era uma alcatéia, mas ele vivia dizendo "Clã". De qualquer maneira, Kennedy morreu, e deixou o clã para Jason seu melhor amigo, mas ele não conseguiu tocar a "alcatéia" pra frente como seu amigo.
-Você está lendo A menina submersa de mais, Tofu. –A garota brincou, rendendo um pálido sorriso da outra, que logo voltou ao foco.–
-O que quero que me prometa...é que vai ser diferente.
-Óbvio que será diferente. Porquê isso não vai acontecer com a gente.

DaHyun então a olhou, com compaixão, mas também, como se pedisse para levar o que falava a sério. O que fez a outra garota suspirar.

-Não vai acontecer, Dubu. Você não vai morrer.
-Não pode ter certeza.
-Não se não for com você. Me deixe ir.

Pela última vez, ela tentou insistir. Mas não podia deixar, e ela sabia disso. A líder pequenina apenas ficou observando a garota, que afagava sua pequena mãozinha. Ela a olhava com seriedade, como se pedisse apenas com aquele olhar para deixa-la ir. Para que não fosse sozinha. Para que não morresse em um chão sujo, em uma emboscada feita pela própria Hea-Gi.

Ainda no meio daquele silêncio "insuportável" –Tzuyu não via como descrever isso de outro modo– DaHyun simplesmente se levantou, andou até a porta, e quando chegou lá, se virou para a garota que estava cabisbaixa, com a mão estendida no lençol como se a garota estivesse ali. Tofu resfirou fundo mostrando a ela mais calma.

-Eu amo você Tzuyu. Mas por favor me prometa.

Aquela frase outra vez soou como uma dor em seu coração. Mas no final, a garota de cabelos roxos ergueu sua visão até a mais velha. Então, simplesmente murmurou:

-Eu prometo.

DaHyun aparentou estar feliz com o que disse, mas não era o que esperava.

-Não assim. Quero que me prometa de verdade.
-Tudo bem...–Ela engoliu em seco, desviando seu olhar para o chão. Não conseguia encarar a garotinha de cabelos cacheados.– Prometo fazer exatamente o que me pediu. Eu juro.
-Por mais que seja difícil?
-Por mais que seja difícil.
-Porque você me ama.
-Porquê amo você.

A líder então sorriu, sinceramente, com aquele sorriso tão perfeito e quadrático em seu rosto. Ela caminhou rapidamente até Tzuyu e em um toque rápido, se aproximou seu rosto ao dela, deixando um selar em seus lábios.
Quando se desfez, simplesmente pegou a chave que estava sobre o criado-mudo e foi até a porta novamente onde se virou para a menina sentada sobre a cama, que sorria de um jeito fraco.
E assim, se despediu dela.

-Adeus, Tzuyu.

Sussurrou com esperanças que ela não escutasse. Mas não foi o que aconteceu, porquê quando saiu do quarto a garota alta de cabelos lisos e roxos pela primeira vez respondeu a sua líder com uma voz triste.

-Adeus, DaHyun.

Suas palavras saíram do mesmo modo que suas lágrimas, que já escorriam por seu rosto. Queria proteger a garotinha de qualquer maneira, não importasse como. Mas era difícil simplesmente ignorar o que tinha prometido e ir atrás dela. Era muito difícil. Mas deixa-la morrer era ainda pior.

Na dúvida, Tzuyu acabou deixando as duas opções que tinha de lado e ficou o resto do dia sobre aquela cama, sem querer falar com ninguém. O pior ainda estava por vim quando Mina a chamou em seu quarto para descer até a sala. Nesse momento, já estava de tarde e passava na TV gigante daquele cômodo uma terrível notícia.

"Adolescente desaparecida pode ser líder de uma gangue civil. A garota tinha apenas 18 anos, e sua última marca foi esse rastro de sangue que é compatível com um corpo."

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