Prefácio

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E lá estava ele, perfurando a minha alma com a sua floresta, quebrando qualquer janela, desvendando qualquer segredo que reste em mim. Lá estava ele, com o seu olhar duro, frio e desprovido de qualquer sentimento alguma ver criado.

As suas íris queimavam todo o meu interior e eu pedia a todas as fibras do meu ser para essa chama se manter apenas e só dentro de mim, esperando pacientemente para o ser diante de mim não ser conhecedor do efeito que causa no meu corpo apenas com um olhar.

E foi então que, em algum momento durante esta intensa troca de olhares que me esforçava em manter que o menos esperado aconteceu, um ligeiro, quase impercetível sorriso surgiu no canto esquerdo dos seus carnudos lábios avermelhados devido ao frio, mostrando a sua incrível e peculiar beleza.

Então, no meio desta troca de palavras que as vozes nunca partilharam, no meio de queda dos flocos de neve em nossos cabelos e corpos e no meio do frio e impiedoso inverno que um calor cresceu em mim. Os meus olhos abriram, quase saltando das suas órbitas e a minha boca seguiu o mesmo exemplo, não devido ao calor que aquele ser imponente emanava, mas sim pela firmeza com que proferiu a sua seguinte palavra apenas com movimentos labiais.

"Minha"

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