Capítulo 19

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Levanto-me mais uma vez afim de visitá-la como todos os santos dias desde que cheguei, à dois anos..

Ela ainda não acordou e eu sinceramente já não tenho mais esperanças que ela um dia venha acordar.

O Maison não queria deixar-me aqui sozinha, mas como se ele não voltasse poderia perder o trabalho e isso, eu jamais permitiria, então ele só ficou aqui comigo meio ano, e depois eu praticamente implorei para ele voltar. Foi difícil ficar sem ele, mas ainda bem que tinha o apoio dos meus pais, eles não voltará porque não quiseram me deixar só, e eu agradeço isso.

E agora vamos à parte em que mais me surpreendeu. O Dylan foi embora, passado uma semana desde o dia em que recebemos a notícia do ataque cardíaco que ela teve, ele tomou essa decisão, uma semana foi o tempo em que ele pôde procurar um sítio onde quisesse começar uma vida nova, um apartamento e pronto, partiu. Despedimo-nos todos dele no aeroporto, e lá de foi.

A explicação que ele nos deus foi que já estava farto de sofrer, que ela pode nunca vir a acordar e ele não pode continuar no escuro. Por acaso eu até o compreendo, mas mudar de país é um pouco radical não?

Espero que ele seja feliz e que encontre uma pessoa que goste dele e que o ame acima de tudo, eu sei que ele já tentou e não conseguiu mas espero que desta vez ele consiga ultrapassa isto.

Nós acabamos por alugar um apartamento, porque estando no hotel seria desnecessário.

Todas as manhãs o Maison liga-me a querer saber de mim e como eu estava, passávamos horas a falar e a saudade aumenta sempre, apesar de ele vir me visitar todos os fins de semana, é um bocado duro mesmo assim.

Chego ao hospital, hoje vim sozinha, os meus pais foram a uma excursão de dois dias, eles já fizeram aqui muitos amigos, são todos muito simpáticos, então quando surgiu esse convite, eles decidiram ir, apesar de no início eles não terem gostado, porque iam me deixar sozinha, mas eu convenci-os que ia ficar bem, então decidiram ir.

Passo na recepção para pegar o cartão de visitas e vou direta para o quarto dela.

Geralmente fico umas duas horas ao lado dela, porque depois ainda tenho que passar na instituição em que faço voluntariado, gosto de estar a interagem com crianças que têm cancro, é triste vê-las assim, mas gosto de ajudar, elas são um amor, e dói-me ver o sofrimento por que passam todos os dias..

Quando estou a chegar, vejo uma confusão de enfermeiras e médicos a entrar e sair do quarto, fico preocupada, não sei o que está a acontecer e tenho medo que ela não tenha aguentado..

Apresso-me e logo uma enfermeira vem ter comigo a impedir-me de entrar..

- Por favor eu preciso entrar, eu preciso de saber o que aconteceu!! - Imploro chorando.

Ela olha-me com uma cara triste.

- Lamento, mas não posso deixá-la entrar, ainda não sabemos ao certo o que aconteceu, deixe nos fazer o nosso trabalho. Eu sei o quanto ela é importante para si, pois não saiu da beira dela durante estes dois anos, mas tem que se acalmar por favor! - Ela olha-me com ternura.

- Mas eu só quero saber o que ela tem! Por favor eu preciso de saber! - Imploro.

- Ainda não sei de nada, quando eu tiver notícias eu virei aqui avisa-la, mas por enquanto peço que se acalme ou terei que chamar os seguranças.

Suspiro e aceno com a cabeça.

- Obrigada!

Ela assente e vira -se entrando no quarto.

Vou em direção à sala de espera com o coração a bater a mil, sentei-me numa das cadeiras, e olho para a frente, para o nada!

Estou muito nervosa, eles foram chamados ao quarto então quer dizer que não é coisa boa, estavam muitos médicos e enfermeiros, deve ser grave, e imaginar isso só me desespera ainda mais!

Não consigo me manter calma, é impossível, tanta coisa na minha cabeça..

Não quero avisar os meus pais, sei que eles vão querer voltar, e não quero isso, eles têm que se divertir, não vou causar-lhes angústia e preocupação.

Também não vou ligar para o Scott, o irmão da Anne, ele deve estar com a família, ainda é cedo. Não quero preocupa-lo, não para já!

Depois de meia hora de espera, já eu andava de um lado para o outro, à espera que me dissessem alguma coisa, mas que droga, onde está aquela enfermeira que disse que me avisava!

Vejo ao fim do corredor, ela vir com um ar que não me dizia nada, fico logo a tremer e as lágrimas vêem sem aviso.

Aproximo-me dela quando ela para à minha frente. Não diz nada e fico mais desesperada ainda!

- E então? - Pergunto com medo.

Ela olha-me e vejo a emoção nos seus olhos.

A partir deste momento o meu mundo para, ela morreu, ela morreu!!

Choro compulsivamente! As pessoa à volta olham-me com pena, mas eu só tenho olhos para a enfermeira à minha frente, que ainda não esboçou nenhuma reação.

Finalmente ela reage, e abraça-me. Agora eu tenho a certeza, ela não aguentou, ela morreu, ela se foi!! Não é possível!!

Afasto-me dela com certa pressa. Olha para ela!

- Fale alguma coisa! Não fique só a olhar para mim! Dê-me notícias! Fale! - Desespero-me e acabo falando um pouco alto de mais.

Ela não se assusta, apenas assente.

- Certo, desculpe, é que fiquei emocionada. Acredito que a coisa que você mais quer acabou de acontecer à meia hora atrás.

Ela sorri e eu não consigo falar nem nada.

Ela está a brincar só pode.

- Vá lá, ela acordou, acordou finalmente!

Diz ele feliz.

ELA ACORDOU?

É ISSO MESMO?

EU OUVI DIREITO?

ELA FINALMENTE ACORDOU?

Corro o mais que posso até ao quarto dela, ainda não consigo acreditar. Só quando vir com os meus próprios olhos!

Toco a maçaneta da porta, abro com rapidez, e ando até à cama!

Paro em fentre e não consigo parar de chorar.

- Anne!

Digo para ele.

Ela olha-me emocionada.

- Ch.. Chloé! - Diz com dificuldade.

Não aguento é tanta emoção que não cabe no meu coração!

Vou até ela e a abraço, choramos as duas, pedindo desculpas uma à outra!

Parece que é um sonho! Ela realmente está aqui comigo, acordada, finalmente, finalmente deus!!

O "Passado" PresenteOnde histórias criam vida. Descubra agora