O "Passado" Presente

Capítulo 12

Oliver:

Estou a caminho de casa e não sei porquê, mas sinto um aperto no coração, é uma sensação estranha, talvez seja só preocupação, pelo facto de tê-la deixado sozinha à espera do táxi.

Eu só espero que esta sensação passe, porque é quase sufocante. Continuo a dirigir até o meu telemóvel começar a tocar, pego nele e vejo Anne na tela, do nada o meu coração dispara, algo aconteceu, nunca me senti assim, antes de atender encosto o carro e atendo.

- Estou?

- Estou? Fala o Oliver?  - Pergunta uma voz trêmula e embargada, isto não é um bom sinal.

- Sim, sou eu. Onde está a Anne? Quem está a falar? - Pergunto receoso e um pouco nervoso.

- Ah...é que..ai meu deus..desculpe, a moça ela, ela, ela é um anjo, eu lamento - ela chora, está muito nervosa, estou com uma dor imensa no coração, algo aconteceu. Sem me dar conta já uma lágrima cai do meu rosto - ela salvou-me eu saí para pedir ajuda, quando voltei, ele já, ele já quase havia acabado com ela, desculpe, eu demorei para pedir ajuda, ela está muito mal, venha ter ao hospital St.Louis...eu lamento muito...

Eu já não ouvia mais nada, parece que o mundo parou, estou em choque, eu não quero acreditar, eu não posso crer...

O único pensamento era o hospital, o hospital, eu tenho que ir até lá, ela vai estar bem, ela tem que estar.

Demoro vinte minutos até chegar ao hospital, estou muito nervoso, ela nestes dois anos virou uma irmã para mim, eu tenho o dever, sinto-me na obrigação de a proteger, estou a sentir-me culpado, eu não deveria tê-la deixado sozinha. Que porra!

Entro no hospital apressado, vou até à recepção.

- Queria ver a paciente Anne Blake, ela entrou aqui no hospital faz uns 15 minutos mais ou menos. - Digo tremendo.

A recepcionista olha-me com pena, eu fico ainda mais nervoso, eu espero o pior...

- Ah, a paciente deu entrada no hospital muito mal, neste momento está em cirurgia, é melhor ir para a sala de espera e aguardar informações do médico, lamento. - Diz olhando-me com pena.

Eu não acredito que ela está em cirurgia, foi assim tão grave? Meu deus, eu não posso perdê-la!

Sigo até à sala de espera, entro e vejo lá uma mulher a falar com alguns policias, isso logo me alertou, será que eles estão aqui por causa da Anne? A mulher está a chorar, as roupas então rasgadas, será que a mulher é a mesma que ligou para mim do telemóvel dela?

Eles reparam a minha presença, e logo a mulher vem ao meu encontro.

- Desculpe, eu posso estar errada, mas você é o Oliver Stewart?  - Pergunta com receio.

- Sim porquê?

- Fui eu que falei consigo pelo telemóvel da moça.  - Diz e uma lágrima cai de seu resto. Agora sim tenho a certeza de que ela está aqui por causa da Anne, o que aconteceu meu deus?

- Anne, o nome dela é Anne Blake. O aconteceu afinal? - Ela olha-me com certo receio, vergonha. Aponta-me o sofá no canto da sala, sentamo-nos. Ela olha-me com nervosismo.

- Bom, eu tinha saído da escola de dança, e para ir para a minha casa eu tenho que pasar por um beco escuro, eu sempre tenho medo de passar por lá, tenho outro caminho mas é mais longe, e como estava com pressa, tive que passar por lá...foi quando tudo aconteceu, um homem estranho estava lá ele olhava-me de maneira estranha, eu acelerei o passo, mas ele veio atrás de mim, eu gritei, pedi ajuda, mas ninguém aparecia...eu estava totalmente chocada, estava assustada, eu sabia que ele ia me fazer mal...quando ele começou a rasgar-me as roupas, a passar as mãos no meu corpo, uma voz tinha chamado a nossa atenção...era ela ...o meu anjo, ela pediu para ele parar, mas ele não parava, daí ele deu-me mais um murro e largou-me, eu corri e saí para procurar ajuda, quando voltei..ela..ela estava no chão num estado muito mau, chamei a polícia, depois fui ao telemóvel dela, vi que o último registro eras tu neste caso, liguei-te e pronto, ela entrou em cirurgia, e agora falta saber se ela vai sair dessa.. - Ela acabou de falar e desabou em lágrimas, eu também estava com o rosto cheio de lágrimas. Eu não acredito que ela passou por aquilo tudo, aquele filho da mãe vai pagar, ele tem que pagar pelo que fez.