VII

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O alto rapaz já fez pelo menos quatro viagens a casa e voltou com os objetos misteriosos por debaixo dos braços de cada vez que se dirigia de novo ao carro que possuía. Kang em nenhum momento me dirigiu uma palavra, muito menos um olhar e o facto de ser ignorada por ele não me agrada nem um pouco.

O silêncio preenchia todo o espaço que nos envolvia e o ambiente estava notoriamente tenso. Por vezes o rapaz de cabelos rebeldes por pouco não deixava cair um dos objetos e um suspiro de alívio deixava a sua boca de cada vez que impedia o encontro do objeto com o chão.

Um grunhido de frustração abandona os meus lábios, não acredito que a pessoa diante de mim não me está a dar qualquer tipo de atenção, estou parada no mesmo sítio pelo menos à uns vinte minutos.

A falta de atenção por parte do rapaz faz a minha mente viajar até ao dia em que o vi pela primeira vez. Kang também não mostrava qualquer interesse na minha pessoa uma vez que se encontrava demasiado ocupado a enviar mensagens a um tal de Petrovick.

Assim que esse nome soa no meio dos meus rebeldes pensamentos uma espécie de luz forma-se no meio do meu interior coberto de escuridão devido à minha falta de conhecimentos no que toca ao rapaz que agora está a cuidadosamente pousar os largos objetos na mala do carro.

Petrovick, era com esse homem que Kang estava a conversar ao telemóvel na noite em que quase me estrangulou. Recordo-me que o rapaz de olhos cintilantes pedia a Petrovick mais tempo e prometia que iria voltar. Mas voltar para onde? Mais tempo para quê?

A minha cabeça, bem como o meu cérebro estão prestes a explodir devido à curiosidade que me corrói a cada dia que passa.

Para não bastar os mistérios que já envolvem o rapaz, ele ainda transporta objetos desconhecidos e cobertos de plástico opaco para a mala do carro, será que isto pode ficar ainda mais estranho? Os meus pensamentos são interrompidos com o enorme som da mala do impala a bater fortemente. Tenho a certeza de que não era necessária tanta força para fechar a mala do carro, o que me leva a pensar que Kang está irritado com algo ou alguém, porém, mais uma vez, quando é que este rapaz não está revoltado com o mundo?

Observo-a a andar em direção à porta do condutor do carro e abrir a mesma com uma força excessiva, de verdade que ele se vai embora sem ao menos me dirigir uma palavra?

"Não te vais dignar a, ao menos, me dares um olhar ou até mesmo uma palavra?" Interroguei frustrada com toda esta indiferença em minha direção.

Da última vez que nos vimos, eu e o rapaz de cabelos agora despenteados conseguimos entender-nos contudo uma parte de mim sabia que essa façanha não se iria repetir de novo. Kang é quase uma pessoa bipolar e eu não suporto isso, não sei como lidar com as suas constantes mudanças de humor porém quero tentar percebê-lo e vim aqui de propósito ter com ele para esclarecer-mos as coisas.

Kang parou os seus movimentos e fechou a porta do carro de forma raivosa, mas em nenhum momento o rapaz se dignou a virar e encarar-me.

"O que queres agora, Nix? Estou um pouco ocupado para aturar os teus dramas." Declarou o mais velho e pude imaginar um revirar de olhos por parte do rapaz que se encontrava de costas para mim.

"Eu não faço dramas, Kang. Apenas te tento entender, o que não é tarefa fácil uma vez que tens mudanças constantes de humor." Um revirar de olhos acompanhou as minhas irónicas palavras.

"Tentas porque queres, Nix. Ninguém te obrigou a nada e muito menos te pedi que o fizesses, na realidade pedi exatamente o contrário, pedi que te afastasses. Agora não te queixes, até porque estás aqui por vontade própria, diz de uma vez o que queres para eu me ir embora." Reclamou frustrado, mas não mais do que eu.

Art ♤Kang Daniel Fanfiction♤Onde histórias criam vida. Descubra agora