Capítulo 6

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CAPÍTULO SEIS

O Land Rover de Sebastian atravessou os portões que mantinham o restante do país do lado de fora das paredes do palácio, passando pelas ruas estreitas de paralelepípedos com extrema habilidade, parando aqui e ali para uma conversa ocasional pela janela do carro.

— Admiro a proximidade da família real com o seu povo — observou Ashton.

— Mas isso deixa a minha mãe louca. Ela prefere manter uma certa distância majestosa deles, mas meu pai e eu gostamos demais desses contatos. Não conseguiríamos ser frios e distantes, mesmo que tentássemos.

O maior se debruçou para fora da janela e acenou para uma florista, comprou um lindo buquê de flores cor-de-rosa, amarradas por uma fita, e o entregou a Ashton.

Agora ele também lhe dava flores?

— Cheire-as.

Ashton teve vontade de rir. Era típico dele lhe dar flores e então ordenar para que as cheirasse. Ele enterrou o nariz nas pétalas macias.

— Humm. Elas têm cheiro de mel.

— Sim, o mel de Cáspia tem esse cheiro e é o mais delicioso do mundo.

— É claro que sim — disse Ashton sorrindo. — Há algo em Cáspia que não seja o melhor do mundo?

Sebastian se virou para ele e lhe lançou um olhar incrédulo.

— Você passou um dia aqui. Com certeza já conhece a resposta. — Ele voltou a olhar para a frente. — Estamos indo para o lugar onde estas flores nascem, nas fendas frias e sombrias de nossas montanhas.

— Deixe-me adivinhar. São as montanhas mais lindas do mundo, não são?

Sebastian continuou olhando em frente.

— Você está pegando o espírito da coisa.

O Land Rover seguiu, subindo cada vez mais alto, rumo ao céu, aos solavancos, por uma pista estreita e não pavimentada. A grama e as flores selvagens foram ficando cada vez mais esparsas à medida que eles avançavam pelo terreno acidentado, passando por uma cabra ou outra que pastava.

Quando já parecia que iriam roçar as nuvens brancas com o capo do carro, Sebastian freou, levantando uma nuvem de poeira.

— Saia do carro.

Ashton obedeceu. Foi um belo salto sobre a argila. Ele escorregou, mas logo conseguiu se firmar sobre o penhasco que eles haviam subido. Estava prestes a fazer uma brincadeira do tipo "onde fica o pavilhão real?", quando olhou para cima e a visão o deixou sem palavras.

A montanha se estendia a partir dos pés dele, descendo numa cascata de pedra, grama e flores ainda brilhante sob a luz do pôr do sol. Havia uma ampla planície de campinas ao final do íngreme declive, e então, mais uma vez, a terra descia em direção à cidade, onde os telhados vermelhos de argila das antigas construções abraçavam a encosta como faziam com o porto.

— Nós estamos a seiscentos metros acima do nível do mar.

Lá embaixo, o oceano se agitava e cintilava ao sabor do sol que já partia. Ashton conseguiu avistar os pontos coloridos e brilhantes dos barcos pesqueiros que retornavam ao porto e dos outros embarcando para a pescaria noturna.

A fumaça subia das chaminés, certamente com o rico aroma da deliciosa comida de Cáspia.

Tudo era tão lindo que Ashton quase perdeu o fôlego.

— Agora você realmente viu Cáspia. Esta é toda a nossa nação.

A voz profunda de Sebastian desviou a atenção da vista. A emoção e o orgulho estavam estampados no rosto dele.

O príncipe de CáspiaOnde histórias criam vida. Descubra agora