Chego a casa e nada falo. Os meus pensamentos estão todos na Califórnia, onde ela está. Desde o telefonema à meia hora atrás, não consigo encontrar uma resposta, uma decisão. Simplesmente não sei o que fazer.
Sinto-me como se estivesse contra a parede, sinto-me sob pressão. Não gosto disto. Um aperto no peito que não me larga.
Sento-me no sofá, à espera da Maya, ela já deve estar a chegar. Depois que a minha mãe ligou não trocamos nenhuma palavra e eu espero que ela venha direto do restaurante para aqui. Preciso de ajuda. Além de namorada ela é minha amiga. Ambos sabíamos onde nos estávamos a meter quando começamos a namorar. Mas pensar que ela um dia acordaria estava fora de opção, já não tinha esperança, não depois do ataque cardíaco que ela teve. Piorou o seu estado.
Ouço o trinque da porta e olho para ela de imediato, Maya aparece na entrada, entra e tranca a porta. Olha para mim é dá um sorriso terno. Mas um sorriso contido.
Vem em direção ao sofá e senta-se em frente a mim. Olhamos um para o outro, sem saber como começar. Ela suspira e olha para baixo.
- O que é que vais fazer agora? - Pergunta ao fim de alguns minutos em silêncio. Ergue a cabeça e olha-me.
- A verdade é que não sei. Não sei o que fazer, e isso deixa-me frustado! - Passo a mão no cabelo irritado.
- Tens que decidir Dylan. Tudo o que tu mais querias aconteceu, o que é que te faz ficar aqui?
Olho para ela confuso.
- Tu estás a dizer para eu ir ter com ela? E tu? Nós? Eu não posso fazer isso contigo.
Ela dá um sorriso triste.
- Dylan, por mais que tentasses tu nunca conseguiste amar-me. Nós tínhamos consciência que isto podia acontecer, eu tinha consciência que tu nunca a poderias esquecer. Dylan eu quero a tua felicidade, acima de tudo, nós somos amigos, eu quero o teu bem, e tu não és feliz aqui, em Londres, o teu coração está na Califórnia agora e é para lá que deves ir, deves ir buscar a tua felicidade. Não penses que isto não me custa, porque custa, eu gosto de ti, mas também sei que ao meu lado nunca estarias completo por todo. Não é aqui o teu lugar, eu não vou ser egoísta e dizer para tu ficares comigo para sempre, não, o que eu vou fazer é dizer para tu ires atrás dela e seres feliz! - Ela toca na minha mão e dá-me um sorriso sincero. Vou até ela e abraço-a.
- Não sei nem como te agradecer pelas tuas palavras, quero que saibas que és muito importante para mim, és uma pessoa incrível que merece ser amada como nunca foste, eu não sou esse homem, nós sabemos, mas no dia que tu o encontrares ele será um cara de sorte. Obrigada por este tempo, pela nossa amizade, jamais me irei esquecer! - Dou-lhe um beijo na bochecha.
- Obrigada por tudo também. Agora como é que vais fazer, para a conquistares?
Suspiro.
- A verdade é que não faço a mínima, ela nem deve me reconhecer. - Olho triste para ela.
Ela sorri.
- Não penses assim, tenho a certeza que ela vai cair de amores por ti, é só reagires de coração com ela, seres tu próprio. A pessoas simpática e amável que és, sempre pronto a ajudar os outros, ela vai apaixonar-se logo.
Dá-me um encontrão no ombros e rimos os dois.
- Espero que sim.
- Vou ter saudades! - Ela diz triste e logo uma lágrima escorre pelo seu rosto.
Dói-me vê-la assim.
- Vou morrer de saudades também, prometemos ligar um para o outro sempre, tudo bem? - Limpo a lágrima dela.
- Nada de perder o contacto.
- Nada disso.
Concordamos os dois e abraçamo-nos.
Naquela noite fartamo-nos de ver filmes e comermos porcarias.
Dormimos no mesmo quarto, mas como amigos.
Como bons amigos.
Uma amizade que eu não pretendo perder nunca.
Vou sentir falta, mas o meu destino e o meu coração está na Califórnia.
É para lá que eu vou, tentar de tudo para tê-la comigo! Se não conseguir estarei perdido, como nunca!
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O "Passado" Presente
RomanceAnne Blake é uma rapariga com 19 anos que mesmo ao fim de 3 anos ainda têm tido aqueles pesadelos horríveis sobre acontecimentos que marcaram a sua adolescência com 16 anos. Ela não consegue seguir em frente com aquele passado ainda presente, mas...