Capitulo Doze - Furos na minha história

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Kyungsoo se sentou animadamente sobre aquela poltrona e pegou na mão da pequenina. A garota, que já estava acordada, olhava para os lados sem entender o quê acontecia. Então sentiu uma mão sobre a sua. Dando apoio. E ela se sentiu tão bem com aquilo, que fechou seus olhos e deixou sua cabeça encostada sobre o travesseiro da maca.

Minutos depois mais duas pessoas aparecem. Ela não os conhecia, mas um homem alto, forte, com cabelos castanhos desgrenhados que usava um jaleco parecia ser seu médico. Dahyun então concentra seu olhar nele. Ela fica com seus olhos meio cerrados. Não sentia força o bastante para se manter acordada por tanto tempo, mas tentou o máximo que pôde.

Sana se aproximou também. E ao sentir a presença da garota, um estranho formigamento intercala em seu estômago. Ela fecha seus olhos, pedindo que a droga do aperto no coração passasse.

— Se sente melhor? — O homem pergunta. Ela repara: ele possui olhos levemente azuis, com pigmentos esverdeados.
Dahyun não responde.
— Sabe seu nome? — Sana pergunta, ficando de pé ao seu lado.
Novamente, silêncio.
— O quê aconteceu com ela, afinal? Não sabe nem o nome? — Kyung pergunta, olhando para Travis. O homem, que estava ajoelhado ao lado da garota, se levanta e anota algo em sua prancheta.
— Ela perdeu a memória.
— Como quer que eu saiba se estou bem então, porra?

A voz embargada da menina surpreende á todos, que a entreolha, esperançosos. Uma faísca se acende dentro do Sana, como se um cobertor fosse colocado em cima do seu coração. Como se quisesse dizer: espere. Você saberá o quê vai acontecer.

— Ela falou? — A morena sorri e se senta na poltrona, pegando em sua mão, que desaparecia dentro das mãos dela.
— Não sabemos ao certo quem você é, mas já chamei a polícia forense. — Travis reconforta, abaixando a prancheta para olha-la.
— E o quê sabem sobre mim, então?
— Que vai ficar sob vigia policial. Você foi baleada, e depois da cirurgia, ficou duas semanas em observação. Não existe mais qualquer risco de infecção, inflamação, inchaço ou qualquer desconforto físico na área baleada.

Dahyun fecha seus olhos por alguns segundos, antes de abri-los novamente.

— E vou ficar aqui? — Sua voz sai trêmula.
— Não. — Sana interfere, passando sua mão sobre a da garota, que meio cerra sua visão pela exaustão — Vai comigo. Vai ficar comigo, na minha casa.
— Não decidimos ainda. — Travis intervém, deixando a prancheta sobre uma mesa ali perto. Ele arma uma máscara em seu rosto e revisa a pulsação da garota, retira o soro e aplica um remédio líquido diretamente no canal que levava á sua veia. — Mas não se preocupe, assim que a polícia descobrir quem você é, vai te levar de volta pra sua família.
— Como ela vai saber se tem família?  — Kyungsoo pergunta.
— Vamos descobrir.
— Não quero arriscar. — Sana passa sua mão sobre o cabelo da garota e sorri. Seu sorriso atinge seus olhos, e Dahyun sente algo estranho acender-se. Como uma pequena faísca em seu peito. — Ela fica comigo. Falamos com os enfermeiros, e você vai receber alta em dois dias se descansar como deve.
— Mas...não fiquei aqui por...duas semanas? — Dahyun começava a sentir uma fraqueza. Sua boca se entreabria mas demorava milésimos de segundos para alguma palavra sair.
— Já dissemos, não se preocupe. Estamos com você, e está tudo bem. — Sana não parava de sorrir. Ela apertou a mão da garota, que apertou de volta. — Como se sente?
— Eu perdi minha memória, mas... — A visão de Dahyun oscilava, tendo dificuldades entre manter os olhos abertos ou não — sei que já tive...dias melhores.

Travis retira o resto do soro e aplica outro, escutando a conversa delas. O médico suspira e olha para Kyungsoo, fazendo um gesto para que saíssem da sala. E as deixassem á sós.

— Eu me chamo Minatozaki Sana. Aquele homem é seu médico, e vai cuidar de você. Se chama Travis Parker, e bom... — A garota olha pra sua mão, entrelaçada á de Dahyun. — Estamos noivos.
— Então...ele é seu médico.
O comentário faz a garota mais velha soltar uma risada nasal.
— Olha, você levou um tiro. Bem aqui. — Sana coloca sua mão um pouco acima do seio da garota, quase que em direção ao ombro — E dois na cintura. Mas você está bem.
— Estou... — Novamente, fechou os olhos — Mas não quero ficar em um lugar...que você não esteja nele... — Antes de abri-los novamente, Dahyun apertou a mão da garota — Por favor. Eu nem sei o quê é ter uma família...mas você é o mais perto que tenho disso...

Com pequenas palavras, aquela pequena garota já ganhou um espacinho no coração de Sana, que sorriu. Sua visão embaça e ela abaixa sua cabeça.

— Acha que...eu tinha uma família?

Ela ergue sua visão, sorri, e faz um esforço em pensar em uma resposta.

— Sim, eu acho.
— Já pensou...como seria se você...perdesse a memória?
— Não.
— Acho que também não. — Brincou novamente e despencou sua cabeça ao travesseiro. — Não quero...falar com a polícia...
— Por quê não?
— Eles me dão um...péssimo pressentimento.
— Estão aqui para zelar por sua segurança, e por seu passado.

E assim que Sana tombou sua cabeça para o lado, Dahyun viu aqueles olhos castanhos fixarem em si. Ela relembrou. Um pequeno momento, mas já era alguma coisa. Um vulto caindo, e na mão dela, um revólver. Uma poça de sangue se formando ao redor dele e algumas pessoas correndo. Seu coração se apertou ao ver uma garota de cabelos roxos chorando, como se uma desgraça tivesse acontecido.

Ergueu sua visão. Sana continuava a olhando daquele mesmo jeito, e algo em Dahyun dizia para ela se desesperar. Mas manteve a calma.

— E se...eu não gostar de quem eu era no meu passado?

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⏰ Última atualização: Jan 09, 2020 ⏰

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